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arteirices

por Sérgio de Almeida Correia, em 02.09.15

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"Aquilo que digo é aquilo que sempre disse - e que tive oportunidade de dizer na comissão de inquérito ao BES (Banco Espírito Santo): que os contribuintes não serão chamados a cobrir qualquer prejuízo com este processo. Isso cabe ao Fundo de Resolução."

 

"É verdade que há um banco público (CGD - Caixa Geral de Depósitos), que faz parte dos bancos do sistema, mas isso decorre da existência de um banco público, que é um banco igual aos outros em termos de direitos e obrigações para esta matéria. Em todas as outras questões, os contribuintes não serão chamados. E no caso da CGD é uma via indire[ct]a, que decorre do facto de o banco ser público." - Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças

 

A senhora ministra também pode dizer de dedo espetado que os alunos das universidades portuguesas não pagam propinas, que não têm que se preocupar com o seu valor porque quem paga não são eles, são os seus pais. Qualquer aluno, por muito cábula que seja, mesmo um jotinha, sabe que isso não é verdade. E se perder o ano, sendo um aluno e filho minimamente responsável, ficará envergonhado perante os pais. Porque sabe que o dinheiro dos seus pais, se não tiver sido roubado nem caído do céu, lhes custou a ganhar, saiu-lhes do pêlo para que as propinas fossem pagas e ele pudesse frequentar a universidade. E sabe que esperavam que ele também tivesse correspondido ao esforço que fizeram.

Por isso, declarações como as transcritas só são boas para serem aplaudidas nos comícios da Universidade de Verão. Lá é que a senhora ministra pode fazer dos outros parvos, ser aplaudida em cada frase que profere, dar a volta à praça e sair em ombros.

Na vida real não é assim. Directa ou indirectamente, o dinheiro vai sair do bolso de sempre. Umas vezes é pescado pela mão direita do contribuinte, de outras pela sua mão esquerda. Depende das legislaturas. Mas às vezes o dinheiro é-lhe tirado antes de entrar na conta bancária, antes de lhe chegar ao bolso, sem que lhe tenha sido perguntado se está disposto a pagar. E, às vezes, até depois do primeiro-ministro lhe ter dito que podia ficar tranquilo. É este o caso.

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promiscuidades

por Sérgio de Almeida Correia, em 21.04.15

"Mas o que sobressai são as aplicações financeiras que António Varela, que tem uma larga carreira no sector financeiro e foi indicado pela ministra das Finanças para o cargo que actualmente exerce, possui em diferentes bancos. De acordo com o documento, que, como manda a lei, chegou ao Palácio Ratton após a nomeação, o gestor detém 1357 acções do Santander e uma acção do BCP, além de títulos de outras cotadas portuguesas, como a Mota- Engil e a Portugal Telecom. E é ainda dono “de metade”, como o próprio refere, de outras 506.261 acções do BCP, de 37.824 do suíço UBS, de 1253 do Santander Central Hispano, de 110 do Deutsche Bank e de 25 acções preferenciais do Banif (com o valor nominal de 1000 euros).

O portefólio de investimentos do administrador do Banco de Portugal abrange ainda obrigações (dívida) de diferentes entidades, incluindo uma do Santander US, com um valor de 100 mil euros, duas do BCP (avaliadas em 50 mil euros cada), uma do BBVA no mesmo montante e ainda 50 do Banif (a 1000 euros cada). António Varela também é detentor de obrigações de outras empresas, como a EDP ou a Telefónica, tendo investido igualmente em dívida grega.

A carteira declarada ao Tribunal Constitucional estende-se ainda a participações em diversos fundos de investimento, alguns dos quais rela- cionados com a evolução de títulos da banca, de divisas ou de dívidas soberanas. (...)" - Público, 21/04/2015, p. 18

 

Como é possível transmitir uma imagem de seriedade e confiança aos portugueses - já nem falo em garantir a isenção e a independência de actuação e decisão - quando se nomeia para regular quem tem interesses naquilo que regula?

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cábulas

por Sérgio de Almeida Correia, em 26.03.15

Aquilo que há um ano era veementemente negado tornou-se ao fim de doze meses numa inevitabilidade.

Podiam ter aprendido alguma coisa com as meias-verdades e as aldrabices dos que os antecederam, mas a partidarite e a cegueira política e ideológica eram de tal forma graves que preferiram aldrabar os portugueses enquanto lhes atiravam areia para os olhos. Uma coisa é dizer que não há custos, outra é escamoteá-los, negá-los, ridicularizá-los desde a primeira hora para por fim acabar a admitir uma "minimização" de custos do lado dos contribuintes.

Qualquer solução teria custos. A escolhida pode ter sido a menos gravosa para os contribuintes, mas ainda assim não valia a pena ter mentido de forma tão descarada dizendo que os contribuintes não iriam suportar quaisquer custos. Se outros não houvesse sempre haveria os sociais.

É esta tão flagrante falta de seriedade no exercício do poder, no exercício da actividade política, e que persiste há várias décadas, que torna tudo mais difícil neste país. Pior só mesmo vir agora dizer que se se for governo se vai pagar a toda a gente e mais alguma.

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facturas

por Sérgio de Almeida Correia, em 09.10.14

fe0336f1-e299.jpg(a foto pertence ao Expresso e foi tirada daqui)

Gente séria tê-lo-ia admitido desde o princípio, tal como muitos atempadamente alertaram. 

É mais um "tecno-embrulho" que, de novo, não constava do pacote testamentário recebido dos antecessores. E volto a dizer que não estou a discutir a bondade da solução encontrada, nem se é melhor ou pior que a do BPN, apesar de sem rebuço admitir que em princípio será menos má. 

Em causa está, porque é isso que me preocupa no padrão comportamental dos dirigentes políticos, a actuação política em concreto de quem decidiu e as declarações que a suportaram, destinadas a atirar areia para os olhos dos contribuintes.

Se pode ser estabelecido um paralelo entre este caso e o BPN, para lá da inenarrável actuação do supervisor, ele encontrar-se-á na forma como em ambos os casos se assumiram riscos iludindo a opinião pública sobre os custos inerentes. Sem frontalidade, sem transparência, fazendo dos outros tolos. A começar pelo Presidente da República.

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ursos

por Sérgio de Almeida Correia, em 11.06.14

Depois de tudo o que foi dito sobre o Tribunal Constitucional e os seus juízes, e as dificuldades que estes "criaram" ao Governo pelo último chumbo, a ministra das Finanças admite agora poder prescindir do último cheque da troika.

Perante isto, não sendo o primeiro dia de Abril, há poucas conclusões a tirar:

(1) não precisavam do dinheiro e andaram, de novo, a esmifrar os contribuintes sem necessidade;

(2) fizeram uma tempestade num copo de água por causa do TC para ver se criavam uma crise política, radicalizavam os espíritos e obrigavam o PR a convocar eleições;

(3) andaram a gozar com o Zé Povinho.  

Em qualquer um dos casos, o que a ministra disse foi muito feio, revelando uma tremenda falta de respeito para com quem lhe paga o ordenado.

Ninguém gosta de fazer figura de urso. Mas foi essa a nossa figura. E, se assim foi, talvez seja altura dos ursos comerem a foca. 

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