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aniversário

por Sérgio de Almeida Correia, em 28.12.23

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Em circunstâncias normais, apesar de não saber muito bem o que isso seja, completaria hoje noventa e quatro anos. Alguns dirão que é “uma idade bonita”, o que na verdade se aplica a todas as idades. As idades são sempre bonitas, os aniversários são sempre felizes; se o seu cumprimento, é claro, for mais do que um ritual e menos do que uma obrigação. Celebrar aniversários por obrigação é um horror. Celebram-nos nessas circunstâncias os que são empurrados para viver, e a viver, de acordo com os “desígnios” do Senhor e as leges artis de quem deles cuida até à exaustão. Pode-se sempre desistir quando se toma uma decisão. A liberdade é o princípio e o fim da razão quando, há muito, tudo deixou de fazer sentido. O mundo lá fora deixou de me interessar. Repete-se para os que lá estão, para os que andam por lá. Não mais para mim. Livros, revistas, televisão, mundanidades; qual o interesse? Se o confinamento cansa, se a minha autonomia parou num tempo cada vez mais longínquo, se insistem no que não me apraz, não quero e se me afigura impertinente ou despropositado, a quem me poderei queixar? E vê-los, a eles e a elas, a entrar e a sair, virando-me para aqui e para lá, porque é preciso evitar as escaras, e me querem sempre de boa cara, não torna a ilusão menos pungente. Antes faz o sofrimento, o cansaço, a solidão, o desconforto cada vez mais duradouros, mais desumanos, eternizando cá em baixo o que eu não sei se existe noutro lado, ou se será apenas mais uma ilusão, aqui e lá. E se não existe de todo, como negar-me, e a outros, o direito de condignamente me retirar, aproveitando o silêncio e a escuridão da noite, antes que dêem pela minha ausência quando a aurora raiar. Ah, como seria bom que tudo tivesse sido diferente, mais alegre e efusivo, sem a soturnidade crepuscular de uma velhice triste e distante que se prolonga pela manhã, a tarde e a noite de semanas, por meses a fio, que se repete todos os Natais e aniversários, faça chuva ou faça sol. E depois cantam canções alusivas, sempre desafinados, e ainda vêm uns velhos e umas velhas que me fazem festas na cara e na cabeça sem que eu queira, ou lhes peça, como se agora fizesse parte da sua família quando a minha está ausente e já se me confundem as horas e os rituais. E se eu não quero beber água, coisa de que aliás nunca gostei, querem-me obrigar para quê? Neste estado, quero lá saber que sobrevenha uma insuficiência renal. Que é isso comparado com as quarenta e oito horas dos meus dias que há tantos anos se acrescentam? Sim, eu sei que alguns terão saudades, me sentirão de menos, continuarão a recordar estes e outros anos, mais iluminados, menos pesados, não tão frios; sim, porque passou a estar sempre frio e depois vêm dizer-me que está calor e que “hoje está bom para ir à praia”. E que esteja. Se daqui não posso sair isso também não me importa. Também não quero ir. De há uns bons maus anos para cá passou a estar sempre frio. Tudo passou a ser desagradável, monótono, triste, a modos que sem jeito. Agora é que vai ser. Não vou ficar para o Natal. Não tenho mais paciência para isto. É o termómetro, são os comprimidos, é o zingarelho enfiado no dedo. Pois é, quero lá saber dos níveis de saturação, dos exercícios, das vacinas. Vão-me dar mais uma? Porquê? Se são felizes assim, a mim não me perturba. Na verdade, tornou-se-me indiferente. Um destes dias isto acaba. Tanta coisa para continuar aqui à espera da chegada do Verão, sem que eu saiba se o Inverno acabou quando me esqueço já das cores da Primavera e do Outono sei apenas que existe quando mo dizem. O senhor doutor já é avô. A triplicar. O outro também, embora continue a ser "o tio". Um avô sui generis. Este sempre foi diferente. Era terrível. Dava dores de cabeça à mãe. Os miúdos estão todos crescidos. E são pais e tios. Estou farto dessas zurrapas. Sopa, mais sopa, uma açorda às vezes, empadão. Sabe tudo ao mesmo. Gelatina, fruta em calda. Se está bom? Está sempre bom. Uma porcaria, e depois engasgo-me. Sempre a mesma sina. Há que ser aspirado. Nada funciona. Nem sei para que como. Querem que eu coma, que tome os comprimidos, que beba água. Os outros foram-se todos embora. Fiquei eu. E os velhos. São mais novos? São velhos na mesma. Tudo velho, tudo velha. E eu aqui continuo. Agora acabou-se. Hoje vem rancho reforçado? Não quero. Fazer-lhes a desfeita não é bonito. Vou fazer de conta. Está bem, sim, está bem. Até amanhã. Amanhã acaba hoje. Hão-de cansar-se, fartar-se. Não entra mais nada. Não abro mais a boca. Estou cansado. Não percebem isso, não percebem nada. Gosto muito de todos, mas deixem-me em paz. Agora é que é. Estou farto disto. Este ano não há circo. Quero lá saber do Pai Natal. Vão enfiar o barrete na cabeça de outro. Não há mais fotos. Não fico para o bacalhau. Nem para os meus anos. Guardem os parabéns. Passem sem mim. Vou-me embora. Deixem-me em paz. Acabou-se. Bebam vocês a água. Adeus. Não me chateiem.

