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dádiva

por Sérgio de Almeida Correia, em 10.03.25

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Não tenho informação que me permita saber se os problemas laborais anteriores estão resolvidos, mas se há coisa que se pode dizer da chegada do maestro Lio Kuokman à Orquestra de Macau é que os programas parecem ter melhorado e há uma energia renovada nas suas performances. Isso notara-se anteriormente, hoje denota consolidação, o que será bom sinal.

O motivo para estas linhas é o excelente programa co-organizado pelo Centro Cultural de Macau e o Instituto Cultural, com o patrocínio das seis concessionárias dos jogos de casino, designado "Homenagem a Brahms", e que está a decorrer desde o passado dia 7 de Março.

Muito embora, até agora, não apresente salas esgotadas, talvez por uma insuficiente divulgação, as performances da orquestra e dos solistas convidados têm sido de alto nível.

O formato escolhido para este evento mostrou estarmos perante uma aposta ganha e que deverá ser prosseguida no futuro. Não tenho dúvida nenhuma de que a música, a grande música, pode desempenhar um papel crucial na internacionalização de Macau e na diversificação da sua economia e oferta cultural. Tal como o cinema, a literatura, o bailado, a pintura ou a escultura, será fundamental para colocar a RAEM no mapa mundial de eventos de excelência.

Exige-se, porém, mais insistência nos avisos ao público e na educação deste. Muito se fez nos anos mais recentes quanto a este último aspecto, havendo mesmo a inserção de notas nos programas e avisos sonoros. Importa insistir. É preciso impedir as correrias escada acima quando os acordes finais ainda se sentem no ar e os artistas estão a agradecer. Ou as entradas tardias quando as peças já começaram o seu caminho. O visionamento e o envio de mensagens sms durante os espectáculos não pode continuar. A luminosidade dos ecrãs e as inexplicáveis e frequentes quedas dos aparelhos perturbam a concentração, constituindo desrespeito para com os artistas e demais público.  

Quanto ao que interessa, depois dos concertos de sexta-feira e de sábado, o domingo trouxe-nos algo de diferente, fazendo-me recordar outros eventos já distantes.

Pese embora a excelente acústica, o pequeno auditório é particularmente desconfortável devido ao exíguo espaço entre as filas e cadeiras para acomodação das pernas, o que torna penoso o acompanhamento de espectáculos mais longos, ligeiramente minorado com os intervalos de desentorpecimento.

Todavia, não foi por isso que os músicos deixaram de emprestar todo o seu talento e virtuosismo à música de Brahms, exibindo-se em altíssimo nível. Surpresa foi o próprio maestro titular da Orquestra de Macau se ter sentado ao piano para acompanhar o sublime violino de Alexandra Conunova, e executar uma peça a quatro mãos com o talentoso Niu Niu, antes de finalizar com o violino do checo Josef Spacek o terceiro andamento – Scherzo Allegro – da Sonata F-A-E.

O ambiente mais intimista e aconchegante realçou a magia de Alexei Volodin e o som genial que um pianista de excepção consegue extrair do Steinway. Com Alexandra Conunova e o extraordinário violoncelo de Pablo Ferrandéz, vencedor do XV Concurso Internacional Tchaikovsky e considerado um génio maior da sua geração, assinaram um dos momentos da tarde quando interpretaram o Trio para Piano n.º 1, em Sí Maior Op. 8.

Duas curiosidades realçadas pelas notas do Programa: o violino de Conunova é um Guadagnini de cerca de 1785, anteriormente utilizado pela falecida Ida Levin. Aquele que Spacek usa foi emprestado pela Ingles & Hayday, será de 1732, e é um Gurneri del Gesú “LeBrun; Bouthillard”. Qualquer um deles com um som, garanto-vos, do outro mundo.

Nos próximos dias 14 e 15 de Março ainda poderemos voltar a ouvir a Orquestra de Macau, dirigida pelo maestro convidado Christian Arming. No programa estarão as Sinfonias n.ºs 3 e 4, para além da estreia mundial de duas peças da compositora Bun-Ching Lam, e dos Concertos para Piano n.ºs 1, em Ré menor, Op. 15, e 2, em Si bemol Maior, Op. 83, respectivamente com Niu Niu e Volodin.

Se ainda não arranjou bilhetes, espero que tenha sorte nessa busca.

Momentos destes não se podem desperdiçar. A organização merece ser recompensada pelo trabalho e programa que nos trouxe, assegurando-se a continuidade e o nível dos eventos.

O naipe de artistas é de casa cheia e o nosso aplauso devido pela visita.

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