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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Dele se pode dizer que é um homem em movimento. Em movimento perpétuo, uma espécie de corpo celeste emitindo luz própria e sempre a correr daqui para lá e acolá tantos são os projectos. Hoje um, amanhã outro. E como se não lhe bastassem todos os prémios e menções que já recebeu e que em muito têm prestigiado a fotografia universal que fala em português, lembrou-se de criar, já que de um criador se trata, o Ochre Space. Ou melhor, digo eu, a Galeria Ochre.
Devido à pandemia ainda não franqueou as suas portas ao público, mas em breve fá-lo-á porque há locais onde não há mal que sempre dure.
A luz de Lisboa ficará certamente enriquecida com mais este acolhedor espaço dedicado à fotografia, onde será possível encontrar a dita em dimensões generosas, as do anfitrião e dos amigos que ele convidar, muitos livros, e todas as Zine que o João Miguel já produziu.
Eu espero lá poder passar um dia, e também visitar a família e os amigos, assim que me seja possível sair desta suave colónia onde resido e ultimamente cumpro pena com uma dose tripla de vacinas, sem ter necessidade de no regresso cumprir uns fantásticos vinte e um dias de quarentena no hotel para onde me enviarem – se houver disponibilidade de quartos, claro, pois que de outro modo ficarei "pendurado" no exterior, à falta de melhores ideias –, usufruindo de uma comida maravilhosa, os quais serão depois acrescidos de mais oito dias de castigo em casa por me ter lembrado de saltar a cerca.
(foto daqui)
Esteve antes em Lisboa, e já aí está há alguns dias, mas como não sou muito dado a inaugurações e vernissages só no fim-de-semana, sem holofotes nem confusão, lá fui.
E confesso que fiquei francamente agradado com o que vi, não tendo por isso qualquer relutância em aconselhar uma visita. Refiro-me à exposição de fotografia comissariada por Rogério Beltrão Coelho que tem por título "Macau: 100 anos de fotografia". Está patente na Casa Garden e vale bem o tempo exigido.
Arrumada em dois pisos, com pormenores deliciosos nalgumas imagens que por lá se vêem, e para quem, dos mais novos, não conheceu a belíssima Praia Grande – antes de darem cabo dela da mesma forma que destruíram o património histórico edificado, e continuam a dar, para aprovarem e erguerem os monos que hoje temos, feios e degradados, os quais não serviram para outra coisa que não fosse o enriquecimento de alguns dos nossos tribunos e de mais meia dúzia de cavalheiros –, é uma oportunidade de revisitar o passado.
Da recordação dos muros que circundavam a baía ao Largo do Senado, ao Clube Militar, à muralha do Quartel de S. Francisco, à Penha, ao velho Palácio, ainda sem estar enclausurado, à construção da sede do BNU ou à frágil beleza das meninas da Rua da Felicidade, tudo completado com mapas antigos e filmes da época, está lá uma significativa parte da história do último século de Macau.
O catálogo que me foi dado apreciar reflecte o cuidado colocado na mostra e constitui motivo mais do que suficiente para serem dados os parabéns a quem patrocinou, organizou e comissariou.