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misérias

por Sérgio de Almeida Correia, em 10.10.20

"Entre a multidão, estavam a deputada Susana Chou e o então presidente da Associação Geral dos Operários, Lau Cheok Va. O Comité Unitário de Macau estava “consciente que a estabilidade e a democracia são essenciais para o futuro de Macau.

Homenagem aos mártires” foi o título do editorial do Ou Mun após o massacre. “O dia 4 de Junho é o dia mais negro e desumano dos cerca de 40 anos após a implantação da República Popular. Esse dia negro, a história virá a contá-lo para sempre”. O diário, que ainda não estava convencido que linha dura do PCC tinha vencido a ala liberal, escrevia também que “não haverá nada pior que essa trucidação de irmãos de sangue” e que “sem democracia não haverá socialismo”.

 

Eu sei que não é politicamente correcto dizê-lo; muito menos recordá-lo.

Mas a notícia de hoje, do South China Morning Post, de que há cidadãos de Hong Kong detidos porque ajudaram gente do movimento pró-democracia que queria escapar à prisão, merece muitos comentários. Por todas as razões e mais algumas, e até porque Hong Kong, com todos os seus defeitos e virtudes, foi sempre uma cidade acolhedora, justa e saudável.

De qualquer modo, não obstante já ter sido privado de muita coisa, até mesmo de jantar razoavelmente com os meus amigos, às sextas-feiras, num Clube que muito prezo, gostaria apenas de recordar, já que da memória não me privam, que se a Lei de Segurança Nacional que está em vigor em Hong Kong existisse no pós-4 de Junho de 1989 muitos legisladores de Macau, incluindo uma conhecida e milionária patriota, teriam sido presos se o 4 de Junho de 1989 tivesse sido neste ano de 2020. Como hoje foram detidos cidadãos de Hong Kong apenas por terem dado guarida, eventualmente ajudado, alguns jovens que queriam fugir para Taiwan, território chinês, para continuarem a defender a Lei Básica de Hong Kong. 

Convinha que os estafermos (estou a ser brando) que hoje vivem em Macau, alguns com passaporte português como um dos fugitivos, e que aplaudem e/ou se calam perante a vergonhosa perseguição que é feita — e que nunca cá estariam se aquela gente de 4 de Junho de 1989 não tivesse escapado para hoje andarem por aí a receberem subsídios, tirarem fotografias, fazerem exposições e editarem livros nos editores e fundações do regime —, se lembrem disso.

Dos vermes nunca a História se lembrará.

Nem dos idiotas.

E ainda menos dos inúteis que mudaram de passaporte por mera conveniência. Serão os primeiros a cair do trapézio devido ao peso dos bolsos. E a enterrarem-se sem motorista no lodo protegido da "protecção ambiental".

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confrangedor

por Sérgio de Almeida Correia, em 08.07.20

A entrevista de Ronny Tong, actualmente membro do Conselho Executivo de Hong Kong, que foi fundador do Civic Party, e que continua o transumante percurso que o levou nos últimos anos do campo pró-democrático para o dos mais alinhados e subservientes seguidores dos diktats do Governo central, é um momento televisivo a não perder.

A conversa que manteve com Stephen Sackur, no programa Hardtalk da BBC, é a prova de que se pode sempre descer mais baixo do que aquilo que se imaginaria possível. E fê-lo com a maior das facilidades.

Procurando sistematicamente fugir às questões simples que lhe eram colocadas pelo entrevistador com o propagandístico discurso oficial que decorou, faz-nos pensar no que leva uma pessoa normal, com uma carreira outrora respeitada, a prestar-se a tal papel.

Incapaz de argumentar e contra-argumentar, não esteve sequer com meias-medidas para disfarçar a irritação de cada vez que lhe interrompiam o "comício" que procurou fazer ao auditório da BBC para debitar as verdades oficiais.

Com conselheiros da estirpe deste Ronny Tong não é, pois, de admirar o desastre que tem sido a governação de Hong Kong sob a batuta de Carrie Lam, e por que razão foi necessário Pequim aprovar a nova Lei de Segurança Nacional de Hong Kong.

Mas pior do que a confrangedora prestação do entrevistado é o estilo do seu discurso, que bebe da cartilha oficial, e o conteúdo da mensagem que se quer fazer passar.

