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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Saber se os pagamentos foram legais ou se ilegais não é uma questão de somenos. Mas no contexto da austeridade vivida em Portugal, que não começou ontem, com cortes a torto e a direito, reformas amputadas, e o "estado social" de pantanas, não deixa de ser curiosa a forma como alguns autarcas, profissionais da política no pior sentido e simples carreiristas, se foram "abotoando" com dinheiros públicos. Mesmo que os recebimentos tivessem sido legais, seria sempre eticamente duvidoso e moralmente criticável que autarcas a tempo inteiro, que por sê-lo já têm todo um conjunto de benesses que a maioria não alcança, ainda pudessem receber senhas de presença pagas com dinheiros públicos para participarem em reuniões às mesmas horas em que exercem as suas funções de autarcas. Vinte mil euros num ano é o que muitos, ainda que qualificados, não conseguem receber nesse mesmo período. Recebê-lo em senhas de presença, procurar depois justificar o que se recebeu comprando pareceres jurídicos, e acabar a subscrever o discurso da austeridade, diz bem, para usar uma expressão de Passos Coelho, de que matéria é feita "essa gente". A que nos governa.