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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
(créditos: JTM)
De acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), revelados na passada quarta-feira no Ponto Final, "entre Janeiro e Setembro deste ano surgiram 8885 veículos com matrículas novas, mais 19,74% do que [n]o mesmo período do ano passado".
O número de veículos eléctricos, em contrapartida, por comparação com os números de Setembro do ano passado, correspondeu a "uma descida anual de 20,8%".
A DSEC não diz se a esse aumento de quase 20% do número de veículos com matrículas novas em circulação também correspondeu um aumento proporcional de lugares de estacionamento, ou se está a contar que os residentes comecem a estacionar em Hengqin.
Não esclarece, igualmente, porque essa também não é a sua função, quais as razões para que os veículos da Transmac e da TCM não possam circular como alguns comboios na Índia e no Paquistão, uma vez que isso iria reduzir a necessidade de aquisição de novos carros e aumentaria a capacidade de transporte das concessionárias, bastando para tal colocar umas escadas que permitissem às pessoas subir para o tejadilho dos autocarros assim que eles parassem em frente ao Venetian. Apesar dessas falhas, a Estatística ainda nos disse que quanto aos acidentes rodoviários se registou um aumento de "1166 acidentes, mais 18,1% do que em 2022." Coisa de pouca monta.
Nesse mesmo dia, o matutino Macau Daily Times dava conta de que a empresa à qual o governo entregou a exploração do serviço – Companhia de Serviços de Radio Táxi Macau S.A. – recebe mais de 10 mil pedidos diariamente, isto numa terra onde há apenas 300 táxis a operar esse serviço (se estiverem todos em circulação ao mesmo tempo), dado que nos permite perceber a altíssima capacidade das linhas da CTM que ainda consegue dar resposta a tanta solicitação. Em três línguas.
Parafraseando o Secretário-Geral da ONU, estes números também não surgiram do vácuo. E serão, certamente, uma coroa de glória de quem empenhadamente dirige a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego.
Tirando algumas questões de pormenor que só atrapalham, como os buracos nas estradas, as obras, os atropelamentos, as barreiras à circulação, a descontinuidade e a ausência de passeios em muitos locais para a circulação de peões, a sinalização inexistente e a inovadora que é usada nalgumas obras e não consta das leis vigentes, assim como os permanentes engarrafamentos e aquela necessidade de vedar, à boa maneira colonial, o estacionamento nos parquímetros públicos de cada vez que se quer confraternizar no Clube Militar, o Chefe do Executivo tem fartos motivos de orgulho para quando em 14 de Novembro próximo for à Assembleia Legislativa apresentar as Linhas de Acção Governativa para 2024. E se não se recordar dos números é pedir antes à DSEC um pequeno memorando para os levar aos desatentos deputados.
Dizem que no interior da China a coisa está muito pior do que aquilo que por aí se apregoa, embora a própria Xinhua anuncie "uma densidade média de PM 2,5, um indicador-chave da poluição do ar, [que] cresceu 6,2% em termos anuais, para 34 microgramas por metro cúbico nos primeiros seis meses", mas em Macau, numa era de preocupações ambientais e sociais, os números divulgados pela DSEC e os das chamadas de táxis são épicos.
A boa gestão na área dos transportes é reveladora de mais uma das vantagens singulares de Macau, mostrando que a sensibilidade social, a melhoria da qualidade de vida dos residentes – dos antigos, já que os novos são uns felizardos, chegaram no pico, e ao pico –, e as preocupações ambientais têm sido a pedra de toque da governação. A estatística confirma-o.
Há momentos em que a governação de Ho Iat Seng, com toda esta animação pós-Covid, os números do jogo sempre a subir, a satisfação das concessionárias, a excelência do serviço de táxis e de autocarros, o cheiro do ar, o número de turistas a disparar, os feriados oficiais para uns e os laborais para os outros, mais as animadas sessões de julgamento com empresários de nomeada, altos quadros e pelintras, sem esquecer o procurador caído em desgraça, a testemunha que gravava os encontros e dizia que é normal pagar do outro lado, por isso não estranhou que aqui também pagasse, as referências a gratificações de dez mil patacas, os encontros no Landmark e a acção no CCAC, me faz recordar os tempos áureos da governação de Chui Sai On.
Depois de um curto interregno de promessas, das mudanças na Associação dos Advogados e na Escola Portuguesa, da reforma da legislação eleitoral e da limpeza dos elementos anti-patriotas, é bom saber que isto voltou a animar e a boa governação veio para ficar.
E, consistentemente, como se vê pelo aumento de quase 20% de matrículas novas num ano, dá frutos oficialmente comprovados pela DSEC.
Está na hora de se organizar uma parada daqueles patos gigantes amarelos no estuário do Rio das Pérolas. Pensem nisso.