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mudar

por Sérgio de Almeida Correia, em 02.02.25

IMG_CDAE57657622-1.jpeg(créditos: Expresso)

Com o Governo de Luís Montenegro em velocidade de cruzeiro, cumprindo a sua gestão de “casos e casinhos” e protegendo os seus muitos emplastros, os portugueses preparam-se para os carnavais que aí vêm. Dos “genuínos”, espalhados por múltiplos pontos do país real, aos encenados, com as eleições autárquicas à cabeça e as presidenciais lá mais para a frente. Uma coisa é certa: com o Eça arrumado no Panteão Nacional não irão faltar motivos de interesse, folclore e animação. Os palhaços, as matrafonas, os arrumadores de malas, as charangas, os “senadores”, os candidatos às regionais de Março na Madeira, mais os das autarquias e o batalhão que se prepara para as presidenciais de Janeiro de 2026, não terão mãos a medir. Espero que, entretanto, a memória se mantenha viva e a vista do essencial não fique encoberta pelas roliças curvas das lulas que se preparam para desfilar sambando.

Enquanto Marques Mendes não apresenta a sua candidatura, o PS tenta libertar-se do lodo acumulado e discute por onde e com quem “arruará” nas presidenciais, quero chamar a vossa atenção para os resultados da sondagem realizada pela GfK Metris, coordenada pelo ICS-UL e o ISCTE-IUL para o Expresso/SIC, e publicada em 31 de Janeiro pp. a propósito dqs eleições presidenciais que aí vêm.

Creio, aliás, dever ser esta lida em conjunto com o excelente trabalho de Eunice Lourenço e João Pedro Henriques sob o título “Conselho de Estado passou a existir” e o resultado dessa mesma sondagem na parte respeitante ao balanço que os portugueses inquiridos fazem da presidência de Marcelo Rebelo de Sousa.

Se olharmos para os resultados da sondagem sobre as presidenciais, apurados num altura em que ainda não se conhecem as montadas e os jockeys que se predisporão a entrar na corrida a Belém, o primeiro dado que salta à vista é que o almirante dos submarinos, embora ainda não tenha emergido, e ninguém saiba se o fará nas Berlengas ou no Bugio, nem com que tripulação, ou o que pensa sobre coisas tão corriqueiras como touradas e javalis, sai à frente, tanto na primeira volta, como numa hipotética segunda, qualquer que seja o cenário desejado, ou apresentado, pelos autores da sondagem em função dos nomes que têm sido soprados.

Se é também verdade que André Ventura já está, como sempre, com o pé no estribo e de megafone na mão, todos os outros, e não será só pela estatura, aguardam que lhes ajeitem o banquinho para poderem sentar-se no dorso do animal a tempo de chegarem ao starting gate.  

Quer isto dizer que, salvo uma surpresa de última hora, os portugueses inquiridos, 50 anos depois do 25 de Abril, querem um militar, sem qualquer experiência política, executiva, parlamentar ou simplesmente partidária, na Presidência da República, sendo que os restantes nomes que lhes foram submetidos para apreciação eram todos de políticos, mais ou menos experientes, com raízes ou ligações profundas aos partidos da respectiva área política.

Não concluo daqui que seja líquido os portugueses preferirem um militar a um político para PR, mas será legítimo concluir que os nomes que lhes foram apresentados não são representativos de um sentimento nacional, não oferecem confiança, e para muitos, como diria um amigo(*), apresentam o carisma de uma amiba, embora nenhum dos seus apoiantes os tenha confrontado com essa evidência weberiana.

Olhe-se então para o artigo dos jornalistas do Expresso e o balanço do mandato de Marcelo em Belém.

Começando por este, dir-se-á que, com mais ou menos selfies, piropos desajustados, por vezes mesmo ordinarecos, beijocas, copos de brandy-mel, saídas nocturnas ao Multibanco e as confusões do “Dr. Nuno”, só cerca de 30% dos portugueses consideraram o mandato negativo ou muito negativo. Há 61% que considerou essa prestação positiva, havendo mesmo 4% que a viram como muito positiva.

Duvido que iguais percentagens, ou sequer semelhantes, fossem obtidas se o universo dos inquiridos sobre o desempenho de Marcelo se restringisse aos dirigentes dos partidos políticos com assento parlamentar.