Completamente enredado e atrapalhado pelo seu próprio discurso, acabou a entrevista estraçalhado. Vale a pena ver e ouvir.

Se Ronny Tong e a gente que representa tivessem a humildade de perceber que não estão a falar para tolos nem analfabetos, que a população de Hong Kong não vive numa remota montanha do interior sem acesso à Internet, à imprensa livre e a canais de televisão sem censura, tudo poderia ter sido diferente. Do processo de preparação e aprovação da lei ao seu conteúdo e às justificações que apresentam. 

Nem mesmo pagando a actores profissionais conseguiriam fazer um filme tão mau.

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empatas

por Sérgio de Almeida Correia, em 11.06.20

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Se olharmos para os últimos nove jogos do Benfica (já nem falo do jogo com o Belenenses em que estivemos no trapézio), verificamos que a equipa perdeu no Dragão em 9 de Fevereiro (3-2), a seguir perdeu em casa com o Braga (0-1), logo depois voltou a perder com o Shaktar (2-1), e a partir daí limitou-se a vencer um único jogo, ao Gil Vicente (1-0), empatando sucessivamente com Shaktar (3-3), Moreirense (1-1), Setúbal (1-1), Tondela (0-0) e, finalmente, ontem, com o Portimonense (2-2). Estar a ganhar por 2-0 ao intervalo não serviu de nada porque depois sofremos golos como se estivéssemos num jogo de subbuteo, em que os jogadores estão imóveis, não saltam e chegam sempre atrasados.

Luís Filipe Vieira continua a dizer que vai dar um penta, que vai ganhar uma grande competição na Europa, que o Lage tem confiança renovada, e por aí fora. O Lage diz que estão a trabalhar bem e que agora é preciso olhar para o próximo jogo. Vira o disco e toca o mesmo.

Percebo que seja necessário motivar a malta, embora não me pareça que seja essa a forma mais acertada para consegui-lo. Não é preciso ser um special one para ver que a equipa não joga o que devia, que a defesa é uma renda de bilros, e que ultimamente são tantos os trapalhões em campo que há momentos em que aquilo parece um espectáculo de circo.

Qualquer equipa profissional com um mínimo de brio e um décimo do orçamento que temos conseguiria empatar cinco jogos seguidos sofrendo sete golos. E se a culpa não é do Vieira, nem do Lage, nem dos jogadores que estão a trabalhar muito bem, muito menos dos árbitros que não rematam à baliza, dos adeptos também não é.

Gostava de poder voltar a ser campeão, e de ter gosto em ficar acordado madrugada fora para ver a equipa jogar, mas pelo andar da trotineta vou começar a recuperar horas de sono. Há coisas mais úteis para fazer do que perder tempo à espera do título de campeão dos empates.

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tabela

por Sérgio de Almeida Correia, em 04.03.20

Durante horas e dias a fio, canais de rádio e de televisão e inúmeras páginas em jornais, revistas e blogues dissertaram sobre os insultos a Moussa Marega proferidos no jogo entre o Vitória de Guimarães e o Porto. A indignação foi real, pelo que li, vi e ouvi. Menos real é a conclusão do episódio.

Depois de tudo o que anteriormente aconteceu com muitos outros jogadores (Hulk, Semedo, Renato Sanches, Quaresma, por exemplo), e tendo em atenção o que se vai vendo lá por fora, cujo último exemplo chegou da Alemanha e do jogo entre o Hoffenheim e o Bayern de Munique, que levou a uma "greve" em campo dos jogadores das duas equipas antecipando o final do jogo, estava convencido de que em relação ao que se passou em Guimarães viria sanção pesada.

Pura ilusão.

De acordo com a notícia de A Bola, pelo que aconteceu, no total, os "vimaranenses foram multados no valor de €17,941", dizendo as multas respeito a "deflagramento de potes de fumo e flashlights (€4017)", "entrada de materiais pirotécnicos (€3392)", "arremesso de dois fachos (€2678)", "arremesso de cadeiras (€7140)", e "insultos a Marega (€714)".

