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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
"Os alunos são imensamente talentosos. Nunca me canso de repetir isto. Nunca direi uma palavra contra a força de vontade dos meus alunos. São imensamente talentosos. Quando cheguei a Macau apercebi-me de que o nível era muito medíocre e quando falava com os professores o que eles me diziam era que os estudantes em Macau não eram muito bons, que não se esforçavam. Ao fim de alguns anos apercebi-me de que o problema não eram os alunos, mas sim os professores. O problema é quem educa: eles protegem-se a eles próprios, dizendo que os alunos não são bons, quando a verdade é que os professores é que não são suficientemente bons. Esta é a razão pela qual os alunos não se desenvolvem. Quando os alunos têm bons professores, os alunos são fantásticos. No meu entender, os alunos de Macau podem rivalizar com os alunos de Singapura e de Hong Kong se forem colocados num patamar que permita o seu desenvolvimento. O problema é que quem tem o poder em Macau não quer desenvolvimento. Estão interessados apenas em desenvolver a sua própria agenda étnica."
Esta entrevista de Aurelio Porfiri é um documento. Incómodo, é claro, mas especialmente importante porque é prestado por quem, não sendo português, nem chinês, nem natural de Macau, esteve por aqui durante sete anos, consagrando-os à cidade, à sua gente e aos seus jovens sem sofrer de qualquer complexo colonial. Deve ser lida e relida com atenção, e se possível discutida. O Ponto Final está de parabéns por mais este serviço oferecido aos seus leitores.