Voltar ao topo | Alojamento: Blogs do SAPO
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
(créditos: Romain Perrocheau, AFP)
As últimas grandes alegrias desportivas tenho-as visto e vivido em França, ao vivo sempre que possível. E quando tal não pode ser é pela televisão, não sendo sequer necessário que esteja em campo ou em pista uma equipa que eu apoie. Mas o simples prazer de acompanhar a competição, admirar a energia, o estilo, a convicção, a velocidade, e acima de tudo a classe, a dignidade e o respeito com que normalmente tudo se processa faz-me sentir reconfortado pelo que em todas as outras semanas do ano vejo acontecer no meu país. Excepção apenas há dias em dois gestos nas finais de futsal entre Benfica e Sporting e na final feminina da Supertaça de futebol.
Desta vez está em causa o Mundial de Rugby.
Momentos notáveis de dignidade, sacrifício, alegria e desportivismo. Da arrepiante homenagem dos All Blacks aos soldados neo-zelandeses tombados na II Guerra Mundial, aos cânticos e à confraternização nas bancadas entre adeptos das equipas que no terreno se defrontam, sem que a integridade de velhos, crianças, mulheres ou a de qualquer adepto seja colocada em risco, é um festival de civilidade, boa disposição e fair play.
Quantas vezes, e em quantas modalidades, se vê um jogador da equipa que acabou de ver validado a seu favor um ensaio duvidoso dirigir-se de imediato ao árbitro, com a maior naturalidade deste mundo, a dizer que a oval não entrou e que não vale a pena o árbitro perder tempo a ver as imagens do VAR, sem que com isso seja de imediato insultado ou apodado de palerma pelos apoiantes da sua equipa?
Esta noite entrarão em campo os Lobos, Selecção Nacional de Rugby, contra uma das potências mundiais, o País de Gales. Qualquer que seja o resultado espero deles o melhor.
E apoiá-los-ei com a mesma força, abnegação e determinação com que vi chilenos, argentinos, escoceses ou namibianos entrarem em campo, correrem, placarem e lutarem como se fosse o último jogo das suas carreiras, para depois, reconfortados pelos adversários, festejarem e serem acarinhados, no final das suas magníficas prestações, com e pelos seus adeptos, apesar das derrotas sofridas.
O desporto, o amor à camisola, a entrega, é muito mais do que uma vitória ou uma derrota. E é isso que se torna tão reconfortante quando se vê a elite mundial do rugby em acção.
Que exemplos para a nossa vida simples de todos os dias. E para o futebol português.