Como se vê pela discriminação das parcelas, arremessar cadeiras ou atirar uns fachos para o relvado é mais grave do que proferir insultos racistas ou imitar os urros de símios dirigidos a um dos protagonistas do espectáculo.

Para os senhores do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, os insultos a Marega não valem um corno. O valor da multa é um estímulo a que os energúmenos das claques continuem a sua acção cívica. Meia dúzia de euros resolvem o problema.

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turbotrash

por Sérgio de Almeida Correia, em 14.01.20
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(Macau Daily Times)

Confesso que de alguns ditos "empresários" locais espero cada vez menos quando se trata de ter um mínimo de bom senso, sentido de justiça social e sensibilidade política, três ingredientes essenciais para que a vida de uma comunidade possa fluir sem grandes sobressaltos e maiores injustiças e baixezas do que aquelas que não podemos evitar.

Todavia, também sou obrigado a confessar que sempre pensei que pelo menos a educação, a experiência e a herança familiar, já de que da riqueza se viu não dar nenhum daqueles atributos onde falte a massa cinzenta, fossem capazes, um pouco no velho espírito de Durkheim, de fazer nascer sentimentos de solidariedade social e amor ao próximo.

O caso da TurboJet, um empresa privada que é o resultado, tanto quanto sei, de uma sociedade entre a Shun Tak Holdings Limited e a China Travel International Investments Hong Kong são mais um caso empresarial perdido.

A decisão, inqualificável, diga-se de passagem, de ver milionários, que fizeram fortuna em situações de monopólio e oligopólio, graças à proximidade ao poder político, colonial e pós-colonial, e às redes de influências criadas e em que sempre participaram, a reduzirem salários, já de si muito baixos e de gente que não tem qualquer poder reivindicativo, que trabalha nas piores condições, faça chuva ou faça sol, com calor, humidade e por vezes frio, é na minha modesta maneira de ver um sinal de terrível baixeza empresarial e humana. É o juízo que faço.

Quando uma empresa propriedade de milionários, operando praticamente em situação de exclusivo, considera razoável baixar unilateralmente, em 8%, os salários de pessoas que ganham entre 10 mil e 30 mil patacas, numa terra onde uma refeição medíocre numa tasca da Taipa, para duas pessoas, pode sem esforço custar mais de MOP 1.000,00 (mil patacas), é também sinal de que se está de cabeça perdida e o decoro foi-se.

Dez mil patacas, por exemplo, que representam aquilo que Chan Chak Mo, um outro empresário e deputado de referência destes tempos de insânia que atravessamos, diz, naquele estilo muito peculiar de carroceiro rico, poder gastar numa refeição para justificar a desnecessidade da fixação de um salário mínimo para o pessoal doméstico. Sim, porque cada um tem as suas prioridades e há sempre alguns que podem ser tratados como gado enquanto nos forem prestando os serviços mínimos.

A qualidade do serviço da TurboJet tem vindo a cair diariamente. Os seus barcos, até por comparação com os da Cotai Water Jet, deviam ser carinhosamente designados por "Turbotrash", fazendo jus às nuvens de ar poluente que desencadeiam e ao aspecto deprimente, kitsch, dos seus interiores, com níveis de higiene deploráveis em cidades e sociedade civilizadas, que estão normalmente imundos, com restos de comida nos assentos velhos e puídos, onde as casas de banho são miseráveis, cheiram mal, o pessoal pouco atencioso. Tudo é desconfortável ao tacto, desagradável aos olhos e ao olfacto, de um tremendo mau gosto, incluindo na dita Super Class, com uma luz horrível para ler ou passar pelas brasas, uma temperatura interior desequilibrada, e acima de tudo caro para o serviço prestado. Enfim, com padrões dignos do terceiro mundo.

Para além disso, são hoje raras as vezes em que as embarcações andam a horas, sendo as pessoas tratadas não como gente, mas como ovelhas que se transportam e enxotam de um lado para o outro. 

Depois da lamentável deslocação a Genebra para fazer o frete ao Governo de Carrie Lam e aos seus interesses egoístas, no que só desajudou à situação de Hong Kong, talvez fosse tempo, no actual cenário e depois do anúncio feito em relação aos cortes salariais na TurboJet, de em Macau o Chefe do Executivo mandar uma pequena mensagem à Administração da empresa, atentos os serviços que ainda presta.

