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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Por declarações anteriores, pelo estilo fanfarrão, pela falta de contenção em muitas das suas afirmações, pelo perfil "amiguista" que lhe foi apontado por Augusto M. Seabra — com toda a razão, diga-se de passagem —, pela forma como geriu politicamente a saída de António Lamas do CCB e, ainda mais agora, depois das frequências "facebookianas" em que misturava as suas opiniões pessoais com as funções do cargo que ocupava, era mais do que óbvio que João Soares não tinha condições para continuar.
O que veio dizer, à laia de justificação mal amanhada para a sua demissão, só prova o quanto estava errado. O que estava em causa nas suas declarações não era um qualquer direito à liberdade de expressão. Oferecer um par de estalos a quem o critica, mesmo que na reinação, para além de tudo o mais que possa ser dito, revelou falta de bom senso e de cultura democrática, o que para quem é filho de quem é deveria ter merecido outra atenção.
O primeiro-ministro António Costa esteve bem na forma como se comportou, porque uma vez mais demonstrou que os bons exemplos têm de vir de cima. Aquilo que disse quanto à postura de um ministro na mesa de um café tem plena actualidade, aplica-se a qualquer titular de um cargo político e em todas as funções públicas sobre as quais deva ser exercido um escrutínio rigoroso, pelo que deverá ser tomado como um aviso a ser seguido à risca pelos destinatários.
Em qualquer caso, terminado este triste episódio da nossa vida democrática, o que ficará sempre por explicar foi por que razão António Costa condescendeu quando convidou João Soares para fazer parte do seu governo. Que também a ele lhe sirva de exemplo na hora de escolher os seus colaboradores dentro do partido. Numa república, numa democracia, a linhagem não conta. O que vale é o conteúdo.