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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Um tal Prof. Gu Xinhua, com um "Ph.D." em "financial economics" da Universidade de Toronto, e que actualmente lecciona na Universidade de Macau (UM), esteve ontem num evento denominado Annual Conference of Macao Studies 2019 (sim, Macao com "o"). Entre outras coisas, certamente muito interessantes, também entendeu dever pronunciar-se sobre o judiciary system de Macau e sobre os legal system e judicial system de Hong Kong.
O Prof. Gu Xinhua não explicou os conceitos que utilizou para todos perceberem a que realidades se estava a referir, mas o que disse foi suficiente para o Macau Daily Times lhe dar a atenção devida, o que eu agradeço, não fossem as suas afirmações passarem despercebidas. E o que disse foi digno de uma grande sumidade, de um verdadeiro patriota.
Um professor de uma universidade, instituição de ensino superior pública, que respeita o princípio "um país, dois sistemas", e que numa conferência produz afirmações do tipo "Macau's judiciary system is not controlled by white people. This is our advantage", "Hong Kong legal system is in the hands of white people and foreigners" e "the mess of Hong Kong is due to Hong Kong's judicial system being too lenient [on those opposed to the government or police]" só pode ter vindo directamente da campanha do Grande Salto em Frente (Great Leap Forward, 大跃进) ou da Revolução Cultural. Um sucesso, portanto.
Fico encantado, como cidadão de Macau, por saber que a UM continua a acertar no recrutamento do pessoal da linha da frente. Foi pena que Chui Sai On não o tivesse já nomeado deputado. Ao lado das outras sumidades e talentos, longe do "white people" e dos "foreigners", é que ele estaria bem.
A Universidade de Toronto foi um acidente de percurso na vida do Prof. Gu Xinhua.
Se não for nomeado deputado pelo futuro Chefe do Executivo, a RAEM e todos nós devíamos ajudar o Prof. Gu Xinhua a reparar aquele acidente de percurso, mandando o seu currículo para as instituições do outro lado das Portas do Cerco. Não digo para a Universidade de Jinan, que tem lá muitos estrangeiros, mas para uma como a UM, onde o "white people" e os "foreigners" não se atrevam a aparecer.
Bem sei que a UM, apesar de ainda por lá vaguearem meia-dúzia de portugueses (white people de estimação), e alguns desde antes de 1999, entretanto reconvertidos ao maoismo, é uma das novas vanguardas do capitalismo patriótico na luta contra o imperialismo estrangeiro, mas quem sabe se uma universidade da Mongólia Interior não terá uma cátedra à altura do seu patriotismo?