Mas ao mesmo tempo, e logo por cima do texto que nos apresenta este resultado da sondagem, o artigo sobre a prestação do Conselho de Estado nos mandatos de Marcelo revela que este inovou no funcionamento deste órgão, que passou a reunir com muito mais assiduidade, com “uma frequência quase trimestral” e com vários convidados em diferentes ocasiões.

Curiosamente, um dos conselheiros mais à esquerda e mais críticos das prestações do PR, Francisco Louçã, elogiou, depreendo isso do seu testemunho, o funcionamento do órgão e disse que “[o] Conselho de Estado não existia, passou a existir com Marcelo”.

Também Lobo Xavier, conselheiro escolhido pelo PR, afirmou que “o Conselho de Estado tornou-se muito mais interessante”.

Sabe-se, pelo relato que nos é feito, que se abandonou o “ascetismo verbal” dos tempos de Cavaco Silva e que todos os conselheiros passaram a falar, o que será certamente de saudar em virtude daquele órgão de consulta do PR não dever ser apenas um meio para alguns entrarem mudos e saírem calados, aproveitando para lá irem buscar umas senhas de presença enquanto fazem figura de corpo presente.

A consonância de posições entre Lobo Xavier e Francisco Louçã em relação ao funcionamento do Conselho de Estado parece-me que deve ser vista como um aspecto positivo – não sei se haverá mais algum – da acção do actual PR, traduzida na valorização desse órgão.

Como dali também resulta, e acontece em qualquer outro órgão com idêntica natureza, seja na política ou num universo empresarial ou académico, tudo dependerá de quem o dirige, da maior ou menor inteligência deste e dos objectivos que se propõe prosseguir.

Agora seria interessante os leitores interrogarem-se sobre as razões para os resultados da sondagem apresentada, quer quanto à hipótese, cada vez menos académica, de Gouveia e Melo se vir a tornar no próximo Presidente da República, quer no que respeita à apreciação positiva que é feita do mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, não obstante a saraivada de críticas que sobre ele veio de todos os quadrantes.

Poderei estar enganado, mas a análise que faço dos números aponta para uma imperiosa necessidade de introdução de mudanças de fundo no funcionamento do nosso sistema político-constitucional e no regime político.

Os portugueses revêem-se cada vez menos nos seus partidos políticos e nos seus dirigentes. E isto é válido para todos, incluindo o “impoluto” Chega cuja percentagem de cadastrados, de arguidos e de gente com problemas na justiça já deve ter começado a colocar de sobreaviso muitos dos seus eleitores, certamente ainda a recuperarem do choque provocado pelas “malas do Arruda”.

Aqueles que se guindaram às posições de liderança e que surgem nas sondagens como potenciais candidatos à presidência da República surgem com percentagens absolutamente ridículas perante o almirante Gouveia e Melo e que, a manter-se este cenário, arrisca ser eleito à primeira volta e com uma maioria esmagadora atenta a fragilidade, esgotamento, cansaço e falta de empatia gerada nos eleitores pelos seus opositores.

Este é mais um reflexo da mediocridade inerente aos partidos do regime, da sua cada vez menor influência social e incapacidade para exercerem a sua função mediadora entre o eleitorado e as instituições, desfasamento e errada percepção da realidade, dos problemas e das preocupações dos portugueses, e de cujo universo ou campo político não consegue sair um candidato com estatuto e um mínimo de credibilidade que seja capaz de instilar um mínimo aceitável de confiança no eleitorado que lhe permita fazer frente ao almirante.

Tudo isto aliado a uma avassaladora falta de visão estratégica, envelhecimento dos quadros, ausência de qualquer renovação baseada em critérios de mérito, revelando mecanismos de recrutamento medíocre, uma inexplicável apetência para o envolvimento em escândalos, situações de duvidosa legalidade e fácil predisposição dos seus filiados a entregarem-se a lideranças destituídas de adequada formação política, ética e moral, vivendo num excruciante "salve-se quem puder" de cada vez que se abeiram do pote, ou em permanente forró e de costas voltadas para os eleitores.

