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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
"The 71st Macau Grand Prix (MGP) had it all: sun, rain, wind, thrilling and lackluster races, drama, speed, edge-of-your-seat overtaking, avoidable crashes, and, incredibly, even a competition without a race that ended with trophies and prizes being awarded."
Hoje, no Macau Daily Times, o rescaldo do melhor e mais longo fim-de-semana de Macau.
A única língua verdadeiramente importante é aquela em que nascemos, crescemos, pensamos, sentimos e nos exprimimos. Todas as outras são línguas de circunstância, embora esteja lá sempre presente a música e a poesia para nos aproximar a todos.
Vem isto a propósito de um espectáculo proporcionado há dias pelo Instituto Cultural aos afortunados que conseguiram bilhete para ouvir Tito Paris e a Orquestra Chinesa de Macau no Centro Cultural.
À orquestra vou escutando de tempos a tempos, mas talvez há mais de uma década que não escutava o rapaz do Mindelo. Ambos continuam a cultivar a qualidade e a proximidade ao público. Cada um no seu jeito é muito bom no que faz.
As músicas vão e vêm, cada qual no seu tempo, provando que em qualquer voz ou instrumento é possível falar vários idiomas com o português por fundo.
Porém, o que se afigura extraordinário é ver como a língua que aqui nos aproxima volteia entre acordes, ora em ritmos mais africanos de sabor lusíada, onde imperam a batida forte da percussão, os acordes do baixo, da guitarra, e a doçura do cavaquinho embalada pelo acordeão ou o violino; seja nas sonoridades orientais do gaohu, do erhu e zhonghu, nas cordas do guzheng ou da pipa e nos instrumentos de sopro tradicionais chineses, sempre navegando por um crioulo lusófono que baila e aconchega encurtando distâncias entre a doçura de uma morna ou a alegria da coladeira e do funaná, sem nunca sair daquele espaço miscigenado que faz a riqueza, a doçura e a ternura da língua em que nos perdemos quando amamos ou choramos.
Em qualquer canto, em qualquer outro idioma, qualquer que seja a forma de expressão, na música, na poesia ou num sorriso, Tito Paris e os músicos da Orquestra Chinesa de Macau, superiormente dirigidos, voltaram a provar que a minha língua portuguesa é uma fonte inesgotável de conforto, de prazer e de partilha. De Lisboa ao Mindelo, do Mindelo a Macau.
Só na diferença nos revemos. E só na distância nos aproximamos usando uma única bússola no oceano lusófono em que comunicamos e abraçamos quem chega, quem nos acolhe e quem parte.
(créditos: BBC News/Getty Images)
A tragédia de Valência, porque é disso mesmo que se trata, fez-me recordar o que aconteceu em Macau, em 2017, com o tufão Hato. Não pela dimensão dos estragos e o número das vítimas, que então foram infinitamente menores, mas pela forma displicente como se trata da prevenção de catástrofes, em particular perante circunstâncias meteorológicas vincadamente adversas, e a falta de responsabilização política.
Para lá da luta política e da governação de trincheira, cada vez mais popular entre os radicais à direita e à esquerda, há um mínimo, ou devia haver, de bom senso, sentido de equilíbrio e responsabilidade que conviria que estivesse presente em cada decisão.
Em locais onde é cada vez mais inexistente a responsabilização política dos dirigentes, o que bem se compreende porque a sua acção é avalizada nas sombrias, resguardadas e estreitas veredas das práticas e da tradição inerente ao “centralismo democrático”, quando a coisa aquece fazem-se umas declarações compungidas, distribuem-se uns rebuçados e promete-se melhorar. De caminho arranja-se um bode expiatório. Pode ser o homem da meteorologia ou outro que esteja à mão e se possa deixar cair em desgraça, atirando-o para a praça pública.
Nos regimes democráticos, a democracia pode “não funcionar bem”, mas normalmente existe um Estado de direito, há escrutínio da acção dos governantes por parte da imprensa e da opinião pública em geral, há acesso à informação, há transparência, há crítica livre e descomprometida (também há da outra, da encomendada e comprometida, que em regra é rapidamente denunciada) e presunção da inocência, as coisas não se passam bem assim.
Da mesma forma que existem negacionistas da Covid-19, temos quem pense de igual modo sobre as alterações climáticas, a poluição e o aquecimento dos oceanos ou a propósito do buraco da camada de ozono. E que continua a considerar que esses problemas não passam de propaganda da "esquerdalhada" e de uns activistas loucos. Alguns, é verdade, são completamente chalupas e ignorantes, estando no patamar inverso ao dos negacionistas, prejudicando de igual modo a consciencialização das pessoas, o progresso da ciência e causando mais danos à sua causa do que bem.