Numa altura em que a crise social aperta, em que há trabalhadores do jogo na rua a clamarem por melhorias nas suas condições de vida, exigindo o básico em termos de direitos laborais e sociais, e em que do outro lado do rio o próprio Governo de HK lança um pacote de milhares de milhões para fazer face aos crescentes desníveis e  às dificuldades sociais de toda a ordem, a TurboJet estava a precisar de começar a ser tratada pelo Governo da RAEM pela mesma bitola com que trata os seus passageiros, clientes e trabalhadores. Para se ir adaptando aos novos tempos.

A começar pelos que virão a ser os das futuras concessões do jogo. E isto, digo eu, só se a senhora que manda na coisa estiver ainda a pensar continuar a participar no festim. De outro modo não precisa de se incomodar. Haverá certamente quem de entre os futuros concessionários esteja disponível para ocupar o lugar da TurboJet no transporte de passageiros por via marítima, prestando mais e melhores serviços. 

Podia ser que se assim fosse a senhora aprendesse alguma coisa, e que a qualidade do serviço, e em especial da gestão, melhorasse. Entrasse nos eixos. Em termos sociais, é claro, pois é a isto que me refiro e que me preocupa.

Porque até agora, pelo que se vê, a senhora não conseguiu aprender nada com o velho Stanley. Mandasse ele e o filme hoje seria outro. Nem todos podem ser visionários.

Entretanto, pode ser que Pequim e o Dr. Ho Iat Seng leiam jornais, que estejam atentos ao que se está a passar, bem como aos péssimos sinais que estão a ser transmitidos para a sociedade de Macau por quem tinha a obrigação de fazer muito mais pelos que contribuem para aumentar a sua fortuna.

É muito feio maltratar quem está por baixo. Mais a mais fazendo-os pagar pela nossa má gestão e incompetência em saber criar riqueza, prestando ao mesmo tempo serviços de qualidade a preços razoáveis. E em distribuir aquela que se acumulou com justiça e sentido social em situações de mercado competitivo e aberto. Com ou sem crise.

Uma fortuna não serve só para alimentar as colunas do jetset. Também serve para ajudar a fazer face às dificuldades empresariais passageiras, e apoiar os outros, os que precisam quando precisam. Para gente decente e civilizada o dinheiro não é só para o vison e para o champagne.

O Dr. Ho Iat Seng devia dizer isto claramente à senhora. Com bons modos. Com aquele sorriso com que se predispunha a participar na inauguração dos escritórios que ele desejava que os assessores da AL, que a Mesa despediu ao fim de uma vida de bons serviços a Macau, abrissem.

Se o Chefe do Executivo não o fizer, pode ser que um dos senhores do Gabinete de Ligação o faça por ele. Sem querer.

 

[ (...) The case of TurboJet, a private company that is, as far as I know, the result of a partnership between Shun Tak Holdings Limited and China Travel International Investments Hong Kong is another lost business case.

The unqualified decision to see millionaires, who made their fortunes in monopoly and oligopoly situations, thanks to their proximity to political, colonial and postcolonial power, and to the networks of influences created and in which they always participated, to reduce wages, already very low, of people who have no bargaining power, who work in the worst conditions, rain or shine, in hot, humid and sometimes cold weather, is in my modest opinion a sign of terrible business wisdomand human baseness. This is the judgment I make.

When a company owned by millionaires operating almost monopolistically considers it reasonable to unilaterally reduce by 8% the salaries of people earning between 10,000 and 30,000 Patacas on a land where a mediocre meal in a Taipa tavern to two people, can effortlessly cost more than MOP 1,000.00 (one thousand Patacas), it is also a sign that one's head is lost and decorum is gone.

Ten thousand Patacas, for example, represents what Chan Chak Mo – another businessman and leading deputy from these times of insanity we have been through – says, in that very peculiar style of rich carter, to be able to spend on a meal in order to justify the need to fix a minimum wage for domestic staff. Yes, because each one has their own priorities and there are always some that can be treated like cattle while providing us with the minimum services.

