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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Leio esta manhã uma pequena notícia dando conta de que "Pequim estuda medidas de apoio ao Turismo em Macau".
Aliás, já tinha ouvido qualquer coisa sobre isso na rádio, e visto algo mais no site da TDM.
Não deixa de ser impressionante que garantindo a Lei Básica de Macau, a qual foi aprovada no âmbito da Constituição da RPC, ao abrigo do seu art.º 31.º, um alto grau de autonomia, reservando para o Governo Central e o Comité Permanente da APN as questões de defesa e negócios estrangeiros, agora qualquer indivíduo, chegado ontem a Macau, bota faladura sobre toda e qualquer matéria inserida no âmbito da autonomia de Macau. Mesmo sobre as questões mais corriqueiras e que apenas dependem do conhecimento, da competência e das qualificações de quem está à frente do governo local e dos serviços.
Então, mas agora é Pequim que tem de estudar soluções para a governança local? Para o Turismo? Nesta fotografia ficam todos mal, quem o diz e quem conta que outros façam em Pequim o seu trabalho.
Para que servem o Chefe do Executivo de Macau e toda a sua equipa governativa? Não é para governar a RAEM dentro do alto grau de autonomia conferido pela Lei Básica? Será que não há ninguém no Governo da RAEM que seja capaz de pensar soluções no âmbito do Turismo, da Saúde ou da Economia? No âmbito da Segurança, quer se queira quer não, há quem as pense e as aplique a toque de caixa. Podemos é depois não concordar com os métodos e as soluções, mas essa é outra história.
E só com a pandemia é que "todos os sectores da sociedade de Macau" obtiveram “uma compreensão mais clara dos problemas da estrutura económica”? Todos? Devem estar a brincar com o povo. Mas que sectores de Macau são esses que só agora se aperceberam do descalabro? Andaram a dormir até à pandemia do mesmo modo que andaram a dormir até ao tufão Hato?
O que o senhor vice-director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, Huang Liuquan, veio dizer é que na RAEM são todos incompetentes. Até para as questões mais básicas dentro do âmbito da autonomia de Macau. E o mais absurdo é que os da terra o aplaudiram. Não viram que os visados são eles próprios.
Em Macau, o poder já está "firmemente na mão dos patriotas". Pelo menos desde 20 de Dezembro de 1999. Por isso é que os escolheram. Eu não tenho qualquer dúvida sobre isso, não tenho nada a dizer ou a criticar, e sempre achei muito bem.
Mas há quem não consiga perceber que o problema não é de patriotismo. Nunca foi. É, sempre foi, um problema de escolhas e de competência. Ou de incompetência. Não vale a pena querer mascará-lo.
Aqui não há fantasmas, nem agentes externos. Há gente que gosta de Macau e que vê os desmandos, a falta de capacidade de decisão e de governança. Há muitos anos.
A incompetência nunca foi patriótica. Ponto.
Nem aqui, nem em Pequim, onde muitos foram afastados por serem incompetentes e violarem a "disciplina do partido", nem em qualquer outro país do mundo. Nada mais.