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interlúdio

por Sérgio de Almeida Correia, em 18.03.25

Só agora descobri, graças ao Ricardo Araújo Pereira, as prestações parlamentares da deputada Liliana Reis.

Dela só tinha notícia por um alegado caso de plágio, denunciado nas páginas da Sábado, e do qual entretanto nunca mais se ouviu falar.

Desta vez, para além do esclarecimento suíno sobre as intenções da Oposição quanto à pessoa do primeiro-ministro que está de saída, foi a qualidade da sua poesia, no final de uma "curta" intervenção de mais de 17 minutos, que prendeu a minha atenção. Estes episódios revelam o acerto da sua inclusão nas listas do PSD.

Ao contrário do que pensa o humorista, e de que certamente o Presidente da República também discordará, não foi dali que vieram as razões para a dissolução da Assembleia da República.

A circunstância da moção de confiança não ter passado constituiu a garantia de que a deputada Liliana poderá ser de novo incluída nas listas, seguindo o exemplo do líder do seu partido. Em equipa ganhadora não se mexe.

E embora a grande Natália já cá não esteja para analisar o simbolismo, a estrutura, os recursos estilísticos, a métrica e a rima da poesia da senhora deputada, seria absolutamente inexplicável que os portugueses, depois de serem confrontados com o encurtamento da legislatura por causa de um problema mal explicado de hortas em Rabal, cujas couves chegaram com cheiro a gasolina num saco de fichas de jogo, viessem a ficar privados de uma parlamentar desta envergadura.

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naufrágio

por Sérgio de Almeida Correia, em 12.03.25

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Quem tiver acompanhado em directo a discussão da moção de confiança que o Governo de Luis Montenegro levou ontem à Assembleia da República, certamente que não deixará de reflectir, por pouco tempo que seja, sobre o que ali aconteceu. Para lá dos discursos, as expressões faciais e corporais dos protagonistas, os gestos, a colocação da voz do primeiro-ministro, o estilo do discurso e em particular o olhar, à medida que a sessão avançava, eliminavam as poucas dúvidas que ainda restassem sobre a sua rejeição.

Na bancada do Governo, tirando alguns esgares e sorrisos de circunstância, perdera-se a pose impante e altiva de quem manda e vai governar durante quatro anos. Olhares perdidos, longínquos, rostos fechados, circunspectos, denotando um misto de preocupação e de resignação.

Creio que muitos dos ministros do XXIV Governo teriam preferido que a moção nunca tivesse sido apresentada. Ou, então, que Montenegro a tivesse retirado antes da votação final. Provavelmente não o saberemos nos próximos tempos, mas dia virá em que essa parte da história será desvendada. Ali havia que mostrar solidariedade, ainda que só pela presença física, que o espírito e alma de cada um não se entregam assim, nem se conformam com a simples ritualização procedimental.

O primeiro-ministro procurou cumprir o seu papel sem a confortável ousadia de quem está convencido de que leva a razão pela mão. O desgaste das últimas três semanas, a compressão do olhar, muitas vezes ausente, mostravam que o seu tempo se aproximava do fim. A teatralização perdeu eficácia. O que ao longo dos últimos dias foi conhecido era afinal demasiado grave e contundente para não fazer mossa.

À medida que o debate progredia, aumentava o incómodo à sua direita e à sua esquerda, embora não tão eloquente como na bancada do PSD, onde as paupérrimas intervenções de Hugo Soares e Paulo Núncio em nada contribuíam para a desejada continuidade do Governo. A aflição tornou-se maior quando se percebeu que a desvairada proposta de uma CPI por 15 dias ou uma negociação de bastidores com o PS estaria condenada ao insucesso. E à vergonha.

Ventura fez o número habitual. Tom crispado e desafiador, naquela pose de marido enganado que vai fazer justiça, atirando culpas a tudo e a todos sem que os outros lhe dessem importância. Naquele momento o Chega já riscava muito pouco. A arenga, depois secundada pelo seu número dois, era irrelevante.

Mariana Mortágua, Rui Rocha e Rui Tavares estiveram bem na defesa das suas posições. A primeira, em ritmo pausado, com um discurso bem articulado, claro e incisivo, fez uma intervenção demolidora, colocando as questões cruciais. O líder do IL assumiu a pose de Estado, mostrando a sua disponibilidade para futuros entendimentos à direita. Rui Tavares procurou ser pedagógico. Inês Sousa Real referiu o óbvio. As intervenções da bancada do PCP, muito longe do brilho e de fulgor de outras eras, pouco acrescentaram, chegando a ser penoso ver como o grupo parlamentar minguou.