TurboJet's quality of service has been falling daily. Their vessels, even compared to those on the Cotai Water Jet, should be affectionately called "Turbotrash", living up to the polluting air clouds that they trigger and the depressing, kitschiness of their interiors, with deplorable hygiene levels for cities and developed societies, being usually filthy, with leftover food in the old, worn-out seats where the bathrooms are miserable, stinky, and its staff uncaring. Everything is uncomfortable to the touch, unpleasant to the eye and smell, of tremendous bad taste, including in the so-called Super Class, with horrible reading lights or pass through the embers, an unbalanced interior temperature, and above all expensive for the service rendered. Anyway, its standards are worthy of third world countries.

Moreover, it is rare for vessels to be on time, and people are treated, not as people, but as sheep who move and chase.

After the unfortunate trip to Geneva to haul the Carrie Lam Government and its selfish interests, which only helped to make Hong Kong's situation worst, perhaps it was time, in the present scenario and after the announcement of the TurboJet pay cuts in Macao, to the Macau Chief Executive to send a short message to the company's Administration, mindful of the services the Company still provides.

At a time when the social crisis is tightening, when casino gambling workers are coming to the streets calling for improvements in their living conditions, demanding the basic in terms of labor and social rights, and on the other side of the river HK launches a billions package to deal with growing gaps and social difficulties of all kinds, TurboJet was in need of starting to be treated by the MSAR Government with the same gauge it considers its passengers, customers and workers. So that it adapts to the new times.

Starting with what will become the future game concessions. And this, I say, only if the lady who runs that thing is still thinking about continuing to participate in the feast. Otherwise, you don't need to worry. There will certainly be a number of future casino concessionaires available to take TurboJet's place in the carriage of passengers by sea, providing more and better services.

It could be that if it happens, she would learn something and that the quality of the service, and especially the management, would improve. Observe the parameters. In social terms, of course, that is what I refer to and what concerns me.

Because so far, you see, she hasn’t learned anything from old Stanley. were him to be in charge and the movie would be another one today. Not everyone can be a visionary.

In the meantime, it may be that Beijing and Dr. Ho Iat Seng read newspapers and are aware of what is going on in town, as well as of the bad signals being transmitted to the society of Macao by those who ought to do much more for those who contribute so much to increase their fortunes.

It is very ugly to mistreat those who below ourselves. Even more by making them pay for our mismanagement and incompetence in creating wealth while providing quality services at reasonable prices. And in distributing what has been accumulated with justice and social sense in a competitive and open market situation. With or without crisis.

A fortune is not just for feeding the jetset columns. It also serves to help dealing with fleeting business difficulties, and to support others in need when they need it. For decent and civilized people money is not just for mink and champagne.

Dr. Ho Iat Seng should say this clearly to the lady. With good manners. With that same smile with which he was predisposed to attend the opening of the offices he wished the Legislative Assembly advisors – who were fired at the end of a lifetime of good service to Macao – would open.

If the Chief Executive does not do so, it may be that one of the Liaison Office lords does it for him. Unintentionally, of course.]

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nível

por Sérgio de Almeida Correia, em 31.10.19

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O futebol português é cada vez menos notícia pelas boas razões. E até passaria despercebido, de tão mau que é a nível interno, não fossem os seus actores, os que actuam dentro mas também os que andam pelos balneários e pelas televisões, apostarem em dar nas vistas.

Compreende-se que alguns tendo o tamanho da Betesga acreditem possuir um ego maior do que o Rossio, mas ainda assim há limites que não deviam ser ultrapassados.

O treinador do F.C. Porto até podia ter toda a razão contra a arbitragem do jogo com o Marítimo, o que eu duvido porque já se tornou habitual só se queixar dela e do anti-jogo quando perde pontos; só que as  suas declarações deviam levar a uma tomada de posição da Liga de Clubes e dos adeptos.

A linguagem de carroceiro e o estilo azeiteiro do fulano não constituem nada de novo. Os presidentes de alguns clubes, incluindo do meu, por vezes também se esforçam bastante. Mas o à-vontade com que o treinador do FCP o faz regularmente envergonha muita gente honrada e educada adepta do clube do Norte.

Sei que não é caso único, e em Macau também temos quem, sendo mais velho e com muito mais responsabilidades sociais e profissionais, teime em se colocar no mesmo patamar de cada vez que lhe colocam um microfone à frente.

