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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
E ao fim de quase três anos voltamos ao mesmo. Desta vez, o alerta foi no Fai Chi Kei. Uma mulher de 66 anos, sem vacinas, que regularmente se passeava entre os dois lados da fronteira. E uma vez mais o caso é detectado pelas autoridades de Zhuhai, que depois avisam os Serviços de Saúde de Macau.
Trata-se de um filme repetido, que de novo conduziu ao fecho de uma zona da cidade, à realização de testes em massa, ao desperdício de dinheiros públicos, à insatisfação da população.
Vivemos numa espécie de carrossel que nunca mais pára, com imensas luzes e uma música horrível e repetitiva, onde nos obrigam a andar e de onde não nos deixam sair sem que haja uma montanha de limitações e exigências. A não ser que seja para se ir ao interior da China onde continuam a nascer, e continuarão, casos de infectados. Com ou sem tolerância zero, com zero dinâmico ou com outro nome qualquer que dê cobertura à teimosia.
As autoridades de Macau continuam preocupadas com os que chegam de avião, do estrangeiro, ou de Hong Kong, pessoas que estão sempre controladas, que só viajam com testes negativos e são mantidos sob sequestro durante dias a fio sem qualquer justificação. Mas, curiosamente, as situações que levaram em Macau a situações de confinamento, ao encerramento de moradores nas suas residências, ao fecho de ruas, de bairros e da própria cidade, como sucedeu há três meses, vieram do interior da China, de e para onde muitos residentes de Macau se deslocam nos dois sentidos, de férias e em excursões, uma delas promovida por uma "escola patriótica", sem qualquer vacinação e sem estarem sujeitos às regras apertadas que se impõem a quem chega são e vacinado do estrangeiro, ou que aqui vive diariamente sem se deslocar a qualquer outro lado.
Agora dizem que vão apertar as regras das excursões, exigir mais testes e em períodos mais curtos, mas a irracionalidade mantém-se em relação ao que está errado e se recusa a corrigir. Sem qualquer justificação racional ou científica. Basta ver que para se ir à Oktoberfest do MGM é preciso realizar teste de ácido nucleico, mas se for para se andar "à molhada" e aos encontrões na MIF, num espaço interior, exíguo entre expositores, onde há muito mais gente a circular, já ninguém quis saber dos testes. Qual a diferença? Quando dentro de algumas semanas se realizar o Grande Prémio caseiro e um tipo for para o meio daqueles milhares na curva do Hotel Lisboa ou na bancada do reservatório também vão pedir testes? Será que tudo isto continua a ter algum sentido?