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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Um articulista do Global Times, um dos órgãos de comunicação social em língua inglesa do regime chinês e que é citado regularmente por alguma imprensa de Macau ("tablóide estatal" chamou-lhe há tempos um profissional do HojeMacau), publicou um texto com o título "Western media should investigate deaths and serious injuries related to Pfizer vaccine", em que reportando-se a uma publicação online que denominou "Christian Daily", quando efectivamente se queria referir ao "Christianity Daily", que se publica em língua inglesa e coreana, veio colocar em questão a fiabilidade e eficácia da vacina produzida pela Pfizer-BioNtech, dando eco a verdadeiras notícias falsas e até hoje não comprovadas em nenhuma instância, ou seja, aquilo a que o troglodita Donald Trump chamaria "fake news".
Acontece que o dito articulista, um tal de Hu Xijin, e o próprio Global Times que o acolhe, divulgando rumores e suspeitas infundadas, ao quererem mostrar o seu patriotismo, não só dão guarida e divulgam notícias objectivamente falsas, vindas de radicais fundamentalistas da direita norte-americana e com ligações à Coreia do Sul, como dão um verdadeiro tiro no pé contra o seu país, a República Popular da China.
É que ao atacarem as vacinas da Pfizer-BioNtech estão a esquecer-se que tal vacina é produzida na China pela Fosun Pharma, que desde o início da pandemia da COVID-19 trabalha em estreita colaboração com a BioNTech, sendo apresentada pelo seu presidente e CEO, Wu Yifang, como um modelo de colaboração internacional que recebeu o apoio do "Joint Prevention and Control Mechanism" do Conselho de Estado chinês, da Administração Nacional de Produtos Médicos, da Comissão Nacional de Saúde, do Ministério da Ciência e Tecnologia e de "outras autoridades relevantes" da RPC.
E esquecem-se, ainda, que a Fosun Pharma faz parte de um grupo líder chinês fundado em Xangai em 1994, cujas vacinas foram aprovadas pelas entidades reguladoras chinesas, sendo distribuídas em Macau e Hong Kong.
Por aqui se vê qual a credibilidade que merece a imprensa dita "patriótica" e subserviente ao poder. E também a quem se destina.
De outro modo, jamais daria guarida e eco a negacionistas mentecaptos que colocam em causa a ciência, a mais avançada do mundo, e as decisões das suas próprias autoridades que aprovaram, autorizaram a produção da vacina no seu território e a inoculação aos seus compatriotas de Macau e Hong Kong.