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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
No passado, a propósito das escolhas do Chefe do Executivo para a sua primeira equipa governativa, logo referiu "erros de casting que se vão pagar caros" e a opção por uma "fórmula de compromisso que não vai durar muito tempo e que haverá possibilidade de corrigir alguns dos tiros de partida que não vão conduzir a lado nenhum." (JTM, 17/12/2009)
Mais tarde, noutro registo, chegou a dizer que "há lá [na AL] gente que não vale nada" e que atinge o 'limite da mediocridade", bem como que "há pessoas que não têm o grau de inteligência para estar ali, nem em outro lado" (JTM, 03/10/2012).
Em nenhum dos casos teve a coragem de esclarecer a quem se estava a referir.
Ficou tudo no ar. Vago.
Na sexta-feira passada, presumo que apanhado de "raspão", permitiu-se vir dizer, agora a propósito da eleição para Chefe do Executivo da RAEM, é "sempre saudável haver concorrência" , e "acho que ambos [Ho Iat Seng e Lionel Leong] são excelentes candidatos, depois logo se verá."
Passada a fase eleiçoeira, em que tocou a rebate os sinos do convento, aproveitou para pôr na boca dos outros o que nunca disseram, tresleu o que foi dito e escrito, atribuiu juízos de intenção a colegas e os ofendeu na sua dignidade pessoal e profissional; assegurado que ficou mais um mandato; esquecendo-se do que disse, depois de se ter permitido criticar quem, não tendo as suas responsabilidades de dirigente da única associação pública da RAEM, como bem gosta de enfatizar, sempre emitiu as suas opiniões de forma livre e descomprometida, assumindo toda a responsabilidade e sem comprometer ninguém, eis que voltou rapidamente ao registo habitual.
Não sei o que "logo se verá", mas para já o que se vê e se recorda, não vá a memória evaporar-se, foi o que foi dito e o que diz.
Ele pode emitir opiniões políticas enquanto presidente da AAM e dizer quem são os bons candidatos a Chefe do Executivo. Os outros não.
Da minha parte não há, nem podia haver, qualquer crítica a que um cidadão, residente de Macau, e mais a mais qualificado, se pronuncie sobre matérias de natureza política que a todos dizem respeito. A política, a intervenção cívica e a emissão de opiniões e comentários políticos não são lepra, nem uma doença contagiosa.
E também não justificam que um tipo faça birra, fique todo enxofrado, e até faça tudo para não ter de cumprimentar quem frontal e lealmente o criticou.
Mas lá que é preciso ser muito esquecido e ter topete para andar a criticar nos outros aquilo que o próprio faz com o maior desplante, lá isso é preciso.
"Bem prega Frei Tomás, que bem diz e mal faz", fazei o que diz e não o que faz.