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oportuno

por Sérgio de Almeida Correia, em 08.04.21

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No sentido texto que escreveu no Delito de Opinião a propósito do falecimento do Jorge Coelho, um homem bom e de bem que cedo partiu, e cuja simpatia, humor e afabilidade a poucos deixava indiferente, o Pedro Correia recordou um episódio ocorrido em Macau a propósito de uma manifestação de polícias que ameaçavam invadir o Palácio do Governo, ali na Praia Grande, num tempo que ainda havia baía e a especulação imobliária não tinha tomado conta da cidade.

Nesse tempo, o Palácio não tinha muros, nem grades, que não tendo sido necessários no tempo colonial só foram introduzidos por decisão do novo governo da RAEM depois da transferência de administração em 1999.

Como ali bem se lembra, houve manifestação de polícias. E também me recordo de outras, como uma de indocumentados, cujas situações foram regularizadas numa época em que a Região tinha muito menos gente, a todos acolhia, e a cidade ainda não estava pejada de câmaras e da mais moderna tecnologia securitária para proteger os governantes do seu próprio povo.

Os tempos são outros. Hoje, são os polícias que então se manifestavam, sem que nenhum mal lhes acontecesse, os primeiros a proibirem manifestações, desfiles e reuniões. Ora sem motivo, ora pelas razões mais estapafúrdias.

É por isso oportuno trazer de volta essa memória, em especial para alguns ignorantes, vindos sabe-se lá de onde, que vociferam por tudo e por nada contra o passado colonial sem que ao menos o conheçam.

E também a outros, que tendo-se habituado a servir de gatas os anteriores senhores, agora se afadigam em mostrar serviço aos novos, escondendo de onde e como vieram, mesmo que para tal desvirtuem a história e a memória a troco de pacotes de amendoins.

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memória

por Sérgio de Almeida Correia, em 05.05.20

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"Sabe-se que a identidade pessoal reside na memória, e sabe-se que a anulação dessa faculdade resulta na idiotice" (História da Eternidade, 1936)

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memória

por Sérgio de Almeida Correia, em 04.06.19

merlin_155529741_1308c562-024d-46ea-9e15-6a044a6c4(Catherine Henriette/Agence France-Presse — Getty Images)

Trinta anos depois promove-se a estratégia OBOR (One belt, One road) e a Grande Baía. Há sorrisos, brindes e fatos de bom corte em tecidos nobres. Tudo o que aconteceu em 4 de Junho se mantém escondido e silencioso. Em Hong Kong e Macau, outrora locais de abrigo e acolhimento de quem precisava, são poucos os que conhecem a história recente do País. Há jovens que desconhecem, inclusivamente, o passado anterior a 1997 e 1999 e a herança de outras administrações. Pensam que tudo foi sempre assim. A ignorância ajuda a manter o silêncio. Goza da cumplicidade dos poderosos. E tirando uma ou outra vigília, uma ou outra vela que se acende, os anos passam sem que se faça luz sobre o que aconteceu em 4 de Junho de 1989. A perpetuação da memória é a única forma de honrar os mortos e manter a chama acesa, mesmo sem quebra-vento que a proteja dos golpes que diariamente lhe são desferidos em nome do patriotismo e do desenvolvimento. A História pode ser escondida, manipulada, deturpada, omitida, ostracizada, vilipendiada, numa palavra ignorada. Só não se apaga.

 

Mais leituras:

The land that failed to fail

What I learned leading the Tiananmen protests

How I learned about Tiananmen

The new Tiananmen papers

Reflections from Macau – We don't talk (enough) about Tiananmen

Acontecimentos em Portugal noticiados como banho de sangue

O outro lado

As datas-chave de Tiananmen

Atonement

How Tiananmen crackdown left a deep scar on China's military psyche

Tiananmen Square crackdown 30th Anniversary

Tiananmen: resistir para não esquecer

Sete semanas de sonhos democráticos destruídas numa madrugada

There is every reason why Beijing must revisit its June 4 verdict

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dominicano

por Sérgio de Almeida Correia, em 04.03.19

No passado, a propósito das escolhas do Chefe do Executivo para a sua primeira equipa governativa, logo referiu "erros de casting que se vão pagar caros" e a opção por uma "fórmula de compromisso que não vai durar muito tempo e que haverá possibilidade de corrigir alguns dos tiros de partida que não vão conduzir a lado nenhum." (JTM, 17/12/2009)

Mais tarde, noutro registo, chegou a dizer que "há lá [na AL] gente que não vale nada" e que atinge o 'limite da mediocridade", bem como que "há pessoas que não têm o grau de inteligência para estar ali, nem em outro lado" (JTM, 03/10/2012).