O líder do PS, que normalmente recorre a um discurso repetitivo, em tom monocórdico e excessivamente palavroso, por uma vez cingiu-se ao essencial sem demasiado espalhafato. Foi bem apoiado por Alexandra Leitão e Pedro Delgado Alves. Intervenções sem demasiado floreados, directas, numa linguagem compreensível para todos, são sempre muito mais eficazes, e tornaram irreversível o sentimento de rejeição da confiança pedida pelo Governo. 

Quando os telefones começaram a ser usados com mais frequência,  viu-se aquele número tosco do líder parlamentar do PSD, desesperadamente querendo fazer de ponto de Montenegro e salvador do Governo. Aí percebeu-se que tudo estava terminado. A intervenção final do esforçado Miranda Sarmento já não terá sido ouvida por ninguém. O apelo que fez naquela altura destinava-se a um saco roto.

Formalmente, a AR rejeitou o voto de confiança pedido pelo Governo. Substancialmente não foi este quem perdeu a confiança. O Público trazia esta manhã a fotografia do primeiro-ministro e o título, pouco rigoroso, dizia apenas "Caiu".

Na verdade, Montenegro não caiu. Nem se estatelou. O primeiro-ministro naufragou. E o mais incrível é que tudo aconteceu a 200 metros de terra firme. Levou com ele toda a tripulação, mais os passageiros, os clandestinos, as baratas e os ratos. Ninguém escapou.

Incapaz de perceber os muito sinais que lhe chegavam dos faróis e das bóias ao longo da costa, que o alertavam para um provável naufrágio ante o aumento das vagas que lhe entravam pelo convés, e que antes já o tinham deixado todo encharcado na ponte, confiante nas suas capacidades de Capitão Nemo da Costa Verde, Montenegro persistiu em manter o rumo enquanto mastigava um douradinho da Pescanova.

Há muito que se convencera de que o facto de os anteriores inquilinos da São Caetano à Lapa lhe terem confiado o navio era mais do que garantia de que aqueles marujos que o acompanhavam e o ajudaram antes a preparar a documentação para responder ao anúncio da Duck Cruises – Holidays and Trips Limited, mais conhecida como Cruzeiros à Pato – Férias e Viagens, Limitada, constituíam uma tripulação experiente e habituada a navegações oceânicas.

O primeiro-ministro ignorou os avisos de perigo iminente do faroleiro Santos e as indicações que este lhe dera pelo rádio para fazer um bordo de 90.º, a estibordo, e assim fugir das vagas e do nevoeiro, afastando-se das redes do pescador Arruda. Recusou alterar o rumo. Quando o seu compincha, em terra, agarrado aos binóculos de visão nocturna embaciados pelo nevoeiro, mas que ele só usava no olho direito para não pensarem que era um radical de esquerda, lhe começou a dizer para tirar a água que entrava pela amura de bombordo, já era um Capitão Montenegro em pânico que fugia da vaga em direcção à costa, correndo à frente daquela, sem perceber que o imediato Duarte e o cabo Leitão ainda andavam à procura dos coletes e dos remos dos salva-vidas que, afinal, tinham ficado esquecidos num armazém da Solverde, misturados com os sacos de golfe, as facturas da Spinumviva, os recados do Soares e o projecto de arquitectura que o Moedas pedira para justificar as obras na mansão da Travessa do Possolo.

O que se seguiu é do conhecimento de todos. Uma multidão de repórteres e operadores de imagem, de microfone em riste, com a jornalista Felgueiras à cabeça nas suas garridas galochas amarelas, estavam a postos para transmitirem em directo o naufrágio e os primeiros testemunhos dos náufragos.

Recolhidos pelo que restava de pessoal operacional do INEM e os mirones do Correio da Manhã, receberam algumas mantas, agasalhos secos e umas caixas de refeições ligeiras, antes de serem transportados até São Bento, onde iriam pernoitar. Quando aí chegaram, estranhamente, ninguém lhes franqueou a entrada. Na porta estava colado um aviso que dizia ter o senhorio resolvido o contrato devido à prática de actos ofensivos dos bons costumes.

Impedidos de ali se instalarem, onde entretanto haviam começado as obras para acolhimento dos futuros inquilinos, rumaram ao hotel de um velho conhecido. Esperavam aí obter um quarto duplo onde se acomodassem os três, com um preço aceitável e sem necessidade de grande conversa. Lamentavelmente não lograram os seus intentos. O contrato com o armador do navio e a seguradora caducara e os estalajadeiros não tinham quartos disponíveis. E, ao contrário do habitual, os fulanos recusaram liminarmente o regateio. O bispo Irineu Lavador que nessa manhã chegara a Lisboa num jacto privado procedente de Corumbá, carregado de dólares, tinha o hotel por sua conta e dos familiares e fiéis que se juntariam nessa noite numa celebração da sua seita no Estádio do Restelo, cujas portas abririam, milagrosamente, graças aos bons ofícios do deputado Almeida.