Partindo do pressuposto, sempre rebatível e discutível de que os resultados da sondagem e as preferências reveladas correspondem à realidade factual e a um sentimento compartilhado pela maioria dos portugueses, quer-me parecer que estes estão cansados das condições de funcionamento do actual regime, cujo modelo há muito se esgotou por incapacidade dos próprios partidos. A popularidade do almirante e a predisposição para fazerem deste presidente é a melhor prova disso. E querem um regime com acentuação da vertente presidencial. Ou, pelo menos, não a veriam com maus olhos, atento o que se passa em São Bento, na Gomes Teixeira e nas sedes dos partidos.

Passada a época dos “grandes líderes”, de Freitas do Amaral a Álvaro Cunhal, de Sá Carneiro a Mário Soares, esgotado o filão dos seus delfins, e iniciada a época dos “caçadores de gambozinhos”, dos "autarcas", dos "gestores", dos "banqueiros", dos "merceeiros", dos "empreendedores" e dos simples labregos deslumbrados com as cores e a luz da capital, rapidamente esgotada no atoleiro, que teima em arrastar-se, independentemente da cor da cartola partidária, de casos de polícia e no palavreado, nalguns casos oco, noutros obsceno, de uns quantos inimputáveis e numa chusma de figuras menores, ignorantes e estruturalmente desonestas paridas pelos sinistros aparelhos partidários e as diversas seitas que por aí pululam, e que teimam em manter-se a bordo porque não há um capitão partidário com sentido de Estado e autoridade que as faça desembarcar na primeira ilha deserta, dando-lhes o tratamento que deveria ser dado às quadrilhas das claques futebolísticas, os portugueses viram-se de novo para o mito sebastiânico, do qual jamais se libertaram e que ciclicamente se apodera deles nos períodos de maior turbulência.

E continuando a ser verdade o que Schatschneider nos ensinou, seria bom que os partidos políticos, perante o que vendaval que aí vem, e que já aterrou noutras paragens, com resultados sinistros, se predispusessem a mudar, sob pena de isso lhes vir a ser imposto no futuro, pela via mais dolorosa, por um qualquer almirante "sem apoios", vindo disparado do fundo dos oceanos, a cavalgar uma onda impulsionada pelo canhão da Nazaré, por natureza avesso a apoios partidários e a jantaradas espontâneas promovidas pelas "personalidades", "democratas" e "cidadãos anónimos" do regime, e desejoso por desembarcar numa qualquer praia para desatar a vacinar todos os que lhe apareçam à frente, com uma seringa numa mão e a Constituição na outra.

Sabe-se lá com que antigénios e para obter que resultados.

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(*) Diz-me o meu amigo que a cunhagem foi de Constança Cunha e Sá. Fica o registo autoral. O seu a seu dono.

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sondagens

por Sérgio de Almeida Correia, em 01.12.23

IMG_3384.jpg

Algumas pessoas ficaram admiradas com o resultado da sondagem da Universidade Católica/Público/RTP, dada a conhecer no passado dia 28 de Novembro. Ainda todos estão lembrados dos resultados de outras sondagens aquando das últimas legislativas e do que veio a acontecer. O país não quis saber de empates técnicos nem de vitórias tangenciais e resolveu entregar uma maioria absoluta a António Costa. Por essa razão convém moderar as análises e o ímpeto das conclusões.

Ainda assim, atrevo-me a dizer publicamente o que penso, arriscando a crucificação num pelourinho por delito de opinião.

E neste momento em que se discute a liderança do PS e todos os outros partidos se afadigam a prepararem-se para as eleições – alguns na mira de conseguirem adiar por mais algum tempo o seu próprio funeral – parece-me evidente que a golpada marcelista, amplamente favorecida pelo descalabro da governação (seria difícil encontrar outro termo para o desastre que foi, salvo raríssimas excepções, a performance do XXIII Governo Constitucional), poderá vir a revelar-se como uma bênção para a reforma do sistema político e eleitoral. De uma assentada, os portugueses podem abrir caminho para se livrarem de quase todos os pantomineiros que fazem hoje a maioria da classe política que nos trouxe até ao imbróglio em que estamos.

Dos diversos cenários apresentados pela sondagem acima referida, há algumas conclusões que são inequívocas: i) Os portugueses não gostam de radicais; ii) Qualquer que seja o cenário dispensam Luís Montenegro; iii) Pedro Nuno Santos (PNS) não lhes merece o aval da confiança.