Em nenhum dos casos teve a coragem de esclarecer a quem se estava a referir.

Ficou tudo no ar. Vago. 

Na sexta-feira passada, presumo que apanhado de "raspão", permitiu-se vir dizer, agora a propósito da eleição para Chefe do Executivo da RAEM, é "sempre saudável haver concorrência" , e "acho que ambos [Ho Iat Seng e Lionel Leong] são excelentes candidatos, depois logo se verá."

Passada a fase eleiçoeira, em que tocou a rebate os sinos do convento, aproveitou para pôr na boca dos outros o que nunca disseram, tresleu o que foi dito e escrito, atribuiu juízos de intenção a colegas e os ofendeu na sua dignidade pessoal e profissional; assegurado que ficou mais um mandato; esquecendo-se do que disse, depois de se ter permitido criticar quem, não tendo as suas responsabilidades de dirigente da única associação pública da RAEM, como bem gosta de enfatizar, sempre emitiu as suas opiniões de forma livre e descomprometida, assumindo toda a responsabilidade e sem comprometer ninguém, eis que voltou rapidamente ao registo habitual.

Não sei o que "logo se verá", mas para já o que se vê e se recorda, não vá a memória evaporar-se, foi o que foi dito e o que diz.

Ele pode emitir opiniões políticas enquanto presidente da AAM e dizer quem são os bons candidatos a Chefe do Executivo. Os outros não.

Da minha parte não há, nem podia haver, qualquer crítica a que um cidadão, residente de Macau, e mais a mais qualificado, se pronuncie sobre matérias de natureza política que a todos dizem respeito. A política, a intervenção cívica e a emissão de opiniões e comentários políticos não são lepra, nem uma doença contagiosa.

E também não justificam que um tipo faça birra, fique todo enxofrado, e até faça tudo para não ter de cumprimentar quem frontal e lealmente o criticou. 

Mas lá que é preciso ser muito esquecido e ter topete para andar a criticar nos outros aquilo que o próprio faz com o maior desplante, lá isso é preciso.

"Bem prega Frei Tomás, que bem diz e mal faz", fazei o que diz e não o que faz.

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memória

por Sérgio de Almeida Correia, em 30.12.17

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Chegar ao fim.

Pode parecer duro, talvez mesmo cruel, assim dito desta forma seca, áspera, que por vezes soa tão violenta. Nunca me foi tão fácil dizê-lo. E ao mesmo tempo é tudo tão profundamente tormentoso.

Será difícil esquecer um ano sentido entre o pico do Evereste e a escuridão da fossa de Mindanau, em que de tudo um pouco e até o nada que aconteceu conseguiu ser tão perturbante.

O sucesso académico, e os termos de que o seu reconhecimento veio acompanhado na pátria que ficou para trás, mas também nas muitas que me foram acolhendo fora de portas, culminando anos de intenso trabalho, distribuindo o tempo — essa miragem que nos foge segundo a segundo e a que por vezes, estupidamente, damos a liberdade de se escoar ainda mais depressa — entre conferências, seminários, palestras, gabinetes, escritórios, bibliotecas, livros e revistas sem fim, jornais, até rádio e televisão, imagine-se, eu, aspirando a que os olhos não se cansassem, temendo que a luz lhes faltasse e as letras começassem a turvar-lhes o caminho, quando por momentos pensava em Borges e no meu Padrinho, cegos para a eternidade com tanto para fazerem, alternando o seu brilho, o dos meus, que me dizem ser intenso, com a mais profunda e desconsolada tristeza, assistindo impotente à partida daqueles a quem ficarei para sempre ligado por laços indestrutíveis de camaradagem, tornados eternos por essa mesma partida precipitada, comprometidos por amizades sem cedências, recebendo o exemplo de um combate incapaz de vacilar, imune a constrangimentos e dificuldades. Tão lento quanto feroz, mas capaz de fazer estremecer as portas do Céu.