À hora a que escrevo estas linhas recebi informação de um amigo sapador, que festejava a sua recente promoção e o aumento salarial anunciado pelo chefe Sarmento com umas gambas e umas cervejolas, nas proximidades de Santa Apolónia, que me referiu ter visto os náufragos entrarem  numa viatura da PSP, chamada de emergência ao local, depois daqueles terem sido corridos de Belém, onde pretendiam pernoitar, imaginem, à pedrada.

Essa recepção inusitada encaminhou-os daí para o Largo do Caldas, na esperança de que ainda lá estivesse um porteiro conhecido que lhes desse uma chávena de chá e os abrigasse. Sem sucesso. A electricidade e a água tinham sido cortadas por falta de pagamento. Entretido com os submarinos, o menino Nuno nunca mais se lembrara das contas.

Àquela hora, desesperados, com o Panteão Nacional ainda fechado, sem comboios para o Porto que parassem em Espinho e assegurassem ligação a Braga, refugiaram-se na Santa Casa da Misericórdia. Valeu-lhes um telefonema do Santana da Figueira. O que ninguém imaginava é que os deixassem ficar sentados nas escadas até ao nascer do dia. É que eram tantos os náufragos, devido à sobrelotação do navio, que nem ali havia mais camas disponíveis.

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entalados

por Sérgio de Almeida Correia, em 11.03.25

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Salvo qualquer surpresa de última hora, será hoje votada na Assembleia da República a “Moção de Confiança”, apresentada pelo XXIV Governo Constitucional, liderado por Luís Montenegro, depois de aprovada na reunião do conselho de ministros de 6 de Março p.p..

Os pressupostos dessa moção são muito discutíveis, havendo uma falsa premissa e um objectivo que se reconduzem ao mesmo e que não se verificaram antes, nem jamais ocorrerão no futuro com o actual primeiro-ministro e o seu governo: é falso que tivesse sido conquistada a estabilidade política, que esta tivesse sido colocada em causa, e que, no futuro, se a moção não for chumbada, o Governo passe a ter “estabilidade política efe[c]tiva (...) para que possa prosseguir a execução do seu programa de transformação do País”. Ademais, é absolutamente falso que seja apresentada com “pleno sentido de responsabilidade e exclusivo foco no interesse nacional”.

Nem o Governo teve estabilidade política desde que tomou posse – quer pelo magro resultado obtido pelo PSD nas eleições do ano passado, quer pelas próprias circunstâncias em que este Governo foi investido e conseguiu fazer passar o seu programa na Assembleia da República, quer ainda pela sua instabilidade interna, só não tendo caído já porque o PS deixou passar o orçamento e se absteve na votação de duas moções de censura –, nem será pelo facto desta moção, eventualmente, poder passar com a abstenção do PS, se entretanto o primeiro-ministro não tiver o bom senso de retirá-la, que este Governo terá estabilidade política no futuro.

Enquanto Luís Montenegro não der de uma vez e sem rodeios as explicações que há muito devia ter dado, de forma séria e credível, coisa que até hoje não aconteceu, este Governo estará sempre à beira do precipício. Por culpa própria, erros evitáveis e a mais absoluta inépcia política.   

A apresentação da moção de confiança corresponde apenas a uma vontade conjuntural inequívoca do líder do PSD de fazer cair o Governo. Convencido como está, mais a sua equipa de spin doctors, que há dias se desdobrou em cinco canais televisivos para se ir contradizendo em directo, de que em futuras eleições poderá reeditar a maioria absoluta alcançada pelo PSD de Cavaco Silva nas distantes eleições de 19 de Julho de 1987.

Não estou convencido que o consiga. As condições actuais são bastante diferentes das vividas naquele tempo. Ainda porque há uma grande diferença de formação, carácter e personalidade entre os líderes e as suas equipas. Basta pensar que este PSD é dirigido por uma espécie de Three Stooges, correspondendo Montenegro, Hugo Soares e Leitão Amaro, na perfeição, aos famosos Moe, Larry, e Curley, tal é a falta de jeito e de preparação que exibem para gerir a coisa pública e de que têm dado abundante mostra.

Nenhum dos objectivos teorizados sobre o significado político de uma moção de confiança – a Constituição fala em voto de confiança no art.º 193.º, mas como salientam Canotilho e Vital Moreira “a sua disciplina reconduz-se, nos termos constitucionais e regimentais, à categoria de moção”, constante dos art.ºs 163.º, alínea e) e 195.º, n.º 1, alínea c) – será cumprido com esta iniciativa: (i) não existe uma maioria parlamentar de suporte do Governo que possa renovar o apoio à sua actuação, (ii) não subsiste nenhuma maioria parlamentar de apoio e, se o PS se abstiver, (iii) não será possível “provocar o reconhecimento formal da falta de condições de governo”, para com isso desencadear um novo rearranjo governamental nos quadros existentes da AR.