Como recorda o jornal digital elDiario.es, o Governo de Carlos Mázon Guixot, o presidente da Comunidad Valenciana desde Julho de 2023 e líder do Partido Popular local desde 2021, assim que ganhou as eleições, e numa das suas primeiras decisões, resolveu acabar com um organismo que havia sido criado exactamente para a prevenção e controlo de catástrofes, e entregou a gestão das situações de emergência ao seu parceiro de coligação, o Vox, um partido negacionista climático, pelo que em escassos quatro meses desmantelou a Unidad Valenciana de Emergencias cuja missão era “garantizar la rápida intervención en cualquier lugar del territorio en caso de emergencias de origen meteorológico o sísmico, extinción de incendios forestales y maremotos.”
Depois, quando a depressão Dana se prenunciava, Mázon negou a gravidade da situação, disse às pessoas que o temporal se deslocava para Cuenca e que se previa uma diminuição da intensidade do temporal. E de tal forma o fez que publicou um tweet na rede social de um catavento oportunista apoiante de Donald Trump para que toda a gente o soubesse, no mesmo dia em que se preocupava com os touros. Era difícil ser mais imbecil.
E após a destruição provocada pela intempérie, o mesmo Mázon ainda rejeitou a ajuda de outras regiões, do governo central do socialista Pedro Sanchez e dos militares.
Perante a dimensão do que aconteceu, com cerca de 1900 pessoas desaparecidas, o presidente da Comunidad Valenciana acabou apagando o tweet que publicara.
As medidas anunciadas pelo Governo espanhol são neste momento apoiadas por todos os partidos, incluindo o Partido Popular de Mázon, menos pelo Vox.
O discurso e a prática política de muitos dirigentes políticos na Europa e no mundo, incluindo em Portugal, não se distinguem dos de Mázon.
A reacção de toda aquela gente ao que aconteceu, à chegada dos Reis e do Presidente do Conselho, é mais do que compreensível. A ajuda de vizinhos e de outros que chegaram das mais variadas regiões também não passou despercebida. Ainda assim não faltou o aproveitamento político da desgraça.
As imagens que todos vimos, espelhando a brutalidade da destruição e a angústia de toda aquela gente que perdeu familiares e haveres de um momento para o outro, para além da dor que não deixa nenhum ser senciente na indiferença, e da solidariedade que imediatamente reclama, não pode deixar de nos obrigar a reflectir sobre o que aconteceu.
Este mundo começa a ser demasiado pequeno para tanta estupidez. Daria jeito exportá-la para outra galáxia.
(créditos: Sky Sport News)
Sei que não é habitual ver nestas páginas elogios aos treinadores e às equipas que discutem campeonatos e títulos com o Sport Lisboa e Benfica.
Também é verdade que ver equipas portuguesas, treinadas por um português, jovem e talentoso, a golearem o tetracampeão campeão inglês não costuma fazer parte do cardápio de quem segue a Liga dos Campeões.
Mas mal ficaria a quem dá tanto valor ao mérito que, tomado por uma qualquer clubite aguda, não reconhecesse valor, profissionalismo e classe onde eles estão. E é indiscutível que o Sporting Clube de Portugal deu ontem uma alegria aos seus adeptos e a todos os que gostam de futebol, merecendo por isso os parabéns. Para o Manchester City, como se escreve no site do clube, foi mais uma noite de desapontamento. A Sky Sports viu-a como a "stunning win".
Para além dos pontos que a todos os outros clubes portugueses dão jeito no ranking da UEFA, Rúben Amorim despede-se de Alvalade em grande, deixando muita gente feliz. Antes assim.
Nunca um benfiquista terá dado tantas alegrias ao SCP e à sua massa associativa. Até na hora da despedida.
Quero por isso desejar ao Rúben Amorim, um grande benfiquista e profissional de futebol, que seja capaz de fazer na sua nova casa de Old Traffford o mesmo que fez em Lisboa no clube de que se despede, deixando o seu perfume de bom futebol, educação e dignidade dentro e fora do campo. Disso beneficiaram todos: os adeptos leoninos e o futebol em geral.
Pode ser que os arruaceiros e os cafres que ainda temos pelas bancadas lusíadas, a dirigir alguns clubes de futebol e a gesticular em São Bento, aprendam alguma coisa que contribua para a mudança dos persistentes maus hábitos futebolísticos e políticos.
E queiram seguir o exemplo de quem teve, e se espera que continue a ter, fora de portas, sucesso no "chuto-na-bola" com elevação.
Andando sempre com pressa, que o tempo é escasso quando há tanto para ler e para fazer, ainda não tivera oportunidade de concretizar o que desejara.
Esta manhã parei o carro na estrada, liguei os piscas e fui ao meio da rua tirar fotografias à lomba redutora de velocidade que ilustra esta pequena nota. Não é caso único.
