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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Enquanto em Macau no pasa nada, seguindo o rebanho tranquilo e contente, ali ao lado, em Hong Kong, começam a ser muitas as vozes críticas relativamente à gestão da pandemia e à obrigatoriedade de se fazerem 21 dias de quarentena.
Quanto a este ponto, um texto no South China Morning Post, que mereceu a minha atenção, sublinhava o facto de um conselheiro do Governo de Hong Kong (Professor David Hui Shu-Cheon) se ter atrevido a aventar a hipótese do período de quarentena, que está fixado em 21 dias, poder ser aumentado para 28 dias.
Ao mesmo tempo, um seu colega, Albert Au Ka-wing, médico e o principal epidemiologista responsável pelo Centre for Health Protection de Hong Kong, terá chamado a atenção para o facto de não serem conhecidos períodos de incubação do vírus superiores aos 14 dias, o que colocaria em causa a necessidade de se fazerem quarentenas de 21 e mais dias, devendo as pessoas serem testadas e "libertadas" do cativeiro no final das duas semanas.
E se do ponto de vista científico são questionáveis as razões para quarentenas tão prolongadas, coisa que em Macau ainda não vi nem ouvi ninguém questionar, também se verifica que mesmo nos países ou regiões em que a COVID-19 foi mais bem controlada não se impuseram quarentenas com tal extensão.
As razões para que a situação continue estagnada entre nós são cada vez menos razoáveis de um ponto de vista económico, social e sanitário quando é a própria Secretary for Food and Health do Governo de Hong Kong, Professora Sophia Chan, que expressamente diz ao Legislative Council, na sequência de uma questão colocada por Holden Chow, que o executivo de que faz parte está empenhado em alargar o programa Return2hk Scheme a partir de meados de Maio para os residentes de Hong Kong e Macau sem sujeição a quarentenas compulsórias e desde que preenchidos alguns requisitos.
Enquanto não se sabe quais são esses requisitos, seria interessante perguntar ao Governo da RAEM até quando pretende prolongar a actual situação para quarentenas de 21 dias, cujas razões para a sua manutenção se afiguram cada vez menos cientificamente justificáveis à medida que avança o programa de vacinação, o qual só não evolui mais depressa porque os Serviços de Saúde e o Governo da RAEM não conseguem convencer a população a vacinar-se.
Uma vergonha porque além do mais as vacinas são um bem escasso e que escasseia em quase todo o mundo, pelo que não se compreende qual a dificuldade em motivar a população e acelerar o programa de vacinação.
Este último ponto coloca uma outra questão: se o Governo da RAEM não consegue convencer os residentes de Macau a fazerem uma coisa tão básica e fundamental para a sua própria saúde, bem-estar e melhoria da sua vida colectiva, como seja levá-los a voluntariamente vacinarem-se numa situação de pandemia, então como conseguirá convencer a população de alguma coisa quando em causa estiverem decisões e medidas que não afectem directamente um bem tão precioso como é a sua saúde?
No lugar do Chefe do Executivo, dos membros do governo ou na pele de alguns deputados, eu estaria muito preocupado.