Este último inviabilizado pela antecipação do PR em anunciar ao país, antes mesmo da apresentação da moção, de qualquer votação e de reunir o Conselho de Estado, a dissolução do parlamento e a convocação de futuras eleições. Marcelo Rebelo de Sousa nunca escondeu a sua aversão a Montenegro e, quer-se queira quer não, foram os tais comportamentos e uma “mentalidade rural” que nos colocaram neste impasse.

Sobre o que nos trouxe até aqui não têm faltado opinadores. E como sobre o essencial já me pronunciei, não vou perder mais tempo com esse rosário. Preocupar-me-ei sim em aqui equacionar os cenários possíveis e o que nos pode esperar.

Admitindo, por um bambúrrio que me escapa, que o PS abster-se-á, a moção de confiança passará e o Governo sobreviverá, nem por isso deixaremos de ter um primeiro-ministro a prazo e com uma espada de Dâmocles sobre a cabeça. O PS avisou que com ou sem eleições haverá sempre Comissão Parlamentar de Inquérito. As eleições autárquicas não constituem futuro seguro de vida, as presidenciais também não – mais a mais com o ultra desacreditado Marques Mendes – e o chumbo de um futuro orçamento é mais do que garantido. Se a moção passar e o Governo não cair hoje, cairá mais tarde, e entraremos em 2026 com a mesma instabilidade, com um governo de duodécimos e um novo PR sem saber muito bem como gerir uma crise que permanecerá.

Se o Governo vir hoje “chumbado” o voto de confiança, a incerteza também continuará.

Para lá do que as sondagens que começaram a surgir possam indicar, parece-me claro que só por milagre é que eleições em 11 ou 18 de Maio nos trarão qualquer clarificação.

O PSD sairá sempre penalizado. Em que medida ninguém sabe. O PS, com este líder, e com os tiros que começou a disparar para o ar a propósito das presidenciais, não oferece segurança e confiança ao eleitorado. Uma vitória em próximas eleições terá sempre uma dimensão equivalente à vitória do PSD de Montenegro em 2024.

O impasse estará garantido. Com um BE em queda vertiginosa, depois de se conhecer a sua faceta patronal e senhorial, enredado em despedimentos, amamentadoras e rentabilizações imobiliárias do seu património; com um PCP que sobrevive nas catacumbas do Muro de Berlim e que, imagine-se, afinal também paga sem declarar e despede como qualquer outro patrão manhoso, não há alternativas credíveis, capazes e com perspectivas de crescimento e mobilização à esquerda.

À direita o quadro é ainda mais tenebroso. O CDS é um defunto que está há anos em câmara ardente. O prestígio e capacidade de liderança política do seu líder e actual ministro da Defesa estão bem espelhados na imagem que nos dias que correm nos chega da Marinha: depois de uma gloriosa missão no Árctico (!), afundou-se um navio-escola que estava atracado numa doca, sem sequer sair para o mar, e os dois únicos submarinos estão inoperacionais. Nem na guerra do Solnado se conseguiria melhor às portas de uma campanha eleitoral.

Quanto ao Chega tenta fazer pela vida. Ventura corre desaustinado atrás dos votos despachados nas malas do deputado Arruda, nas confissões e evidências de abusos sexuais sobre menores de alguns da sua pandilha, mais os insultos parlamentares a uma deputada invisual e os apartes boçais dos muitos labregos da sua bancada, revelando a falta de preparação para o trabalho parlamentar no primeiro relatório que lhes coube elaborar e a ausência de quadros sérios e capazes, num sem-número de situações a que o bombeiro André não se cansa de acudir e que fica ainda mais perturbado pelo cenário de eleições legislativas antecipadas em ano de autárquicas e depois de apregoada a sua candidatura presidencial.

O partido de Rui Rocha, Iniciativa Liberal, embora abalado pelo caso das falsificações de um antigo dirigente, ainda parece ser o único onde se consegue pensar e equacionar cenários, mantendo alguma compostura, como ao revelar que votará favoravelmente a moção de confiança, sempre insuficiente quando tarda em ver crescer a sua base de apoio – culpa dos dirigentes – e a sua mensagem continua a mostrar muitas dificuldades de assimilação por um eleitorado que desconfia da errância que vai de um discurso mais sério do líder às mensagens trauliteiras de alguns deputados e aos saltinhos histéricos de apoio ao palhaço argentino Milei.

Correndo o risco de errar, tanto mais que de vidente ou cartomante não tenho nada, apostaria que assistiremos a mais uma subida da abstenção nas legislativas que se avizinham, que retirará ainda mais legitimidade ao regime e aos partidos que o sustentam, e que só poderá vir a ser contrariada nas presidenciais.

Qualquer que seja o resultado da votação da moção de confiança, teremos de continuar com estes figurões durante mais uns tempos, não havendo a mínima esperança, à falta de alternativa, de nos livrarmos destes ou dos que anseiam desesperadamente substituí-los na gestão do pote.

