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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Se há quem admire nesta vida, um dos indiscutíveis é seguramente Alessandro Zanardi.
A notícia que todos recebemos do acidente que sofreu ontem, numa prova de estrada destinada a deficientes, constitui mais uma desgraça que se abate sobre a vida de um homem com o seu talento, a sua força, a sua perseverança.
Já não bastava tudo o que lhe aconteceu ao longo da vida, a forma como foi superando obstáculos que para a maioria seriam absolutamente intransponíveis, indo buscar força e motivação onde se suspeitaria só existir desespero e resignação, para agora ter um acidente da magnitude do de ontem. Capotar com o triciclo de handbike duas vezes, acabar batendo num camião que seguia em sentido contrário, e o helicóptero não poder aterrar no local do acidente tendo de ser primeiro transportado de ambulância para um heliporto, não é apenas um azar, mais um, na vida de Zanardi. É a continuação de uma condenação inaudita, sem sentido, de um homem bom, de um exemplo de tenacidade, e de um verdadeiro herói de carne e osso.
Se, como dizem para aí, Deus é grande, é incompreensível que alguém tenha de sofrer o que Zanardi enfrenta.
Espero que uma vez mais consiga recuperar, e que nos volte a dar a todos um motivo para continuarmos a acreditar nalguma coisa. Forza, Alex.