Quanto à primeira não constitui novidade. O país reconhece-se ao centro na extensa faixa que vai da democracia-cristã/liberalismo/social-democracia até ao socialismo democrático mais ou menos esquerdista.

Depois, em relação ao líder do maior partido da oposição, o PSD, verifica-se que apesar de tudo o que aconteceu com o Governo e com o PS, Luís Montenegro não consegue melhor do que um resultado sofrível qualquer que seja o cenário.

Não é de estranhar. Chegou a líder por ser tão anódino quanto foi deputado ao longo dos anos, sem um lampejo que o resgatasse à mediocridade carreirista da JSD ou da seita aventaleira que o ajudou a crescer. E agora que se vai apresentar a eleições traz consigo, como se viu no congresso do passado fim-de-semana, um camião com um atrelado de sarcófagos de onde vão saindo umas múmias que não deixaram saudades. Que seja castigado e as sondagens não lhe sejam particularmente favoráveis depois de tantos anos de PS no Governo não é uma fatalidade.

Mas se o teste havia de chegar com as eleições europeias ou com as autárquicas, o Presidente Marcelo fez o favor às hostes laranja de anteciparem o futuro e se livrarem de Montenegro e da sua tralha bem mais cedo, pois que quanto mais depressa o PSD iniciar a sua renovação e posicionar uma nova geração de líderes, que seja recrutada noutro lado que não seja entre as levas de imperiais do Ribadouro, menos difícil será construir uma alternativa na área política do seu eleitorado, colocando um ponto final na balbúrdia venturista à sua direita.

Em terceiro lugar, há o problema PNS para resolver. Este é um problema interno do PS e que só terá solução, acreditemos que sim, se nos próximos dias 15 e 16 de Dezembro os militantes socialistas o resolverem.

Os resultados da sondagem explicam por que razão é que PNS não quer debates com os outros candidatos à liderança do partido. Não se trata, evidentemente, de evitar dar trunfos à direita, mas sim de evitar o debate político e fugir do confronto com as suas próprias contradições, com o cataventismo socratista e a vacuidade petulante e oportunista do discurso.

Em 2017 (não vale a pena recuar mais), PNS, que já era crescidinho, afirmou que "O PS nunca mais irá precisar da direita para governar". Em 2018 sublinhou que "o PS não está refém da direita para governar". Depois, quando anunciou a sua candidatura, começou por atacar o candidato José Luís Carneiro, acusando-o de não ser suficientemente combativo contra a direita e vincando que com ele "o PS não vai ser muleta de ninguém", esclarecendo que o seu foco e o da sua candidatura "é derrotar a direita e não mais do que isso", antes de entrar na contabilidade cacical de saber quem apoia quem.  Como se esta tivesse interesse para alguém com excepção dos bípedes que ficam com insónias ante a perspectiva de não saberem quem apoiar para manterem os tachos dentro do partido e fora dele.

Bastou passarem dois dias, depois de acusar JLC de desvio direitista, e logo começou, de mansinho, a chegar-se para o centro, não fosse o diabo tecê-las. Daí que tivesse saído a terreiro para dizer que "o diálogo à direita e ao centro é fundamental" e que "há matérias onde o entendimento com o PSD é desejável e importante" (quais?), ao mesmo tempo que dizia que "a memória da geringonça é boa". Ora bem. E ainda disse que até a uma coligação pré-eleitoral não fecha portas. Colocou a primeira cereja no topo do bolo da coerência, qual franciscano, com que pretende desfilar nos próximos dias. 

Em rigor, para PNS o que é preciso é estar em todas, com todos "e com todas" desde que isso lhe garanta o poder. E se possível também com "todes", que foi para isso que o talharam, no "berço de oiro", na humilde loja do sapateiro, e em especial no albergue onde lhe construíram as ambições conforme as ocasiões.

Percebe-se, ademais, qual o motivo para que directas abertas, como mostram as sondagens, também sejam dispensadas por PNS, pois que é muito melhor deixar a escolha do líder do PS nas mãos dos caciques que controlam as concelhias e o aparelho do que confiar na decisão dos simpatizantes que não têm tempo para a militância e dos quais dependem os resultados eleitorais do partido.

