Visto de Macau

As autoridades locais agiram prepotentemente, é certo; mas agiram na base da incredulidade, como terão agido noutras vezes em que os alarmes foram falsos. Relembro as profecias de Nostradamus: em algumas acertou, em algumas. Cientificamente falando, os cientistas nunca são unânimes (reparemos na opção pela imunização de grupo, nas interpretações da curva epidemiológica, e em tantas outras discrepâncias) - e os políticos agem à luz do conhecimento actual. Muitos nem isso, como se vê nas Américas.

A verdade é que se o SARS-CoV-2 tivesse os efeitos sociais e económicos de um H1N1, hoje todos diriam que o médico era um alarmista.

A China calou e, quando percebeu que não era teoria mas realidade, tomou medidas. O resto do mundo soube com toda a certeza, e fez nada.

Desculpe, mas nem peço que ponham os olhos na eficácia chinesa, porque resultante da centralização económica (com a qual concordo parcialmente) e do forte controlo da população* (a qual deploro);
nem aceito que se culpe a China pela pandemia, cf motivos acima.
* convém relembrar que os hábitos culturais, nos quais se incluem as tais tradições que noutro postal chama de irresponsáveis, incluem descalçarem-se e lavarem as mãos quando entram em casa, ou cobrirem nariz e boca quando, doentes, estão com outras pessoas. No que toca aos alimentos, bom, eu não gosto de café e há quem, no ocidente, pague balúrdios por grãos defecados por civetas e morcegos. Tradição não será.

Espero que esteja bem, e que assim se mantenha.