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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Uma das grande vantagens de se viver num estado autocrático é que qualquer pessoa pode ver os escolhidos fazerem publicamente os seus cursūs honōrum, e confirmar que serão alçados a distintas figuras, o que lhes permitirá escrever e dizer publicamente os maiores disparates.
Serão então efusivamente apoiados, citados, aplaudidos, acenarão para as câmaras, e ficarão sem resposta, o que normalmente acontece em razão de todo o povo ter percebido, logo com a primeira decisão tomada, depois sucessivamente confirmada ao longo do seu percurso público, que não passam de destituídos.
Outra é que a ausência de resposta pública mostra que a maioria pode ficar sossegada em silêncio, fazendo figura de boi, com o que vai revelando a sua tolerância e compreensão para com a infelicidade alheia; no que também é visto pelos eleitos como manifestação de reverência e respeito.
São estas vantagens – mas há mais – que lhes permitem continuar a mostrar a sua valia, até ao final dos seus dias, sem que nada lhes aconteça, dando assim oportunidade a que a História o registe, a sua ciência se reproduza, e os outros, os que fazem de bois, alguns entre os verdadeiros e senhores bois, possam pastar tranquilos.
O António que me perdoe. O Monte do Pasto não devia ser no Alentejo. Lá só há bois a sério.
(P.S. Espero que os latinistas também sejam compreensivos para com quem tem de pastar)