Como lá mais acima dizia, se os militantes socialistas quiserem dar um contributo ao país poderão começar por se livrarem de PNS, mandando-o tomar conta das empresas familiares, de maneira a que não mais tenha necessidade de esconder os carros quando for para a campanha eleitoral. Esta é uma oportunidade única e irrepetível. 

Seria uma pena se os portugueses, que de uma assentada se podem livrar do neo-socratismo e do basismo cavaquista e passista, encetando um caminho de renovação das suas elites políticas, não aproveitassem os ventos fortes que sopram de todos os quadrantes, e a chuvada que se prepara nos próximos dias, para lavarem o terreiro e removerem de lá toda a barracada de feira que se foi instalando, dispensando os vendedores de tapetes, ligaduras e sarcófagos, os milhares de arrumadores e de traficantes de influências, os penduras de ocasião, a malta das sementes dos vários tipos de relva, enfim, livrando-se de toda a tralha de gigantones, coristas e emplastros acumulada nos últimos carnavais. 

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sondagens

por Sérgio de Almeida Correia, em 30.06.23

A propósito da notícia de um jornal de que "as autoridades insistiram ontem na necessidade de criminalizar a realização de sondagens", entretanto corrigida, de acordo com um esclarecimento revelado pela TDM, de que "o Governo não quer impedir a realização de inquéritos de opinião ou sondagens eleitorais, mas apenas proibir e punir a respectiva divulgação durante os períodos de eleições", remeto os leitores para o capítulo VII (Ma vie de sondeur de opinion), já aqui referido, do livro recentemente publicado de Roland Cayrol.

Como o autor tem sobre a matéria alguma autoridade, conhecimento e experiência, deixo nesta breve nota alguns extractos do original em francês, mas com tradução para português, de modo a que os nossos governantes e legisladores possam, eventualmente, interessar-se pela sua leitura e melhorarem os seus conhecimentos, afastando as ideias erradas e os preconceitos em que possam laborar.

Nada como as pessoas se esclarecerem antes de começarem a opinar e a legislar sobre o que não sabem, embora todos percebamos quais são as intenções por detrás das medidas tomadas e das que se anunciam.

A bem dizer, sempre me fizeram confusão os elefantes que têm medo de formigas.

 

"Il faut aussi dire et redire que le sondage ne prévoit rien! Entre la date de la publication d'un sondage et un scrutin, il peut s'écouler des heures, des jours, où l'opinion peut encore être sensibilisée, modifiée, se cristalliser, décider d'aller ou non voter et infléchir ce qui semble devoir être les résultats attendus. Cela peut expliquer des écarts entre les derniers sondages et les résultats réels du scrutin.
(...)
Le plus important est évidemment que les sondages permettent de suivre les évolutions de l'opinion et des intentions de vote, de dessiner les courbes qui montrent comment et à quel moment se prennent progressivement les décisions électorales, quelle est la sociologie du vote, à quel degré les citoyens s'impliquent dans une élection ou dans la politique en général, et là les sondages sont irremplaçables.
(...)
L'activité sondagière est liée à l'existence même de la démocratie. Aucun pays autoritaire, quelle que soit la nature de l'autoritarisme, n'autorise des sondages libres. Le sondage n'existe que parce que la démocratie politique existe. La démocratie libérale n'est pas complète si n'existe pas l'intervention de l 'opinion. (...) Les dirigeants politiques sont au service de l'opinion et craignent forcément l'opinion, qui est leur juge permanent. Parfois trop d'ailleurs. L'important pour le personnel politique devrait être de savoir garder un cap, au lieu de s'arrêter à chaque mini-événement, d'imaginer à chaque fois une petite mesure pour colmater une brèche et espérer que 'ça se calme'.