Desconheço se será um novo padrão. Sinal de mau gosto é com toda a certeza. E será sempre um mau exemplo para um desporto que tem milhões de apaixonados, muitos deles crianças, em todo o mundo. Bem podem falar de fair play, de respeito, do futebol como escola de virtudes. O que ultimamente se vê é apenas disto.

A forma como depois alguns alunos e os seus pais falam com os professores e se comportam nas escolas, ou a linguagem que se ouve dentro dos autocarros entre os miúdos que vão ou vêm das aulas, é apenas um reflexo do que disse o treinador do FCP alto e bom som. A frase mereceu acolhimento na primeira página do mais lido jornal desportivo português.

Por esta e outras é que o futebol se assume cada vez mais como um desporto destinado a gente ordinária, trapaceiros e arruaceiros. E isto é triste.

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excelência

por Sérgio de Almeida Correia, em 16.09.19

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A saúde que é ministrada pelos serviços sob a tutela de Alexis Tam continua a dar provas de que o seu desajustamento da realidade é notável. Os serviços prestados são o espelho de quem os dirige.

Os prazos que são cumpridos, a dificuldade que é arranjar uma consulta urgente num especialista (a propósito: quantos especialistas já chegaram das dezenas cuja contratação foi anunciada?) ou realizar um exame continuam a aproximar-se rapidamente dos piores padrões a nível mundial. 

É claro que depois se pode contratar uma empresa qualquer vinda do exterior, normalmente bem paga, para carimbar a "excelência" da incompetente burocracia oficial, mas os doentes que aguentem.

Uma pessoa está com um problema do foro dermatológico a necessitar de resolução urgente, vai a um Centro de Saúde, emitem-lhe uma requisição para um dermatologista do Centro Hospitalar Conde de S. Januário e agendam-lhe a consulta para daí a uns meses. Solução: ir ao privado antes que a coisa se agrave e alastre ainda mais.

Ontem chegou-me mais um exemplo dos medíocres serviços que são prestados: um tipo queixa-se de dores no estômago há vários dias, foi duas vezes às Urgências, depois vai ao Centro de Saúde, mandam-no fazer uma endoscopia imediatamente, emitem-lhe uma requisição e o exame é agendado pelo CHCSJ para Outubro ... de 2020!!! Sim, não é engano. Até lá o paciente pode sofrer e morrer, se for o caso, com a maior tranquilidade.

A seguir, esse desgraçado em vez de ficar mais de um ano à espera, resolveu ir perguntar ao Hospital Kiang Wu se lhe podiam fazer o exame. Claro que lhe fazem o exame num prazo curto, mas as centenas de milhões que recebem da RAEM não chegam para reduzir o custo de uma endoscopia  pela qual cobram vários milhares de patacas.

A única solução para contornar o problema e que continua a funcionar é a tão colonial "cunha". 

Em vinte anos, a saúde pública de Macau em vez de se aproximar dos padrões de Singapura ou da Suíça ficou cada vez mais próxima do que se faz nos países mais atrasados, naqueles onde não há recursos públicos disponíveis para fazer face às necessidades da população. Mais uma vergonha patriótica em matéria de gestão de recursos e prestação de serviços à população numa região que caminha para ter o PIB per capita mais elevado do mundo.

O futuro Chefe do Executivo devia pensar nisto antes de pensar em reconduções.

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misérias

por Sérgio de Almeida Correia, em 14.11.18

Se alguém se der ao trabalho de ouvir o que antes foi dito ("Clarim", 11/05/2018, "Contraponto", diversas edições) e escrito, a última das quais em 11/09/2018, (aqui no "Visto de Macau") reparará que tive oportunidade de chamar várias vezes a atenção para o aumento de conflitualidade social na RAEM, em vários casos vindo de sectores tradicionais da comunidade chinesa. Aos poucos, aqueles sectores foram dando sinais de exasperamento com a falta de soluções para os seus problemas, com o desinteresse na apresentação de soluções aceitáveis que se reflictam de modo positivo na qualidade de vida dos residentes e no protelamento do cumprimento de objectivos contidos na Lei Básica.

