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determinação

por Sérgio de Almeida Correia, em 28.08.24

Candidatura SHF 2808 2024.jpg

O ex-presidente do Tribunal de Última Instância, Sam Hou Fai, não perdeu tempo e apresentou esta manhã a sua candidatura a Chefe do Executivo da RAEM. Está por isso de parabéns.

Se mais alguém aparecer, o que duvido, será só para fazer número e dar um ar mais "democrático" ao processo eleitoral, porque o modo como este candidato se apresentou, os apoios que granjeou e a determinação com que se chegou à frente são de molde a afastar quaisquer veleidades a outros eventuais concorrentes.

As ilusões de alguns já tinham ficado em cacos na semana passada quando Sam Hou Fai disse que estava a ponderar concorrer ao lugar. Em cinco dias ficou tudo resolvido: ponderação, exoneração e apresentação oficial da candidatura. Limpinho.

Anteriormente sublinhei neste espaço a rapidez do processo, que vi como um bom sinal.

Hoje sublinho a determinação do candidato, que para mim é o mais do que certo futuro Chefe do Executivo da RAEM.

Pela primeira vez há alguém que desde logo e sem rodeios se apresenta. Sem meias-palavras diz ao que vem e porquê.

Não é da maneira de ser e de estar chinesas que se entre de rompante ou que as coisas sejam ditas de chofre, até para que os interlocutores não se sintam ofendidos.

As questões de face são muito importantes e há que preservar a tradição e os costumes, dizendo o que tem de ser dito, no que se possa revelar mais problemático, do modo menos chocante possível, pelo que não seria de esperar que logo na primeira ocasião o candidato apresentasse o seu programa com todo o detalhe. Haverá tempo para isso. Por agora, o candidato apresentou a sua equipa mais próxima e ficamos com as mensagens que serão depois desenvolvidas quando formalizar a apresentação do seu programa.

De qualquer modo, o Dr. Sam Hou Fai já antes revelara, pela sua maneira de ser e no exercício da magistratura, onde por natureza se é obrigado a decidir, que não é homem de meias-tintas. Pessoa determinada e que sem rodeios diz o que pensa, concorde-se ou não com o emissor. É um estilo que aprecio, que cultivo e que deve ser introduzido na nossa vida pública. Daí só advirão vantagens. E é bom que todos conheçamos o chão que pisamos e com quem se pode contar nas tarefas que importa realizar em prol da RAEM.

Sem prejuízo de agora, com a sua equipa, ir escutar os diversos sectores da sociedade antes de apresentar o seu programa oficial e formalizar a candidatura, o que me parece uma excelente ideia, e vem na linha do que em tempos preconizei quando pensei apresentar-me à liderança da Associação dos Advogados de Macau, não correndo o Dr. Sam Hou Fai, hoje, o risco de ver as suas ideias, a sua candidatura e o seu programa torpedeados pelas manobras subterrâneas do status quo, ficámos cientes quanto à inspiração geral da candidatura. A "motivação para concorrer deve-se ao apelo do tempo para a implementação plena, correcta e firme do princípio “Um País, Dois Sistemas”" e à "forte missão de salvaguardar a prosperidade e estabilidade a longo prazo de Macau", tendo em vista novas responsabilidades e a obtenção de novas conquistas para a RAEM.

Quanto aos recados deixados, em particular na série de perguntas e respostas que se seguiu, e que ficarão à espera de concretização, registo sumariamente que o candidato reconheceu um desenvolvimento desequilibrado dos sectores do jogo e do turismo, que têm ocupado muitos recursos, e que, no caso do jogo, esse desequilíbrio afectou a mentalidade da camada mais jovem, constituindo desvantagem para o desenvolvimento a longo prazo de Macau.

A diversificação não constitui uma opção "facultativa" e Macau, contando com o apoio da RPC, terá de se virar mais para o exterior, designadamente para os Países de Língua Portuguesa e os demais países asiáticos.

Para começar não podia estar melhor.

Não faltou, ainda, uma palavra sobre o sector financeiro, que certamente merecerá a sua atenção, sendo ademais notada a inclusão na sua equipa de um alto responsável do Banco da China, deputado e homem conhecedor da realidade local.

Embora vindo de fora, como tantos outros, há quarenta anos que aqui reside, com filhos e netos aqui nascidos, tem amor pela cidade e o seu país e, como se esperaria, inteirou-se da situação de Macau. Como se disse na tradução, sabe "como isto funciona".

É exactamente o que os residentes precisam: ver em quem os governa alguém que conheça Macau e saiba "como isto funciona" para acabar com os cambalachos e as negociatas, melhorando a vida das pessoas, em vez de andar a enterrar a cabeça na areia, deixar os problemas arrastarem-se para prejuízo de todos e benefício de uma pequena casta.

Não esqueceu a Sam Hou Fai deixar uma palavra sobre os tribunais e a saúde, sublinhando-se a imperatividade destes funcionarem bem para darem resposta às necessidades das pessoas. 

Registo ainda uma referência final aos naturais de Macau e aos portugueses aqui residentes, com os quais também conta na realização das tarefas que tem pela frente, aproveitando para recordar a sua própria formação académica e profissional e a aprendizagem da língua de Camões. Aliás, utilizou-a lateralmente durante a sessão de perguntas e respostas, em breves intervenções e ouvindo as perguntas dos jornalistas portugueses na primeira pessoa e sem tradução, algo que nunca esteve ao alcance de nenhum dos seus antecessores, constituiu manifestação de sabedoria e de confiança. E que a mim me deixa também satisfeito pois poderá ler estas linhas sem depender de outros para a tradução.

De resto, por agora, é aguardar que seja apresentado o programa de candidatura, se cumpram as formalidades e se comece a trabalhar. Macau não pode perder mais tempo.

É preciso limpar a pérola, dar-lhe brilho, retirar-lhe a sujidade acumulada nas últimas décadas.

Dispensem-se alguns zombies que por aí andam e respectivos capatazes. Dê-se-lhes a oportunidade de iniciarem novas carreiras fora da política, fora da administração pública, fora do universo do jogo e das concessões. Como verdadeiros empresários, investindo, correndo riscos com o seu próprio dinheiro, limpando estradas, enfiados numa fundação qualquer ou colocando carimbos numa escola. É preciso dar-lhes toda a liberdade para poderem fazer o que muito bem entendam sem terem de estar pendurados nas negociatas da praxe, na especulação imobiliária, nas agências de emprego, na "remendagem" de estradas, "metendo água" nas empreitadas de obras públicas. E se não quiserem poderão sempre ir servir cafés, bom café, ou, quem sabe, reformar-se.

A ver se todos começamos a respirar melhor. E se o progresso, a melhoria da qualidade de vida, o que faz falta a todos, qualquer que seja a língua em que se exprimam nesta região, chega mais depressa. Sem entraves desnecessários, sem burocracias fabricadas com régua e esquadro. Todas as pessoas de bem anseiam um progresso liberto de neblinas, de fumos e de nevoeiro, liberto de fuligem, de tráfico de influências, de nepotismo e de corrupção. Só assim haverá progresso.

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1 comentário

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De Pedro Coimbra a 28.08.2024 às 09:29

O fim da era dos empresários??

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