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rasto

por Sérgio de Almeida Correia, em 19.01.15

G7ZldVehtYY.jpgQuem se recorda deles, dos ricos de Roma ou de Atenas? Que se recorda deles? Tirando um ou outro que é referenciado nos livros de história, a maioria viveu e partiu. Sobraram algumas pedras que hoje muitos usam para escolher a luz, o melhor plano, enquanto olham para uma câmara fotográfica. Há outros de quem se sabe o nome e de quando em vez nos recordamos ao folhear um livro. Lá está a citação, uma referência, às vezes também no Borda d'Água. Nada mais. Foram.

Um tipo pode levar a vida a trabalhar, enriquecer, deixar uma prole imensa, uma caterva de livros, como o Paulo Coelho ou o Rodrigues dos Santos, um apelido, escolher uma vida faustosa ou simples, confortável ou estóica, percorrer os caminhos da sombra ou as luzes da ribalta, deixar um monte de tralhas, uma memorabilia. E não deixar nada. Não deixar um rasto. Ou, então, deixar um rasto que se apaga mal o Sol se ponha.

Que pode valer um caminho sem rasto, uma vida sem rasto, quando os outros, os que ficarão, não conhecem os caminhos que foram percorridos, as rotas por que optámos, as veredas por onde nos equilibrámos, por onde espreitámos o ribeiro e tememos a aurora? Que pode isso valer quando não se tem um rasto por onde os que ficam nos possam seguir? Um rasto que diga aos outros por onde andámos, o que fizemos, o que escolhemos. O porquê de uma vida.

O único rasto que vale a pena deixar tem de ser útil. Tem de servir a quem fica. E aos que vierem depois, e depois, e depois, para que não se perca na espuma dos dias ou numa mesa de gamão. O rasto da participação cívica, do trabalho em prol da cidadania, do investimento na educação, a longo prazo, pode não trazer resultados imediatos mas é o único que marca. Como um ferro em brasa. O único que engrandece, o que diz aos outros por onde andámos. O que perdura na prole. Na do próprio. Na dos outros. O que perdura nunca será pó. 

 

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