Sem uma revolução nos partidos, sem que estes se libertem dos seus emplastros, destes “avençados” do regime, e sem verdadeiras reformas do sistema eleitoral e do sistema de partidos, não haverá democracia que resista.  

Belém poderia fazer toda a diferença. Infelizmente, o friso de tocadores de berimbau, cartomantes e tudólogos que se posiciona só vai garantir mais chinfrim.

Depois desta última experiência marcelista, tornou-se clarinho que é muito mais fácil colocar em Belém um D. Sebastião do que encontrar no universo dos partidos um primeiro-ministro decente. Bastava haver um, um que fosse, com o bom senso, a seriedade, o equilíbrio, o distanciamento, a ética, e a preparação política e intelectual de um Guilherme de Oliveira Martins ou de um Correia de Campos, para só referir dois nomes, para nos safarmos.

Mas não. O que se afigura é um corso carnavalesco liderado por um almirante que traz consigo um manual e roteiro político à Borda d’Água, onde encontra, pelo que se leu no Expresso, receita e resposta para tudo: das sementeiras às marés, dos provérbios populares à astrologia e às fases da lua.

Não sei é se será tão bom no registo das efemérides. Mas é bom que se prepare. O velho Américo de Deus, também ele almirante, não falhava uma. Ficou lá uma vida. E só não ficou mais tempo porque o despacharam para o Brasil.   

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dádiva

por Sérgio de Almeida Correia, em 10.03.25

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Não tenho informação que me permita saber se os problemas laborais anteriores estão resolvidos, mas se há coisa que se pode dizer da chegada do maestro Lio Kuokman à Orquestra de Macau é que os programas parecem ter melhorado e há uma energia renovada nas suas performances. Isso notara-se anteriormente, hoje denota consolidação, o que será bom sinal.

O motivo para estas linhas é o excelente programa co-organizado pelo Centro Cultural de Macau e o Instituto Cultural, com o patrocínio das seis concessionárias dos jogos de casino, designado "Homenagem a Brahms", e que está a decorrer desde o passado dia 7 de Março.

Muito embora, até agora, não apresente salas esgotadas, talvez por uma insuficiente divulgação, as performances da orquestra e dos solistas convidados têm sido de alto nível.

O formato escolhido para este evento mostrou estarmos perante uma aposta ganha e que deverá ser prosseguida no futuro. Não tenho dúvida nenhuma de que a música, a grande música, pode desempenhar um papel crucial na internacionalização de Macau e na diversificação da sua economia e oferta cultural. Tal como o cinema, a literatura, o bailado, a pintura ou a escultura, será fundamental para colocar a RAEM no mapa mundial de eventos de excelência.

Exige-se, porém, mais insistência nos avisos ao público e na educação deste. Muito se fez nos anos mais recentes quanto a este último aspecto, havendo mesmo a inserção de notas nos programas e avisos sonoros. Importa insistir. É preciso impedir as correrias escada acima quando os acordes finais ainda se sentem no ar e os artistas estão a agradecer. Ou as entradas tardias quando as peças já começaram o seu caminho. O visionamento e o envio de mensagens sms durante os espectáculos não pode continuar. A luminosidade dos ecrãs e as inexplicáveis e frequentes quedas dos aparelhos perturbam a concentração, constituindo desrespeito para com os artistas e demais público.  

Quanto ao que interessa, depois dos concertos de sexta-feira e de sábado, o domingo trouxe-nos algo de diferente, fazendo-me recordar outros eventos já distantes.

Pese embora a excelente acústica, o pequeno auditório é particularmente desconfortável devido ao exíguo espaço entre as filas e cadeiras para acomodação das pernas, o que torna penoso o acompanhamento de espectáculos mais longos, ligeiramente minorado com os intervalos de desentorpecimento.

Todavia, não foi por isso que os músicos deixaram de emprestar todo o seu talento e virtuosismo à música de Brahms, exibindo-se em altíssimo nível. Surpresa foi o próprio maestro titular da Orquestra de Macau se ter sentado ao piano para acompanhar o sublime violino de Alexandra Conunova, e executar uma peça a quatro mãos com o talentoso Niu Niu, antes de finalizar com o violino do checo Josef Spacek o terceiro andamento – Scherzo Allegro – da Sonata F-A-E.

O ambiente mais intimista e aconchegante realçou a magia de Alexei Volodin e o som genial que um pianista de excepção consegue extrair do Steinway. Com Alexandra Conunova e o extraordinário violoncelo de Pablo Ferrandéz, vencedor do XV Concurso Internacional Tchaikovsky e considerado um génio maior da sua geração, assinaram um dos momentos da tarde quando interpretaram o Trio para Piano n.º 1, em Sí Maior Op. 8.