E depois ver, e olhar com aqueles mesmos olhos, a tristeza dos outros olhos que me são mais queridos, sentindo-os envelhecer longe, desprotegidos do conforto a que sempre se habituaram, ali esperando, também eles, que os dias fossem mais curtos, menos penosos, ansiando desesperadamente pelo escoar do tempo enclausurado entre as paredes daquele mundo distante e rude que se tornou o deles, tornando mais amargos os seus próprios queixumes, as recriminações contra um ramerrão estranhamente atribulado, sem que percebessem o porquê tão intenso de tal destino, lavrando impropérios, frases soltas de revolta contra o tempo que eu queria controlar.

Como se alguma vez fosse possível amenizar a dor, aquela que é de facto sentida em cada hora, encurtando-lhe o tempo, penteando-a, escanhoando-a, enfiando-lhe uns rolos, mudando-lhe os pijamas e os lençóis, as fraldas, as camisolas coçadas que passaram a ser as de todos os dias em que o tempo parou.

E depois eu voltava a sair para o mundo, para o outro, em que o tempo é contado, tão longe deles e ali mesmo ao lado, comigo sentado na cadeira colocada ao seu lado, ou na borda da cama, enquanto via o seu esforço para comer, para que a couve não lhes caísse na mesa ou no tabuleiro, para que a manga já mergulhada no molho não se sujasse.

E depois não poder partilhar as minhas pequenas vitórias lá de fora, do outro mundo, do mundo de onde eu vinha e para onde iria logo a seguir, tornando ainda mais curto o seu tempo e mais prolongada e distante a minha ausência, dor sempre embarcada e a cheirar a combustíveis, tantos que se tornou indiferente saber se entre tantas estradas, portos e aeroportos se tratava de gasolina, de gasóleo ou de querosene, e onde a única certeza era a de que jamais teria a felicidade de me cruzar com eles, de poder abraçá-los, assim na rua, no meio das outras pessoas, numa estação, numa sala de embarque, no quiosque dos jornais, dar-lhes um beijo terno, como se fossemos ainda as pessoas normais que éramos antes desse sacana do tempo resolver tomar conta de nós e deles, castrando-nos outros sonhos e maiores prazeres definitivamente irreconciliados por força dele. E das chagas que os trouxeram até aqui.

Chegar ao fim sentindo que tudo o que foi feito ainda está por concluir, que o meu tempo se está a apartar cada vez mais do deles e que ambos e tornaram gelatinosos, fugidios, como aquele resto de pudim que se lhes escapa da colher, ali, às voltas pelo prato, até soltarem novo impropério, exaustos, abandonando essa luta sem sentido até que alguém lhes dê uma ajuda.

Ah, como estão longes e distantes aqueles dias em que caminhávamos junto ao mar, ouvíamos Rachmaninov e Brel, tomávamos juntos um copo de vinho, falávamos de futebol, de livros e de política. Para a Mãe o futebol ainda faz sentido, mas agora só se lembra do Eusébio e dos remates dele naquele jogo que nunca soube qual foi porque já se esqueceu. Aquele memória já não sabe de que era é, nem como se sobe o som do telemóvel.

Chegar ao fim tornou-se numa preocupação. Agora tudo se tornou em chegar ao fim. Para todos nós. Chegar ao fim do livro, chegar ao fim do jogo, chegar ao fim da corrida, chegar ao fim da rua, chegar ao fim da fila do supermercado, da farmácia, do estacionamento, das consultas, da urgência hospitalar, das finanças, para depois se chegar ao fim do dia, ao fim da noite, ao fim do mês, até se chegar ao fim do ano.

Esperando sempre que esse fim não chegue ao fim sem eu chegar. Sem que eu possa ver então o tempo partir ficando eu no mesmo lugar. Como tantas vezes fiquei este ano, sentindo a injustiça que há nisto tudo. No tempo deste tempo, que não tarda vai outra vez chegar ao fim. Para que amanhã as nuvens voltem a passar, o chão a sorrir, a correr, a saltar, a nadar, como se o tempo não existisse, como se não houvesse horas nem relógios, que ainda há alguns que também dão o tempo. O nosso e o deles. Vingativos, cobardes, acintosos, com a amargura estampada nos ponteiros, no tiquetaque rançoso do despertador, nos números encarnados do digital da mesinha, piscando quando a outra tipa vem e desata a bater com o tubo do aspirador em tudo o que é sítio com medo que o tempo não lhe chegue para se despachar mais cedo sem escaqueirar a mobília e as suas mossas, mais as tomadas, antes de acabar com as franjas dos velhos tapetes de um qualquer desses buracos terminados em “ão” onde o tempo parou no tempo e nas mãos de quem os teceu.

