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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Quando alguém, numa associação pública profissional, a única da cidade, depois de estar à frente dela durante cerca de 25 anos, tendo sido Presidente do seu Conselho Superior (1991-1993 e 2000-2001), Presidente da Assembleia Geral (1993-1995) e Presidente da Direcção (de 1996 a 1999; e desde 2002 até 2020), e ainda assim se predispôe fazer mais um mandato tendo cara para dizer que vai escolher um sucessor e que o Presidente do Tribunal de Última Instância está lá há muitos anos e deve sair, uma pessoa é capaz de pensar que está na Rússia de Putin ou na Coreia do Norte.
Mas depois, vendo-se com mais atenção, percebe-se que é em Macau (R.P. da China), no século XXI, quando esse alguém esclarece que anda à procura e promete encontrar um "sucessor", e que fará, imagine-se, "todos os possíveis para arranjar uma sucessão sem ruptura com o passado e que evite que eu continue a ser o presidente". E tudo sem necessidade de alterar a Constituição porque já estava tudo previsto.
Um verdadeiro mandarinato.
Eu sei que uma sucessão dinástica é sempre menos traumatizante, mas isso só é verdade se o imperador ainda conseguir ser escutado. É que não havendo sucessores, ao fim de tantas décadas, o poder acaba por cair na rua.
E não se podendo pedir alguém que esteja na linha de sucessão à Coroa Espanhola, nem à Rainha Isabel II, a solução talve seja a de os membros da dita fazerem uma vaquinha para oferecerem uma lanterna ao incumbente.
Ao fim de tantos anos à procura de um sucessor, se não for de lanterna nunca mais se encontra quem lhe tire o fardo. Quem lhe suceda no trono.