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lavrov

por Sérgio de Almeida Correia, em 18.04.23

Ukraine.jpg(foto Reuters, daqui)

Para um diplomata que em anos recentes atingiu o seu estatuto, ver-se agora remetido a palcos de segundo nível, onde se riem na sua cara do que diz, como sucedeu na Índia, e a digressões por capitais de estados semi-párias – Venezuela, Cuba, Nicarágua – cuja reputação foi consolidada nos últimos anos pela miséria que levou aos seus próprios povos, pela corrupção das oligarquias políticas, pelas perseguições aos opositores e pelas constantes violações dos direitos humanos, não deve ser fácil.

É verdade que o Brasil não faz parte desse grupo de estados, e esperemos que não volte a fazer, mas o modo como tem tratado a questão ucraniana não abona nada a seu favor, nem dos inquilinos do Planalto e do Itamaraty. Depois de Bolsonaro esperava-se muito mais de Lula. Todavia, bastaram três meses para se perceber que este parece estar mais apostado em dar razão aos seus críticos e em prosseguir com o circo bolsonarista na cena internacional do que em projectar o Brasil para outro patamar.

Não se percebe como quer Lavrov uma solução "duradoura e imediata" do conflito ucraniano sem que o bípede do Kremlin ordene a cessação das hostilidades e a retirada das forças de ocupação – o exército russo e os bandidos cechenos de Kadyrov e do Grupo Wagner –, que há mais de um ano espalham a morte e a miséria em terra alheia. O pragmatismo, até agora, traduziu-se em milhares de mortos, uma destruição sem fim e um aumento do poderia da OTAN junto às fronteiras russas.  

Nunca poderá haver uma cessação do conflito ucraniano, nem uma paz duradoura, sem que que a Rússia volte a respeitar o direito internacional.

A ordem mundial que esteve na génese da Conferência de S. Francisco e da aprovação da Carta das Nações Unidas está em farrapos, concordarão todos. 

Porém, não será por isso que a intolerância, o abuso e a mentira farão o seu caminho, ainda que para tal contassem com a preciosa ajuda brasileira, na ânsia de vender amendoins e picolés, e as coniventes e ambíguas posições da diplomacia de Pequim, de quem até hoje não se ouviu um apelo convincente e firme dirigido ao invasor e ocupante russo de que deve retirar as suas tropas do território ucraniano para que seja possível encontrar-se uma solução negociada para o conflito.

Não é a violada que tem de ceder ao violador para que a violação se consuma sem resistência; é o violador que tem de ser chamado à razão. Mercenarismo e complacência com o crime organizado nunca deram bom resultado. O Brasil devia perceber isso.

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ucrânia

por Sérgio de Almeida Correia, em 27.02.23

Ukraine war in pictures: Destruction and loss as Russian invasion enters  ninth day | The Independent

(créditos: Independent)

Volvido um ano sobre o início da brutal "operação militar especial" russa na Ucrânia, nome atribuído a uma verdadeira declaração de guerra, invasão e destruição de um país soberano à luz da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional vigente; e com milhares de mortos, estropiados, desalojados e refugiados depois, eis que de quem ao longo dos anos se fez notar pela ambiguidade chegou um pretenso plano de paz para o conflito ucraniano.

Entretanto, também já passaram nove anos sobre a ocupação e anexação da Crimeia. Convém recordá-lo.

O que não se percebe de todo, para além do foguetório, é para que serve um "plano de paz" que não apresenta soluções e se limita a proclamações de circunstância, cuja vacuidade para colocar termo ao conflito e permitir o regresso à normalidade dos ucranianos é absolutamente notável.  

Por exemplo: dizer coisas como que a "soberania, a independência e a integridade territorial de todos os países devem ser efectivamente defendidas", ou que "todos os países, sejam grandes ou pequenos, fortes ou fracos, ricos ou pobres, são membros igualitários da comunidade internacional", ou, ainda, que "todas as partes devem defender conjuntamente as normas básicas que regem as relações internacionais e salvaguardar a justiça e a equidade internacionais", sem que se diga como se propõem alcançar esses objectivos no actual contexto de beligerância, é "conversa para boi dormir".

Pode servir para encher páginas de jornais, mover discussões académicas, mas em nada contribui para a solução do conflito.

E que assim é, basta ver a satisfação e a abertura dos papagaios do facínora Putin e dos terroristas iranianos para analisarem, no primeiro caso, e apoiarem, no segundo, um "plano de paz" com essas características.

Fica tudo dito sobre as suas virtualidades.

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