Duas curiosidades realçadas pelas notas do Programa: o violino de Conunova é um Guadagnini de cerca de 1785, anteriormente utilizado pela falecida Ida Levin. Aquele que Spacek usa foi emprestado pela Ingles & Hayday, será de 1732, e é um Gurneri del Gesú “LeBrun; Bouthillard”. Qualquer um deles com um som, garanto-vos, do outro mundo.

Nos próximos dias 14 e 15 de Março ainda poderemos voltar a ouvir a Orquestra de Macau, dirigida pelo maestro convidado Christian Arming. No programa estarão as Sinfonias n.ºs 3 e 4, para além da estreia mundial de duas peças da compositora Bun-Ching Lam, e dos Concertos para Piano n.ºs 1, em Ré menor, Op. 15, e 2, em Si bemol Maior, Op. 83, respectivamente com Niu Niu e Volodin.

Se ainda não arranjou bilhetes, espero que tenha sorte nessa busca.

Momentos destes não se podem desperdiçar. A organização merece ser recompensada pelo trabalho e programa que nos trouxe, assegurando-se a continuidade e o nível dos eventos.

O naipe de artistas é de casa cheia e o nosso aplauso devido pela visita.

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demagogo

por Sérgio de Almeida Correia, em 06.03.25

Paulo Morais anunciado como candidato do PSD à Câmara de Viana(créditos: Carlos Carneiro/Arquivo, JN)

Durante anos vimo-lo a comentar tonitruante, no seu estilo justiceiro, a falta de transparência e os conflitos de interesses de muitos políticos. Por vezes com razão, de outras nem tanto; não raro imputando factos e fazendo afirmações sem qualquer suporte, baseadas em meras convicções, suposições, rumores e falsidades. 

Ainda todos devem estar recordados do que ele disse e apontou a Adolfo Mesquita Nunes, ao tempo dirigente do CDS-PP, dizendo que este prestava assessoria jurídica directa a empresas, obrigando-o a vir defender o seu bom nome e a sua honra. 

Paulo Morais também concorreu a umas eleições presidenciais, ficando o resultado muito aquém das suas expectativas. E nesse seu combate, a dada altura, integrou a lista do partido político Nós, Cidadãos. Dizia o sujeito que era seu "entendimento que os partidos do sistema - do bloco total de interesses que se expressam no Parlamento, o PS, o PSD, O CDS, o Bloco e o PCP - já mostraram que não sabem dar conta do recado. É necessário que os cidadãos tenham uma alternativa sem terem de recorrer nem à extrema-esquerda, nem à extrema-direita. Os cidadãos sabem que têm aqui uma alternativa ao centro do espectro político e não estão a correr atrás de extremismos".

Todos os outros eram maus. Aquele é que era bom.

Depois, ainda apontou conflitos de interesses a deputados do PS, do PSD e do Chega e enviou uma carta a Ferro Rodrigues, ao tempo presidente da Assembleia da República. A Comissão da Transparência e Estatuto dos Deputados respondeu dizendo que todas a denúncias e alegadas incompatibilidades constantes da missiva que assinou estavam "devidamente registadas", haviam sido objecto de escrutínio pelo parlamento e não eram incompatíveis nem constituíam impedimento para quem não exercia o mandato em regime de exclusividade.

Pelo caminho acusou o Presidente da República de corrupção, e em Junho do ano passado, criticou a agenda anti-corrupção de Montenegro e as medidas da ministra da Justiça, continuando essa crítica em Dezembro, atacando Rita Júdice e escrevendo que "a corrupção em Portugal está em roda livre". A propósito da Lei dos Solos, já este ano, escrevia no Correio da Manhã que "vai ser um fartar, vilanagem". 

Mas esses foram outros tempos.

Agora o impoluto justiceiro e campeão da transparência, Paulo Morais, dá-se ao luxo de comentar a crise governativa.

Não vê qualquer conflito de interesses nem problema na situação do primeiro-ministro, não comenta a aquisição de imóveis no mínimo em circunstâncias estranhas, omitindo informação relevante, nem o facto daquele praticar um acto nulo de cessão de quota para disfarçar a sua posição societária, continuando essa sociedade, da qual, em rigor, nunca se afastou, a receber por interpostas pessoas, seus familiares, avenças da Solverde Casinos e de outras entidades por si angariadas, enfim, suportando as suas posições e criticando veementemente os partidos da oposição.

Só faltou dizer, com tanta transparência, que Paulo Morais se rendeu aos encantos de uma candidatura autárquica e que é o candidato escolhido pelo PSD, um dos tais partidos do sistema, do "bloco total de interesses", liderado por Luís Montenegro, à Câmara Municipal de Viana do Castelo.

O cheiro a mel e a proximidade do pote são infalíveis. Vale tudo.

Agora fui eu quem foi ao tapete. "Fiquei estarrecido" com este bípede.