E é assim que se chega ao fim. Sem ruído. Tão perto e aqui tão longe. Onde ele está sempre presente, sem tom nas cores dos dias, perdido no cinzento dos séculos, para sempre imerso no tempo, num tempo que eu ainda espero, no meu íntimo, que não seja o último.

E que eu veja, e os veja, mesmo assim, quando ainda me podem abraçar, dar um beijo, um abraço na lonjura deste tempo que não me perdoa. Nem eu a ele. Até chegar ao fim. Porque ninguém merece um tempo assim.

 

Bom Ano Novo para todos vós. Que sejam felizes. Com saúde.

 

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história

por Sérgio de Almeida Correia, em 24.07.15

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Em 1983 Portugal sofria a segunda intervenção do FMI. Nesse mesmo ano, a situação económica do país conduziu à formação do "Bloco Central". A 9 de Junho desse ano o governo tomou posse. O então Presidente da CIP afirmava ser preferível chamar o FMI à ruptura financeira. Silva Lopes, que fora ministro das Finanças considerava inevitável chamar essa instituição internacional para nos ajudar.  A 18 de Julho de 1983 o FMI chegava a Portugal. A intervenção terminou em 1985, ano de eleições legislativas, não tendo chegada a ser recebida a última tranche que havia sido negociada devido à incapacidade de Portugal em cumprir com o que fora acordado.

Nesse ano, o PS escolheu Almeida Santos para seu candidato a primeiro-ministro, tendo conseguido obter o seu pior resultado de sempre. O slogan dessa campanha foi "43% para governar Portugal". O PS queria uma maioria para governar. Os portugueses, zangados, deram-lhe menos de metade do que pedira. Um candidato, um slogan e uma campanha que se revelaram um verdadeiro desastre. Nessas eleições legislativas, que tiveram lugar em 6 de Outubro de 1985, o PSD obteve 29,87% dos votos, o CDS 9,96%. O PSD de Cavaco Silva formaria governo sozinho, não obstante a difícil situação económica do país. Cairia dois anos depois com a aprovação de uma moção de censura. A democracia funcionou e a seguir o PSD venceu as eleições com uma larga margem, o que permitiu a sua permanência no poder durante uma década. 

O Cavaco Silva de hoje não teria aceitado tomar posse em 1985 à frente de um governo minoritário. Com o que teria inviabilizado uma maioria absoluta do seu partido nas eleições seguintes. Foi com um governo minoritário que Portugal entrou na então CEE, na Europa, como hoje se gosta de dizer. O Cavaco Silva de hoje tem a memória curta. Muito curta. O Cavaco Silva de hoje é um arremedo do Cavaco Silva de 1985. Décadas de exercício do poder retiraram-lhe lucidez e discernimento. O corajoso que em 1985 foi empurrado para a liderança do PSD, que aceitou formar governo e tomar posse em condições minoritárias, tornou-se num político medroso, autoritário e sem estamina. E, pior que isso, capaz de usar o cargo que lhe foi confiado como Presidente da República para condicionar a democracia, para condicionar a liberdade de voto, para condicionar consciências, usando a sua posição institucional para impor os seus desejos.

Só os portugueses podem escolher o seu futuro, só os portugueses sabem o que é melhor para si. Se escolherem mal serão os primeiros a sofrer, mas o que escolherem será sempre a sua vontade. A democracia é antes de mais a aceitação das regras do jogo. Quando um Presidente da República se esquece disto, resolvendo intervir a coberto de uma hipotética razão de Estado para orientar as escolhas, quase que apelando a esta distância ao voto útil, está desde logo a inquinar e condicionar o debate entre os concorrentes.

Este é um sinal de que se esqueceu de tudo. É triste quando um homem se esquece do seu próprio passado.         

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tiananmen

por Sérgio de Almeida Correia, em 04.06.14

O exemplo só pode ser recordado ser for conhecido. 25 anos depois volta a ser 4 de Junho. Aqui no Delito também. E como para se conhecer e recordar é preciso antes preservar, em Hong Kong foi recentemente inaugurado um museu dedicado aos acontecimentos da Praça da Paz Celestial. Porque enquanto se espera pela verdade não convém ficar de braços cruzados. O silêncio pode ser sepulcral, mas a memória vive e reproduz-se através de actos concretos.

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