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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Apresentada no 75.º Festival d’ Avignon de 2021, com encenação do português Tiago Rodrigues, seu actual director e ex-director do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, o público de Macau teve a possibilidade de assistir a dois espectáculos d’ O Cerejal, do dramaturgo russo Anton Tchékhov.
A peça, em digressão pela Ásia, saindo daqui para Xangai, Jiangsu e Pequim, foi levada à cena em francês, com tradução simultânea nos painéis laterais para chinês e inglês para todos aqueles que não dominam o idioma de Racine, apresentando como protagonistas Isabelle Huppert, no papel de Lyubov, a aristocrata e herdeira refém do passado e das suas memórias, e Adama Diop, como Lopakhine, sendo o resultado de uma vasta co-produção entre companhias teatrais de diversos países europeus e o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian e alguns outros mecenas.
Peça longa e notável nas questões sociais que coloca, e na diversidade de preocupações e visões sobre o presente e o futuro, num texto que não será fácil para a maioria, revelou-se absolutamente extraordinária na forma como agarrou o público, num palco aparentemente despido, marcado por umas dezenas de cadeiras que foram viajando por todo o lado, tão depressa arrumadas como empilhadas, e uma iluminação poderosa apoiada numas dezenas de candelabros e focos que recriavam os diversos cenários da acção.
Interpretações magistrais, cuja desconcertante simplicidade revelou bem a categoria da encenação e o elevadíssimo talento e profissionalismo dos actores, soberbamente acompanhados pela música de Manuela Azevedo e Hélder Gonçalves.
Quem assistiu não regateou aplausos no final, certamente por se sentir recompensado pela excepcionalidade e invulgaridade do que lhe foi oferecido pelos actores e por quem se lembrou de trazer a peça até à RAEM, cujos parabéns são inteiramente merecidos.
Nota muito negativa, repetindo o que aconteceu em anteriores espectáculos, para o tossir constante de duas ou três pessoas – em todos os actos e que deviam ter sido convidadas a sair pela organização, já que não percebem o quão incómodo se torna a sua presença para todos os outros, os que representam e os que assistem –, e ainda para aqueles que sem o mínimo cuidado continuam a deixar cair telemóveis e outros objectos ao longo do espectáculo, fazendo-se ouvir com estrondo no silêncio do auditório. Na apresentação de sábado foram seguramente mais de uma vintena os que se fizeram notar, pelo que talvez se imponha a incorporação nos avisos preliminares da necessidade do público, para além de desligar os telemóveis – o que foi igualmente sublinhado por Adama Diop no início da representação – de também os guardarem em lugar seguro e de onde não possam tombar.
(créditos: Manuel Fernando Araújo/LUSA)
Hoje há melão no Mercado do Bolhão. Não um, mas muitos.
A época chegou mais cedo e é devido um agradecimento ao "Monstronegro" pela auspiciosa visita. Há que repetir.