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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
(créditos: daqui)
Nos bons e nos maus momentos esteve com todos e contra todos, com inteligência, ignorância e muito cinismo.
Uma vez convidaram-me para estar presente num dos seus doutoramentos honoris causa. Até hoje não estou certo se acreditava numa palavra do que pensava, do que dizia e do que escreveu.
Mas o seu legado é incontornável. Outros o julgarão. Não faltarão entendidos a dissertarem nos próximos dias, em todos os canais de rádio e de televisão, em tons laudatórios, sobre as suas múltiplas qualidades. Eu limito-me a certificar o óbito do século XX. E olhando à minha volta, para o que se passa no mundo, também não sei se isso será bom.
Ninguém tem o dom de adivinhar o futuro. Ele também não o teve, e por várias vezes tentou interromper o curso da história, treslendo e ignorando os sinais.
Apesar disso foi capaz de escrever muitos sumários. Alguns péssimos. Em Timor não deixará saudades. Outros, felizmente, como no caso português, não se concretizaram. Não ficámos entre Santiago e Havana. Voltámos a ser europeus. De corpo inteiro. E não lhe devemos isso.
Que descanse em paz.