Le sondage, pour peu qu'il soit correctement mené, exerce une fonction essentielle dans nos démocraties modernes , il donne la parole au peuple, il porte sa parole. Grâce aux sondages, on ne peut plus avoir des orateurs qui prétendent que 'l'opinion ne comprendrait pas que ...'ou que 'l'opinion n'admet pas que ...', faisant parler les électeurs comme s'ils faisaient campagne depuis le fond d'une arrière-salle de bistrot. L'opinion s'exprime désormais directement. "

(tradução)

"Também é preciso dizer, uma e outra vez, que uma sondagem não faz previsões! Entre a data de publicação de uma sondagem e uma eleição, podem passar-se horas ou mesmo dias, durante os quais a opinião pública pode ainda ser sensibilizada, modificada, cristalizada, decidir se vai ou não votar e influenciar o que parece ser o resultado esperado. Este facto pode explicar as discrepâncias entre as últimas sondagens e os resultados reais.
(..)
O mais importante, evidentemente, é que as sondagens de opinião permitem seguir a evolução das opiniões e das intenções de voto, traçar as curvas que mostram como e quando as decisões eleitorais são gradualmente tomadas, qual é a sociologia do voto e em que medida os cidadãos estão envolvidos numa eleição ou na política em geral, e aqui as sondagens de opinião são insubstituíveis.
(...)
A actividade de sondagem está ligada à própria existência da democracia. Nenhum país autoritário, seja qual for a natureza do seu autoritarismo, permite sondagens de opinião livres. As sondagens só existem porque existe a democracia política. A democracia liberal não está completa sem a intervenção da opinião. (...) Os dirigentes políticos estão ao serviço da opinião pública e temem inevitavelmente a opinião pública, que é o seu juiz permanente. Por vezes demasiado. O importante para o pessoal político deveria ser saber manter o rumo, em vez de parar em cada mini-acontecimento, inventando sempre uma pequena medida para colmatar uma lacuna e esperar que "as coisas acalmem".

As sondagens, desde que sejam bem conduzidas, desempenham uma função essencial nas nossas democracias modernas: dão voz ao povo, transmitem a sua mensagem. Graças às sondagens de opinião, já não podemos ter oradores que afirmam que "a opinião pública não compreenderia isso..." ou que "a opinião pública não admite isso...", fazendo com que os eleitores falem como se estivessem a fazer campanha nas traseiras de um bar. A opinião é agora expressa directamente.

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sondagens

por Sérgio de Almeida Correia, em 05.12.14

phpThumb.php.jpgConsiderando as intenções de voto da era de Seguro e o centrão convergente de Francisco Assis, calculo que a única coisa que aqueles tenham a dizer sobre estes resultados é que são apenas sondagens

Eu acrescentaria, também, que falta um ano para as eleições e que esta sondagem ainda não reflecte os acontecimentos da semana passada, nomeadamente a prisão preventiva de José Sócrates, o Congresso do PS e a peregrina decisão da Convenção do BE sobre a respectiva liderança.

Vai ser importante saber quais os efeitos destes factos no estado de espírito dos eleitores, e se estes lhe atribuem alguma importância, designadamente confundindo o arguido José Sócrates com o PS e o seu actual líder.

Os resultados desta sondagem são apenas sinais que poderão determinar as estratégias que serão seguidas pelos partidos nos próximos meses. Em relação ao PS e a António Costa eu diria que se abre uma janela de esperança em relação à maioria absoluta, que não permitindo lançar foguetes parece ser consentânea com a vontade dos inquiridos. Quanto ao PSD, 28% é apesar de tudo um bom resultado, pois parece demonstrar a contenção da sangria. O PCP segura o seu eleitorado tradicional e o BE e o CDS/PP prosseguem no processo de esvaziamento, o que revela o desacerto das decisões que as respectivas lideranças têm tomado. Vai ser interessante saber se as próximas sondagens já incluirão o Livre e Marinho e Pinto para se perceber até que ponto estes dois poderão influenciar as escolhas. Finalmente, registe-se também o elevado nível de popularidade do líder do PS, o mais alto entre todos os que surgem na sondagem. 

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eco

por Sérgio de Almeida Correia, em 15.07.14

O que mais impressiona é a velocidade com que querem sobrepor a sua voz à voz do chefe. O eco deixa de o ser para se tornar na própria voz, acentuada, redobrada, elevada. De repente o eco assume-se como o guardião da voz. Do bem-estar, da moral cristã, apostólica e romana, da Lei Básica, da Constituição. E para o caso é indiferente ser ateu ou católico. A voz pertence ao eco.

Ilegal já não é o que está contra a lei, que a ofende ou desrespeita. Ilegal é o que não vem na lei. Ilegal é o que se pensa. O papel do eco é tornar a consciência ilegal.   

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