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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Numa cidade que necessita urgentemente de ter projectos culturais de dimensão mundial que a projectem internacionalmente, ajudem à diversificação económica e coloquem Macau no roteiro mundial dos grandes museus, por vezes há quem atire uma pedrada para o charco da estagnação, do mau gosto e da frivolidade e mostre que é possível fazer alguma coisa bem feita e com critério.
No MGM Macau, mais concretamente no Poly MGM Museum, está patente ao público uma exposição designada "The Maritime Silk Road – Discover the mystical seas and encounter the treasures of the ancient trade route". A mostra prolongar-se-á até 30 de Setembro de 2025 e o mínimo que se pode dizer dela é que vale a visita.
Em resultado da colaboração com diversos museus e outras instituições, a MGM conseguiu trazer até aos residentes da RAEM e a quem nos visita um conjunto de cerca de duzentas obras de arte de grande valor histórico-cultural focados na antiga rota comercial entre o Ocidente e o Oriente.
Das magníficas cabeças de bronze do Antigo Palácio de Verão, às porcelanas, quadros, pequenos objectos decorativos, vasos, sem esquecer instrumentos de navegação, réplicas de embarcações usadas por navegadores chineses e portugueses, até uma raríssima tapeçaria e obras de arte contemporânea, incluindo algumas que estiveram na Bienal de Veneza, são múltiplos os motivos de interesse e deleite visual.
Destaco aqui, em particular, a tapeçaria Aeneas and Anchises, que data de 1620, da colecção privada da MGM, inspirada na Eneida, de Virgílio, e das quais existirão apenas meia-dúzia em todo o mundo, em colecções privadas, no Metropolitan, em Nova Iorque, e no Museu de Arte de Lyon. A que está em exibição terá sido executada para D. Francisco de Mascarenhas, o primeiro governador de Macau com carácter de permanência, que exerceu mandato entre 1623 e 1626 e para cujo cargo foi nomeado depois das tentativas de ocupação holandesa dos anos anteriores.
Num espaço amplo, cuidado, arranjado com gosto, com bastante informação e iluminação adequada, é possível fazer uma pequena viagem, bastante agradável e instrutiva. Com a vantagem de os bilhetes serem gratuitos. Melhor era impossível.
Sugiro apenas que sejam dadas indicações expressas aos visitantes para se absterem de falar alto, já que ali não existe nenhuma lota, e de colocar as mãos nos expositores, em especial nos vidros. Para ver não é preciso mexer no que está exposto e sempre se evita que as superfícies fiquem todas conspurcadas com impressões digitais e a gordura das manápulas de alguns.
Não é a primeira vez que a MGM, substituindo-se a quem deveria fazê-lo, presta um serviço público de alto nível aos residentes e à cidade, organizando uma excelente exposição. Creio mesmo que de todas as concessionárias é a MGM aquela que tem conseguido apresentar na área cultural melhores e mais qualificadas propostas, pois tem mostrado possuir curadores competentes e utiliza os recursos de que dispõe com critério.
A sua equipa está de parabéns e só esperemos que possa continuar. Para bem de todos.