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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Que fique bem claro. Um piquenique não é um "massacre".
(Catherine Henriette/Agence France-Presse — Getty Images)
Trinta anos depois promove-se a estratégia OBOR (One belt, One road) e a Grande Baía. Há sorrisos, brindes e fatos de bom corte em tecidos nobres. Tudo o que aconteceu em 4 de Junho se mantém escondido e silencioso. Em Hong Kong e Macau, outrora locais de abrigo e acolhimento de quem precisava, são poucos os que conhecem a história recente do País. Há jovens que desconhecem, inclusivamente, o passado anterior a 1997 e 1999 e a herança de outras administrações. Pensam que tudo foi sempre assim. A ignorância ajuda a manter o silêncio. Goza da cumplicidade dos poderosos. E tirando uma ou outra vigília, uma ou outra vela que se acende, os anos passam sem que se faça luz sobre o que aconteceu em 4 de Junho de 1989. A perpetuação da memória é a única forma de honrar os mortos e manter a chama acesa, mesmo sem quebra-vento que a proteja dos golpes que diariamente lhe são desferidos em nome do patriotismo e do desenvolvimento. A História pode ser escondida, manipulada, deturpada, omitida, ostracizada, vilipendiada, numa palavra ignorada. Só não se apaga.
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O exemplo só pode ser recordado ser for conhecido. 25 anos depois volta a ser 4 de Junho. Aqui no Delito também. E como para se conhecer e recordar é preciso antes preservar, em Hong Kong foi recentemente inaugurado um museu dedicado aos acontecimentos da Praça da Paz Celestial. Porque enquanto se espera pela verdade não convém ficar de braços cruzados. O silêncio pode ser sepulcral, mas a memória vive e reproduz-se através de actos concretos.