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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
A apresentação das Linhas de Acção Governativa traz sempre momentos hilariantes. Aquela espécie de apelo pungente aos residentes para se fixarem em Hengqin, na Zona de Cooperação Aprofundada, foi um deles.
Dizia o Chefe do Executivo que no futuro os residentes de Macau poderão ir viver para o outro lado porque ali serão aplicadas as políticas locais em matéria de velhice, educação e saúde. Anunciou ainda que os futuros residentes no bairro de Macau poderão contratar empregadas domésticas em Macau, que depois serão autorizadas a trabalhar na Zona de Cooperação Aprofundada. Até aqui tudo bem.
A cereja no topo do bolo foi quando referiu que uma das razões para os residentes irem viver para Hengqin é que aí poderão ter acesso à Internet sem necessidade de usar um VPN.
Ora bem. Nada como ser directo.
Se, como referia há uns meses um jornal local, "a utilização de VPN [rede virtual privada] no Interior permite aceder aos sites bloqueados pelo Governo Central", podendo a sua utilização conduzir à aplicação de sanções criminais, pareceu-me um pouco patusca essa forma de tentar convencer a população a mudar-se para Hengqin.
Que diabo, mas propor aos residentes de Macau um incentivo que consiste em ter acesso livre a um produto controlado, olhado com desconfiança pelo Governo Central, e nalguns casos proibido, pareceu-me, no mínimo, uma proposta susceptível de colocar em risco e dificilmente conciliável com a nossa prioridade da segurança nacional.
A não ser que nas aulas de educação patriótica digam aos alunos que se forem morar para Hengqin não deverão usar VPN, fazendo do fruto proibido o mais apetecido.