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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
A edição desta manhã do Público confere destaque - chamada à primeira página e mais quatro de desenvolvimento no caderno principal - à adjudicação, em 2002, a uma empresa (NTM) do antigo deputado do PSD e actual secretário de Estado da Segurança Social, Agostinho Branquinho, e da qual o actual ministro da Defesa se tornou presidente da respectiva assembleia geral após a adjudicação, de uma campanha de comunicação do programa Foral, no valor de € 450.000,00, decidida pelo gabinete do então secretário de Estado da Administração Local de Durão Barroso, o excelso Miguel Relvas.
Branquinho é mais uma daquelas personagens saídas do obscuro universo que promove jotinhas e pseudo-maçons - os verdadeiros maçons são gente de bem que não se mete nestas alhadas - sem méritos conhecidos e que ascendem na política e no mundo empresarial sem que ninguém perceba a que se devem os seus méritos e ascensão, para além das estranhas ligações que vão exibindo ao longo do seu percurso e que lhes permitem ir saltitando de S.Bento para empresas privadas que lhes eram "desconhecidas" até lhes surgir a hipótese de nelas enriquecerem, e destas para cargos públicos, sempre com a mesma ligeireza e desfaçatez.
Se a forma como o antigo deputado saltou para a Ongoing já era susceptível de deixar qualquer cidadão de cara à banda, o que depois se seguiu, com a sua nomeação, no regresso do Brasil, para a Santa Casa da Misericórdia do Porto e, mais recentemente, para o governo de Passos Coelho, revela a falta de vergonha e de memória que esta gente tem.
Enojado como saí de Portugal com tudo a que por lá assisti na última década, a única coisa que posso desejar, longe como estou, é que a sociedade civil portuguesa, o Ministério Público, os tribunais e a imprensa livre cumpram o seu papel de forma rápida e transparente. Importa, pois, que a adjudicação do programa Foral à NTM, independentemente do trabalho que depois terá sido feito, seja posta no branquinho, para que todos possam compreender como essas coisas se fazem, por quem, qual a sua dimensão e ramificações, e, em particular, com que critérios os caseiros dão as cenouras aos insaciáveis coelhos, sabendo-se que a tal NTM já fechou portas com um milhão de euros de dívidas.
Deve haver alguma maneira civilizada de pôr travão a este estado de calamidade permanente que se abateu sobre os portugueses.