Ontem, na Assembleia Legislativa, ficou evidente que alguém anda de cabeça perdida e que a falta de sentido de algumas propostas legislativas tinha de acabar por ter consequências.

O motivo chegou com a despropositada, para não dizer ultrajante, proposta de alteração do regime dos feriados obrigatórios previsto na Lei das Relações do Trabalho.

Aqui há uns anos seria impensável ouvir na Assembleia Legislativa uma deputada como Ella Lei, oriunda dos sectores mais tradicionais e representando um dos braços fortes de Pequim em Macau, a Associação dos Operários – "um dos históricos satélites do Partido Comunista Chinês em Macau", chamou-lhe com propriedade a jornalista Sónia Nunes (Ponto Final, 17/09/2013) – dizer, perante uma iniciativa do Chefe do Executivo e do seu Governo, que "o desenvolvimento económico não é pretexto para enfraquecer as garantias dos trabalhadores", que "Macau é uma cidade rica mas está a retroceder quanto à garantia dos feriados obrigatórios", que existe "desequilíbrio de poderes" e que é inaceitável "uma redução das condições de trabalho e um recuo dos direitos laborais", alertando para o desprezo "dos costumes chineses e das tradições culturais", para rematar com um sonoro "produzir leis não é o mesmo que negociar numa feira".

Depois de Ella Lei ainda houve quem aproveitasse para citar o Presidente Xi Jinping e recordar o impensável em 2018, isto é, que os feriados já vêm do tempo da Administração portuguesa.

O que por aquela deputada foi dito, aliás secundado por alguns dos seus colegas, significa que o copo transbordou e que para os sectores tradicionais chineses quem está ao leme não consegue fazer a leitura do azimute político e desconhece o rumo que a embarcação devia seguir.

Mais do que um aviso, as intervenções de ontem no plenário marcam desde já a apresentação das Linhas de Acção Governativa para 2019, que dentro de algumas horas começará a ser feita na Assembleia Legislativa. E vêm no seguimento do que já transpirou a propósito dos sucessivos recados de Pequim, o último dos quais antecedendo a participação de Macau na recente Expo de Xangai.

A somar às derrotas judiciais e aos novos atrasos na execução de obras públicas, com o consequente encarecimento, para o Chefe do Executivo não havia forma mais frágil e desoladora de entrar na derradeira fase do seu mandato do que com as declarações de Ella Lei.

E isso diz muito sobre o que foram os anos que se perderam. Também sobre o que ficou por fazer e o que aí vem a partir de Dezembro de 2019. Não vale a pena ter ilusões.

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edp

por Sérgio de Almeida Correia, em 06.08.18

Em 2009 escrevi que a "culpa pelo mau serviço que presta ou é do frio, ou do calor, ou do vento, ou de uma cegonha irresponsável que pousa onde não deve e dá cabo da rede". 

Volvidos estes anos a história repete-se, os apagões continuam.

E, de novo, a culpa é do calor: "O calor é muito, existe uma sobrecarga da rede muito grande, mas estamos em regime de alerta e conseguimos mobilizar muito rapidamente uma equipa para o local, que resolveu o problema com a maior celeridade, apesar de ser um problema de grande dimensão”.

Se quando regressar a casa o frigorífico estiver de novo avariado e os demais equipamentos emudecidos já sei qual a razão. E a quem pedir responsabilidades. 

Os anos passam, tudo continua na mesma. Com calor ou sem calor. A EDP é como a CGD, o país e os partidos: irreformável.

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prioridades

por Sérgio de Almeida Correia, em 30.04.18

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Desconheço se, para além da candente questão do reforço da segurança interna da Pátria, todos os Secretários do Governo da RAEM e demais altos dirigentes que os acompanharam à acção de formação que teve lugar em Pequim, no decurso da semana finda, foram alertados para os problemas de saúde pública de Macau.

Como não sei se isso aconteceu, à cautela, deixo aqui, de novo, mais um reparo e uma chamada de atenção para a situação da cidade e o que se passa no NAPE, mesmo nas barbas do Ministério Público.

Desta vez, como se pode verificar pela foto de cima, consegui apanhar a lixeira aberta, o que normalmente acontece todos os dias em períodos regulares.