 

[Ainda tão perto e já longínquo. Dezoito dias depois de tudo ter acabado. Hoje bebo à sua. Esta estava guardada para um dia. Calhou ser hoje. De um amigo para um amigo. É dia de aniversário. Nada de água. Celebremos a vida. Todos os anos neste dia. Como sempre gostou que se fizesse entre risadas e traquinices. Com todos. Filhos, noras, afilhados, sobrinhos, netos, amigos, amigas, vizinhos, com quem aparecesse. Por vezes sob o olhar espantado e censurante das meninas lá de casa. Que depois também se riam. À sua, Pai. Até um destes dias.]

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pagodeira

por Sérgio de Almeida Correia, em 06.12.23

Os dias continuam a ser férteis em notícias, umas menos interessantes do que outras.

Por um lado, tivemos a notícia de que as "aplicações financeiras da RAEM registaram no ano passado perdas de 6,5 mil milhões de patacas", o que me leva a questionar se a "volatilidade dos mercados" a que se referiu o Secretário para a Economia, quando quis justificar esse número aos deputados, não será de outra natureza.

Era interessante saber que investimentos foram feitos pelo Governo de Macau, qual o seu tipo, que riscos se correu, que entidades foram as beneficiárias desses mesmos investimentos, e quem foi o responsável pela decisões que implicaram uma perda da dimensão assinalada.

Não é por nada, mas se esse dinheiro tivesse sido distribuído à população, ou investido na rede viária, teria sido certamente muito mais benéfico para todos e sempre se teriam poupado as comissões pagas a bancos, intermediários e a todos os outros comilões que gerem esse tipo de investimentos.

Numa empresa privada, o responsável pelas perdas teria sido responsabilizado. E no Governo da RAEM? Fica tudo na mesma? Quem foram os magníficos gestores e decisores? Era importante saber, até para que no futuro não continuem a perder o dinheiro dos contribuintes.

Ontem foi também anunciada a emissão da nova geração de bilhetes de identidade (BIR) para os residentes.

A Direcção dos Serviços de Identificação (SIM) tem sido uma das pouca entidades da Administração Pública da RAEM, muito por mérito da discreta Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, que prestou ao longo dos anos um bom serviço a Macau e aos seus residentes. Justiça lhe seja feita. Mas ultimamente, desconheço se por consequência da saída daquela para exercer funções de governação, têm surgido nos SIM alguns atrasos, confusões, não sei bem como lhes chamar, em relação a algumas situações relacionadas com a emissão dos BIR.

Os objectivos que estão por detrás da emissão dos novos documentos de identificação parecem-me mais do que compreensíveis, mas como um amigo já me havia chamado a atenção, percebe-se mal que se anuncie a apresentação de pedidos online quando as fotografias para esse documento continuam a necessitar de ser obtidas em empresas que colaborem com o Governo, há limitações em matéria de idade e é obrigatório o levamento pessoal do documento depois de emitido.