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estupidez

por Sérgio de Almeida Correia, em 03.03.25

Vídeo. Luís Montenegro ameaça com moção de confiança e passa empresa aos  filhos(créditos: daqui)

Teria sido bom e desejável que o caso Spinumviva não tivesse acontecido.

Melhor ainda que o Governo se preocupasse apenas em governar e o País não estivesse suspenso e em situação de semi-paralisação, há semanas, por causa da falta de habilidade política, esperteza saloia e total falta de vergonha do primeiro-ministro Luís Montenegro.

Todo o espectáculo a que temos assistido, e que só se prolonga por culpa exclusiva do primeiro-ministro, devia ter morrido à nascença se aquele não estivesse preocupado em ter sol na eira e chuva no nabal.

Se como advogado e jurista o modo como conduziu a “cessão” de quotas a favor da sua mulher e dos filhos já deixava muito a desejar, o que se tem seguido está ao mesmo nível. O que aconteceu na Assembleia da República e em S. Bento não tem justificação e Luís Montenegro deveria ter abordado a situação de outra forma.

Como muitos notaram em múltiplos artigos de jornal e comentários nas rádios e televisões, a estratégia de vitimização pode funcionar para alguma população. Não serve à generalidade das pessoas. E qualquer cidadão medianamente inteligente, que se dê ao trabalho de pensar e de acompanhar a actualidade política e empresarial, rejeita-a.

Em causa não está uma acusação de corrupção, nem ninguém acusou o primeiro-ministro de coisa idêntica ou similar. 

Há, isso sim, um conjunto de situações atinentes à sua vida profissional, familiar e empresarial, no mínimo problemáticas de um ponto de vista ético e político, que suscitam muitas dúvidas, e que ele em vez de esclarecer desde o início sem rodeios, nem subterfúgios, entendeu ir contornando, deixando sair a informação que lhe interessava à medida que lhe convinha, ou que os seus spin doctors lhe diziam.

Afirmou o primeiro-ministro Luís Montenegro que lamentava a desconfiança que se instalou sobre quem exerce cargos políticos e governativos.

Lamenta ele, é verdade, mas sem razão, porque também para isso contribuiu. E lamentam ainda mais todos os portugueses, com razão, que ao longo dos anos têm tido fartos motivos para desconfiar dos seus líderes políticos, vendo essa desconfiança aumentar em cada dia que passa com a displicência com que muitos, a começar por ele, não obstante os maus exemplos que vinham do passado, assumem funções políticas e governativas e exercem os mandatos em que são investidos. Os maus exemplos não têm faltado e os políticos, os maus políticos, só têm de se queixar de si próprios.

Quando o primeiro-ministro, querendo fazer de Calimero, pergunta se “seria justo e até adequado fechar tudo, abandonar tudo, só porque circunstancialmente fui eleito presidente do PSD e agora exerço as funções de primeiro-ministro”, importa dizer-lhe que ele não foi “circunstancialmente eleito”. Ele foi eleito líder do PSD porque escolheu candidatar-se à liderança do partido, porque é político profissional há dezenas de anos e nunca fez nada fora da política. Porque fez uma opção que só a ele, e quando muito à sua família, dizia respeito.

Na vida há que fazer opções e não foi por desconhecer o que se passa em Portugal há décadas, e o risco a que os políticos estão expostos, tantos têm sido os exemplos, que o primeiro-ministro foi tão imprevidente.

Também nada obrigava Luís Montenegro a encerrar empresas ou a deixar a sua actividade profissional pelo facto de se ter tornado presidente do PSD, embora devesse pelo menos ter pensado nisso e preparado o futuro quando se apresentou a eleições perante os portugueses como candidato a primeiro-ministro, encontrando nessa altura soluções adequadas à sua situação profissional e empresarial, que não o colocassem em risco, ou à governação e aos compromisso políticos assumidos, de modo a que no futuro não pudessem vir a revelar-se comprometedores.

Mais a mais sabendo quais as implicações decorrentes da sua eventual eleição para presidente do PSD, qual o programa que teria de cumprir e as decisões que se lhe imporiam. Estou certo de que se o negócio da empresa de Luís Montenegro fosse a exploração de uma geladaria, um negócio de reparação de automóveis ou uma banca de jornais ninguém estaria preocupado com as avenças do grupo Solverde e não se teria assistido ao charivari que aí veio.

E não pense o primeiro-ministro, mais um erro, que o problema ficará sanado pelo facto de só agora, tarde e a más-horas se predispôr a fazer o que poderia ter feito antes de assumir funções governativas. O mal está feito e com excepção da dissolução da empresa não há nenhuma outra que lhe salve a face. Depois, quando sair da actividade política, logo constituirá outra sociedade com quem quiser e dedicar-se-á à reconstituição da sua carteira de clientes.