Mesmo ao lado dos Serviços do Ministério Público existe uma lixeira disfarçada, mas facilmente verificável por qualquer pessoa, criada num espaço que, penso eu, devia ser uma área destinada ao comércio ou que constitui zona comum de um edifício em propriedade horizontal.

Também não tenho informação que me permita saber se as escadas interiores dessa espelunca dão acesso a algum restaurante. Estou convencido de que sim, tantas são as caixas de alimentos e o lixo que ali é diariamente depositado. O espaço, pelo cheiro que dali vem, nunca deve ter sido lavado desde que existe. Como aliás deve acontecer com quase todos os passeios e locais de depósito de lixos do NAPE, que são fonte de reprodução de baratas, rataria e seres vivos similares, os quais não são particularmente reconhecidos pelo seu contributo para a higiene e bem-estar dos humanos.

Eu também sei que o IACM anda mais preocupado em "enjaular" os espaços verdes de Coloane, fazendo obras horríveis e que não servem rigorosamente para nada na Estrada do Alto de Coloane, e que, aliás, nunca fizeram falta, assim dando dinheiro a ganhar aos vendedores de tintas, ferro e cimento, do que em conduzir uma verdadeira operação de limpeza urbana, que resgate a cidade ao lixo, aos maus cheiros, às gorduras que nos fazem escorregar nos passeios imundos, e a toda a bicharada que acima referi. 

Admira-me que o Ministério Público consiga conviver lado a lado com esta inqualificável nojeira, e outras na mesma zona. Mas, apesar disso, volto a insistir para que se faça alguma coisa. Talvez a associação cívica do deputado Sulu Sou queira convidar os deputados da AL a visitarem o espaço que a foto ilustra.

Porque é uma vergonha que uma cidade que se quer internacional e de turismo continue a manter níveis de higiene típicos dos países mais pobres dos mais pobres do Terceiro Mundo.

O que se passa no NAPE é um escândalo e todos os responsáveis pela saúde e higiene públicas da RAEM deviam pedir desculpas à população.

Quanto a quem tutela o IACM já nem digo nada. Nem espero alguma coisa. Talvez o estado a que isto chegou também explique a razão para que tenham afastado eleições directas para um órgão autárquico. Assim, da maneira que isto está, e que como é previsível assim irá continuar, ninguém responde por esta e outras "nojeiras". Até quando?*

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 * - Desde já esclareço os poderes públicos da RAEM, bem como o senhor Presidente do IACM, de que estou disponível para lhes fazer uma visita guiada, fora das minhas horas de trabalho, pelos locais da cidade, e não apenas do NAPE, que são a vergonha de todos os cidadãos que querem bem a Macau. Para ver se eles percebem a gravidade do problema. E, já agora, até onde chega a incompetência (mas não me perguntem de quem para eu poupar alguns deles à vergonha).

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misérias

por Sérgio de Almeida Correia, em 17.04.18

Não, a questão não é apenas a de saber se é legal ou não. É de outra ordem, mas não vou perder mais tempo a repeti-lo. 

E não pode ser colocada nos termos em que ele o faz. Desta forma, está-se apenas a tentar escamotear, sem sucesso, a questão principal. Além de que é perfeitamente irrelevante para o que está em causa que nas duas últimas deslocações o custo tenha sido inferior ao que está fixado por viagem ou que tenha viajado em classe económica.

O problema, como qualquer cidadão de boa fé e minimamente inteligente perceberá, é outro. É o de saber se os subsídios são cumuláveis e se mesmo não se esgotando o valor atribuído para as viagens o deputado tem o direito a encher o bolso com a diferença não utilizada. Isto é, para que todos percebam, com o diferencial do dinheiro que todos os contribuintes deram para uma função muito específica. 

Mesmo que fosse legal, e eu considero que não é, seria sempre ética e moralmente discutível aos olhos de todos que embolsassem a diferença. Isto deveria ser o bastante para nem sequer se atreverem a pedir o parecer. 

Lamento que um indivíduo na posição dele e com as suas responsabilidades não tenha querido compreendê-lo, dando logo o exemplo, e em vez disso tente dar a volta ao prego. Como se as pessoas fossem estúpidas.

Feio, muito feio. Mesmo para quem vê de longe.

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