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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
(Getty Images)
Ele podia nada ter feito, ignorar o que se estava a passar por não ser, aparentemente, nada com ele. Podia ter enterrado a cabeça na areia e seguir em frente. Até podia ter feito como outros que, entre nós, elogiaram e elogiam os jagunços, os caciques, empreendedores e facilitadores de negócios dos respectivos partidos, a sua entourage, a canalha, protegendo-a até à medula. Ele, ao invés, procurou separar águas, proteger a instituição que representa, preservar a respeitabilidade da Monarquia perante os seus súbditos. Optou pelo caminho mais difícil, por aquele que lhe pode trazer mais incómodos, maior desconforto pessoal. Porém, fez aquilo que a sua consciência e as exigências do cargo lhe impunham. Não vacilou.
Já o elogiei antes, volto a fazê-lo hoje. Porque nenhuma República, nenhum homem sério, à direita, ao centro ou à esquerda, pode ficar indiferente ao seu gesto de retirar à irmã o título de Duquesa de Palma, que lhe fora atribuído pelo seu antecessor. Os exemplos têm de vir de cima. Ele leva-o à letra. Até por isso é de aplaudir a sua coragem e o carácter de que uma vez mais dá mostras na condução dos assuntos do Estado. Como republicano que sou volto a tirar-lhe o chapéu.