Ou seja, não só continua a ser preciso as pessoas deslocarem-se, seja às lojas de fotografia ou aos serviços, sem que se perceba qual a vantagem do pedido online, como continuamos muito longe do serviço prestado noutros locais.

Querem um exemplo? O Reino Unido renova os passaportes dos seus nacionais online, mesmo para quem esteja a residir em Macau, e remete-os depois pelo correio. Limpinho, sem filas, sem agendamentos, sem deslocações a lojas específicas.

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amigos

por Sérgio de Almeida Correia, em 02.12.23

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Esta tarde estive a ler um livro de amigos oferecido por um amigo. Dei comigo a pensar neles. Nos amigos. E nelas. Na distância a que estou de muitos, nos aniversários que tenho perdido, nas horas infindas de conversa e cavaqueira, nos disparates, nos dias, almoços, jantares e noites que acabam para podermos descansar e começar outro dia, nas discussões, nos risos, nos abraços, nos beijos que trocámos ao longo de uma vida, nos olhares cúmplices, no riso sincero, desprendido, nos segredos que guardamos, na confiança que temos, na teimosia, tantas vezes, com que nos brindamos mutuamente. Nas críticas, nos amuos, na forma como nos olhamos, respeitamos, amamos. E tantas vezes nos perdemos para sempre nos reencontrarmos. Há tempos vi um num supermercado, a milhares de quilómetros de casa. Fazia perguntas à operadora da caixa enquanto guardava as compras. A T. reconheceu-o, mais velho, ao fim de uma data de anos, pelas perguntas que fazia à sujeita. E atirou-lhe com ar sério um "o senhor nunca mais se despacha?". A senhora do supermercado, que ia respondendo às perguntas a ver se o fulano se ia embora, sorriu e riu-se para dentro. Deve ter rido com gosto. Pudera. É preciso ter lata. O tipo, mais velho, levantou os olhos, sem perceber o atrevimento. Começou a rir-se, deu-me um abraço quando me viu, ao fim de mais de 20 anos. E perguntou-me se continuava a escrever. Sim, continuo. E tenho os mesmos amigos. E mais uns, mais recentes, tão bons como os antigos. Penso muito neles. E nelas. Algumas também meias-irmãs, outras ex-semi-namoradas. Amigas. Amigos. Têm tomado conta de mim ao longo da vida. E feito de mim o que sou. Gosto muito dos meus amigos. É uma confissão. Uns são mais velhos, outros mais novos, uns mais sisudos, outros mais impertinentes, também há alguns que são do Porto, outros do Sporting. Atrevidos e atrevidas. Uns com mais lata que outros. E adeptos de clubes indescritíveis. Uns palermas nessa matéria. Mas também são meus amigos. E há alguns que não percebem nada de carros e não gostam de velocidades. Outros ainda abanam a cabeça, mas não me dizem nada, quando compro um Alfa Romeo. Lá no fundo não percebem o que eu vejo naqueles carros. E porque vou a Le Mans todos os anos. Essa é a parte misteriosa de quem vive muito depressa. Também escrevo muito depressa. Felizmente que ainda tenho tempo para fumar um charuto. De vez em quando. Com os amigos. E alguns não fumam, embora fumem comigo. Com os olhos. E depois rimo-nos muito. De outras vezes fumo sozinho. Também penso neles. Sozinho. Às vezes choramos. Eles não. Eu choro. Porque também sinto a distância dos que estão longe. E dos que partiram. Hoje também me lembrei do M. que está no Porto. Ainda lhe devo uma resposta ao último email. Vai por aqui. Há pouco lembrei-me de todos eles quando comprei um quadro da minha sombra. Como a do Livro de Curso. Igual ao do Almada que estava na Gulbenkian. Com o Pessoa. Obra do Vítor Marreiros. Depois o Vítor telefonou-me, porque aquele quadro não era para vender. O fulano da galeria não sabia. O que levei tinha defeito. O Vítor disse que aquele não era para mim. Havia umas letras que estavam trocadas. O meu é outro. Está no atelier dele. Com as letras todas. Quando tiver o certificado para mim fazemos a troca. Ele fica com o das letras trocadas, eu fico com o dele que não estava na galeria. Não conheci nenhum amigo do Fernando Pessoa. Nem dos seus heterónimos. Eles é que me conheceram. Também são meus amigos. Quando os leio, às vezes mesmo quando vou pela rua, acho que eles me vêem. Aqui não é superstição. É crença. Os amigos vêem-me. Às vezes há uns que me dão uma sova quando lêem o que eu escrevo. Têm mais medo do que eu. Eu sei. Sou um irresponsável. Eu nunca tive medo. Mesmo quando estou sozinho tenho amigos que zelam por mim. E há umas que até rezam. A Mélita era uma delas. Deixou muita saudades. Eu também tenho muitas saudades. Dela e dos meus amigos. Quando não estou com eles. Vale-me uma amiga que está sempre por perto e que tem dias em que me azucrina a mioleira. Não presto atenção às coisas. E diz-me. Não a levo a mal. No fundo gosta de mim. É minha amiga. Depois queixa-se das suspensões dos carros. É a mais atrevida. Os outros não dizem nada. Os carros também não. No dia em que me for embora vou ter saudades dos meus amigos. Deles e da minha liberdade. Espero que eles não se chateiem. Ainda eram capazes de me ir buscar ao Guincho e acabava-se o meu sossego.    

