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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.

E assim se passou mais um ano.
As alegrias, cada vez mais raras, tardias, as desilusões, as agruras e as tristezas são as mesmas de sempre. Os refúgios idem.
Vale a memória penetrando sempre neste entardecer pesado, quente, e cada vez mais distante dos dias que me fizeram feliz.
De braço dado com a saudade, nesta solitária modorra que assiste ao desfilar das horas, das noites, das semanas, dos meses, até que um dia também eu embarque numa viagem para longe desta litania insensata que diariamente me massacra os olhos, penetra-me os ouvidos, destrói o colorido de qualquer olhar e transfigura a ternura. Mais do que isso, cansa-me a alma.
E se logo trovejar quando se libertar a rolha do melhor néctar, será sinal de que os deuses continuam atentos. E me protegem na sua ausência.
Lá ao fundo vislumbro já a aurora. E o azul profundo do meu mar. O azul que me inebria e devolve a infância ao dobrar o Cabo.
Feliz aniversário, Mélita.