Usando pneus de baixo perfil e com jantes desportivas tenho sido bastante penalizado pelos buracos nas estradas, as obras em permanência, a falta de manutenção, as tampas de esgoto, de água, de telecomunicações, e sei lá que mais. Das placas de metal que cortavam pneus no velho istmo, em especial à noite e com chuva, a suspensões danificadas, tem havido de tudo um pouco.
Ultimamente lá se dignaram refazer pavimentos e alcatroar algumas vias que tão precisadas estavam. Por essa parte fica o meu agradecimento.
Não esperava era encontrar lombas redutoras de velocidade com os parafusos de fora, prontos a danificarem os pneumáticos de quem por ali passe e não repare na situação.
Dei conhecimento à administração da urbanização. Não era com eles. Disseram-me ser assunto para tratar com a Direcção dos Serviços dos Assuntos de Tráfego. Creio terem razão.
Como não vou poder lá ir, ficam aqui as fotos. Pode ser que alguém da DSAT passe por esta página e se digne mandar verificar os parafusos das lombas redutoras de velocidade nas estradas de Coloane e do Cotai, visto que a PSP, embora ande pelas estradas a multar e bloquear, nunca reparou. Ou, se reparou, não ligou.
Não ignoro que quem conduz viaturas oficiais não paga pneus nem oficinas. Só que isso não é desculpa.
Como está é que não pode continuar.
O Festival Internacional de Música está quase no fim, mas depois de mais um concerto memorável com Herbie Hancock, foi de novo necessário voltar a enfrentar a irracionalidade de quem gere o estacionamento do CCM.
Durante muitos anos nunca foi preciso pagar pelo estacionamento no CCM. A pessoa precisava de comprar um bilhete, ir a uma exposição ou assistir a um espectáculo, e enquanto houvesse lugar podia estacionar naquele local.
De há algum tempo a esta parte, creio que desde o final da pandemia, o estacionamento passou a ser cobrado.
Trata-se de uma fonte de receita perfeitamente legítima, embora me pareça desadequado que uma família compre bilhetes para um espectáculo, desembolse umas centenas ou milhares de patacas, e no final tenha de estar 25 ou 30 minutos para sair do estacionamento devido ao tempo que se leva a chegar à cancela e a pagar para retirar o veículo.
Já me aconteceu sair sem pagar, por ordem do pessoal de serviço, porque a câmara, mal colocada, não conseguiu fazer a leitura da matrícula – um dos números não ficara registado – e por isso a maquineta não aceitava o pagamento no momento da saída e ao fim de meia-hora de espera. Exasperados, os outros automobilistas começaram a buzinar, solução que dessa vez serviu para resolver o problema.
Muitos condutores não têm o mínimo sentido cívico – a PSP devia fazer uma campanha de apelo ao civismo porque o problema acontece sempre que há engarrafamentos, no acesso às pontes ou nalgumas rotundas – e impedem a entrada dos outros. Há quem vire a cara para o lado, fazendo de conta que não vê que também está ali ao seu lado um veículo com gente dentro à espera para entrar ou sair – muitas vezes um autocarro carregado de gente –, e ignoram que se houver um mínimo de civismo ao volante a circulação se torna mais fácil e rápida para todos.
No caso do parque de estacionamento subterrâneo do Centro Cultural devia haver a possibilidade de se poder comprar antecipadamente um bilhete em dias de espectáculo. Poderia ser entregue à entrada. Ou então o acesso devia ser franqueado gratuitamente a quem estiver munido de bilhete para qualquer evento que ali ocorra, o que evitaria longas filas e que se perdesse tanto tempo na saída. As cancelas poderiam estar abertas logo após o final dos espectáculos. Ninguém quer ali pernoitar.
Na rua é difícil estacionar. Os parquímetros das redondezas estão limitados a duas horas. Há muitos espectáculos que começando às 20:00 horas ultrapassam esse período máximo, havendo que contar com o tempo de deslocação do local de parqueamento até à sala.
Penso que o Instituto Cultural e quem gere o estacionamento público no CCM nas artérias adjacentes não pretende que os espectadores saiam a meio dos espectáculos para irem pagar os 15 ou 20 minutos que faltam até às 22:00 horas, hora a que os parquímetros deixam de cobrar, para assim não correrem o risco de serem multados por um desses zelosos agentes de trânsito. Não vou tão longe, mas solução haverá.
Seria bom que os responsáveis pelo Instituto Cultural e pela gestão do CCM resolvessem rapidamente este problema. Basta pensar um pouco.
O gasto de combustível e as emissões de gases nesse local e pela descrita razão são absurdos. E também afectam quem ali trabalha e é obrigado a respirar os gases libertados durante todo esse tempo enquanto controla o acesso à saída; não deixando de ser ridícula a afixação de avisos nas paredes a prevenir os automobilistas de que devem ser pacientes porque para fazerem menos de 100 metros precisam de 30 minutos.