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sondagens

por Sérgio de Almeida Correia, em 01.12.23

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Algumas pessoas ficaram admiradas com o resultado da sondagem da Universidade Católica/Público/RTP, dada a conhecer no passado dia 28 de Novembro. Ainda todos estão lembrados dos resultados de outras sondagens aquando das últimas legislativas e do que veio a acontecer. O país não quis saber de empates técnicos nem de vitórias tangenciais e resolveu entregar uma maioria absoluta a António Costa. Por essa razão convém moderar as análises e o ímpeto das conclusões.

Ainda assim, atrevo-me a dizer publicamente o que penso, arriscando a crucificação num pelourinho por delito de opinião.

E neste momento em que se discute a liderança do PS e todos os outros partidos se afadigam a prepararem-se para as eleições – alguns na mira de conseguirem adiar por mais algum tempo o seu próprio funeral – parece-me evidente que a golpada marcelista, amplamente favorecida pelo descalabro da governação (seria difícil encontrar outro termo para o desastre que foi, salvo raríssimas excepções, a performance do XXIII Governo Constitucional), poderá vir a revelar-se como uma bênção para a reforma do sistema político e eleitoral. De uma assentada, os portugueses podem abrir caminho para se livrarem de quase todos os pantomineiros que fazem hoje a maioria da classe política que nos trouxe até ao imbróglio em que estamos.

Dos diversos cenários apresentados pela sondagem acima referida, há algumas conclusões que são inequívocas: i) Os portugueses não gostam de radicais; ii) Qualquer que seja o cenário dispensam Luís Montenegro; iii) Pedro Nuno Santos (PNS) não lhes merece o aval da confiança.

Quanto à primeira não constitui novidade. O país reconhece-se ao centro na extensa faixa que vai da democracia-cristã/liberalismo/social-democracia até ao socialismo democrático mais ou menos esquerdista.

Depois, em relação ao líder do maior partido da oposição, o PSD, verifica-se que apesar de tudo o que aconteceu com o Governo e com o PS, Luís Montenegro não consegue melhor do que um resultado sofrível qualquer que seja o cenário.

Não é de estranhar. Chegou a líder por ser tão anódino quanto foi deputado ao longo dos anos, sem um lampejo que o resgatasse à mediocridade carreirista da JSD ou da seita aventaleira que o ajudou a crescer. E agora que se vai apresentar a eleições traz consigo, como se viu no congresso do passado fim-de-semana, um camião com um atrelado de sarcófagos de onde vão saindo umas múmias que não deixaram saudades. Que seja castigado e as sondagens não lhe sejam particularmente favoráveis depois de tantos anos de PS no Governo não é uma fatalidade.

