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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Têm sido inúmeras as vezes em que discordo das análises de João Miguel Tavares no Público, embora aprecie a sua escrita e o estilo que imprime ao que escreve. Partilharemos as mesmas preocupações, apesar de estarmos em muitas questões ideologicamente afastados. Todavia, esta distância não me impede de o ler com atenção e de comungar de muitas das análises que faz quando em causa está a defesa da democracia e das suas instituições.
O conjunto de textos que tem publicado nos últimos dias sobre as trapalhadas do PSD e do primeiro-ministro, como ainda hoje aconteceu, assume particular importância pelo modo claro e incisivo como o faz. E é serviço público prestado por alguém, espero que não se ofenda com a minha catalogação, do espectro liberal e de direita.
Sinto uma imensa tristeza e amargura por tudo aquilo que se tem passado nas últimas décadas com a nossa democracia, os nossos partidos políticos e a acção destes na destruição do capital de confiança dos portugueses no sistema político, no regime e nas instituições de governança.
Para mal dos meus pecados, nossos, muito do que aqui e noutros lados escrevi, para desespero de alguns, vai-se confirmando, sempre para pior, em cada dia que passa.
Não sei o que escreveria Vasco Pulido Valente se fosse vivo e estivesse assistir ao espectáculo que está a ser dado pelo XXIV Governo. Posso apenas imaginar. Daí que a crónica de hoje de João Miguel Tavares se revista de maior importância e deva ser lida com atenção.
Se, como escreve, em 2005 houve um problema de falta de escrutínio, creio que agora não faltou. Nem falta de escrutínio, nem de aviso. E isto torna mais inconcebível o que estamos a assistir.
Ninguém tem qualquer má vontade contra o primeiro-ministro.
O problema é apenas o homem não se enxergar. E, como sucedeu com os antecessores, rodeou-se, na sua maioria, de gente que não interessa a ninguém, que em nada o ajuda e que devia estar longe do Governo, longe de qualquer partido, longe de qualquer autarquia. E que não podia ter qualquer poder.
A esperteza saloia, a pesporrência, a teimosia ou a estupidez nunca foram boas conselheiras. Não há notícia de que alguma vez tenham dado bom resultado. Montenegro devia ter percebido isso há muito tempo.