Ninguém com dois dedos de testa e um mínimo de boa-fé acredita que a empresa sobreviverá entregue a um estudante e a um recém-licenciado, por muito dotados que sejam, em matérias que implicam conhecimentos altamente especializados, aconselhamento em negócios que valem milhões e uma boa rede de contactos. A não ser que alguém lhes coloque uma mão por trás e continue a aconselhá-los e orientá-los até que ganhem asas e se emancipem.  

Se a Solverde fosse minha, provavelmente, não tendo acabado com a avença antes, já a teria cortado cerce, tal o grau de exposição e os danos causados aos seus accionistas. Se a concessão for renovada dirão que houve favorecimento, se a perderem imputarão responsabilidades ao "granel" gerado.

De qualquer modo, pergunta-se se será que aquela empresa, com aquele mesmo objecto social, alguma vez teria conseguido a carteira de clientes e as avenças, e o sucesso que obteve, se tivesse sido constituída sem um sócio que antes fosse líder parlamentar do maior partido português, deputado em várias legislaturas, com uma agenda recheada de contactos dentro e fora da política?

Ou será que Luís Montenegro está convencido de que se ele não tivesse o seu currículo político e a sua formação académica, mérito dele e do nosso sistema de partidos, conseguiria que fossem encomendados trabalhos por ajuste directo com algumas autarquias do seu partido, enquanto advogado, ou que enquanto empresário alguma vez conseguiria aquelas avenças? Não há nisto nenhum mal, porque isso também é trabalho e “investimento” dele, mas não se queira atirar mais areia para os olhos das pessoas.

Ainda me recordo do problema suscitado com Pedro Siza Vieira e uma sociedade imobiliária que este detinha com a mulher quando assumiu funções como ministro.

Nessa altura, o Rui Rocha, hoje líder do Iniciativa Liberal, escreveu aqui no Delito de Opinião umas linhas sobre o assunto. E o PSD, através de mais um dos seus craques em São Bento, afirmou que "quem não cumpre regras legais das incompatibilidades, quem não cumpre a lei não pode ser ministro, é a própria lei que culmina essa violação com a demissão. Se não fosse a lei, devia ser pelo menos a consciência do senhor ministro Adjunto, do senhor ministro Siza Vieira, ou a consciência do primeiro-ministro a dizer-lhe que ele devia imediatamente cessar funções".

Quanto à posição do CDS-PP, o núncio Paulo já esclareceu o país. Mas será que aquilo que o PSD disse em 2018 em relação a Siza Vieira se deverá aplicar hoje a Luís Montenegro? 

O primeiro-ministro esteve mal na forma como conduziu este processo desde a primeira hora. Esteve mal nas respostas que foi dando e nas que optou, num primeiro momento, por omitir, permitindo que a bola continuasse a rolar e a aumentar de volume, dando gás ao discurso populista, demagógico e oportunista de quem só se sente bem na política se esta for uma choldra e andarem todos enlameados.

E esteve ainda pior na tentativa de vitimização, nas perguntas que atirou para o ar, como se não soubesse já as respostas e aquelas possuíssem algum sentido. Enfim, promovendo um espectáculo indigno de uma democracia consolidada e de políticos com dimensão, evitando perguntas da comunicação social e levantando a voz sem motivo, como se o facto de querer falar alto lhe desse razão.

Não dá. Não lhe dá a ele, também não dá a Pedro Nuno Santos, nem a ninguém. Têm altura, é verdade, não têm é estatura política.

A infeliz encenação na discussão da moção de censura do Chega, a dramatização da declaração prestada em S. Bento, rodeado pela sua equipa, numa imagem que quase parecia de velório, é bem o que ficará dos vários actos da opereta dos últimos dias.

Com ou sem voto de confiança, com mais uma ou menos uma inócua moção de censura, o destino político de Luís Montenegro está mais do que traçado. Será tudo uma questão de tempo, ainda que o Presidente da República se mantenha mudo.

Passos Coelho, com todos os defeitos que possa ter, só não tomará neste momento conta do partido se não quiser. 

E não, não me comovo com nada do que aconteceu porque o problema não é de inveja. Nem sequer, desta vez, é de corrupção.

Como normalmente sempre acontece neste tipo de casos que se colocam na política nacional com cada vez mais frequência, este é apenas mais um problema de estupidez. Da grossa.

Mas contra isso, apesar do número elevadíssimo de casos que temos tido, e continuamos a ter, ainda não há vacina, pese embora ser altamente contagiosa e afectar todos os partidos políticos.

Há por isso que investir no combate à doença. Talvez com as verbas do PRR.

A resiliência à estupidez tem sido grande entre os nossos políticos e os nossos partidos. E recorrente. E a recuperação, a cura, por mais que se mudem as moscas, é que não há maneira de se ver.

 

Em tempo: à cautela, leia-se o art.º 372.º do Código Penal.

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