Mas se o teste havia de chegar com as eleições europeias ou com as autárquicas, o Presidente Marcelo fez o favor às hostes laranja de anteciparem o futuro e se livrarem de Montenegro e da sua tralha bem mais cedo, pois que quanto mais depressa o PSD iniciar a sua renovação e posicionar uma nova geração de líderes, que seja recrutada noutro lado que não seja entre as levas de imperiais do Ribadouro, menos difícil será construir uma alternativa na área política do seu eleitorado, colocando um ponto final na balbúrdia venturista à sua direita.

Em terceiro lugar, há o problema PNS para resolver. Este é um problema interno do PS e que só terá solução, acreditemos que sim, se nos próximos dias 15 e 16 de Dezembro os militantes socialistas o resolverem.

Os resultados da sondagem explicam por que razão é que PNS não quer debates com os outros candidatos à liderança do partido. Não se trata, evidentemente, de evitar dar trunfos à direita, mas sim de evitar o debate político e fugir do confronto com as suas próprias contradições, com o cataventismo socratista e a vacuidade petulante e oportunista do discurso.

Em 2017 (não vale a pena recuar mais), PNS, que já era crescidinho, afirmou que "O PS nunca mais irá precisar da direita para governar". Em 2018 sublinhou que "o PS não está refém da direita para governar". Depois, quando anunciou a sua candidatura, começou por atacar o candidato José Luís Carneiro, acusando-o de não ser suficientemente combativo contra a direita e vincando que com ele "o PS não vai ser muleta de ninguém", esclarecendo que o seu foco e o da sua candidatura "é derrotar a direita e não mais do que isso", antes de entrar na contabilidade cacical de saber quem apoia quem.  Como se esta tivesse interesse para alguém com excepção dos bípedes que ficam com insónias ante a perspectiva de não saberem quem apoiar para manterem os tachos dentro do partido e fora dele.

Bastou passarem dois dias, depois de acusar JLC de desvio direitista, e logo começou, de mansinho, a chegar-se para o centro, não fosse o diabo tecê-las. Daí que tivesse saído a terreiro para dizer que "o diálogo à direita e ao centro é fundamental" e que "há matérias onde o entendimento com o PSD é desejável e importante" (quais?), ao mesmo tempo que dizia que "a memória da geringonça é boa". Ora bem. E ainda disse que até a uma coligação pré-eleitoral não fecha portas. Colocou a primeira cereja no topo do bolo da coerência, qual franciscano, com que pretende desfilar nos próximos dias. 

Em rigor, para PNS o que é preciso é estar em todas, com todos "e com todas" desde que isso lhe garanta o poder. E se possível também com "todes", que foi para isso que o talharam, no "berço de oiro", na humilde loja do sapateiro, e em especial no albergue onde lhe construíram as ambições conforme as ocasiões.

Percebe-se, ademais, qual o motivo para que directas abertas, como mostram as sondagens, também sejam dispensadas por PNS, pois que é muito melhor deixar a escolha do líder do PS nas mãos dos caciques que controlam as concelhias e o aparelho do que confiar na decisão dos simpatizantes que não têm tempo para a militância e dos quais dependem os resultados eleitorais do partido.

Como lá mais acima dizia, se os militantes socialistas quiserem dar um contributo ao país poderão começar por se livrarem de PNS, mandando-o tomar conta das empresas familiares, de maneira a que não mais tenha necessidade de esconder os carros quando for para a campanha eleitoral. Esta é uma oportunidade única e irrepetível. 

Seria uma pena se os portugueses, que de uma assentada se podem livrar do neo-socratismo e do basismo cavaquista e passista, encetando um caminho de renovação das suas elites políticas, não aproveitassem os ventos fortes que sopram de todos os quadrantes, e a chuvada que se prepara nos próximos dias, para lavarem o terreiro e removerem de lá toda a barracada de feira que se foi instalando, dispensando os vendedores de tapetes, ligaduras e sarcófagos, os milhares de arrumadores e de traficantes de influências, os penduras de ocasião, a malta das sementes dos vários tipos de relva, enfim, livrando-se de toda a tralha de gigantones, coristas e emplastros acumulada nos últimos carnavais. 

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