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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Passados que foram três anos atípicos, aos poucos vão-se retomando velhos e saudáveis hábitos forçadamente postergados durante a pandemia. Um deles era o de com a possível assiduidade frequentar a magnífica acústica do Grande Auditório do Centro Cultural de Macau.
O programa de encerramento da temporada trouxe-nos uma "Ode a Beethoven", e o que se pode dizer, no mínimo, foi que efectivamente se tratou de uma ode. Ninguém foi enganado ou saiu desconsolado.
Depois de um belíssimo aquecimento, que nos preparou os ouvidos, os olhos e a alma para o que se seguiria, e em que foi possível escutar o Concerto Triplo para Violino, Violoncelo e Piano em Dó Maior, Op. 56, tendo como protagonistas o maestro/pianista Lio Kuokman, actual director de programas do Festival Internacional de Música de Macau e maestro residente da Filarmónica de Hong Kong, o jovem violinista Josef Špaček e Pablo Ferrandéz, a jovem estrela madrilena que grava em exclusivo para a Sony Classical, vencedor do XV International Tchaikovsky Competition e tem acompanhado a consagradíssima Anne-Sophie Mutter, uma sala cheia pôde desfrutar da uma soberba execução da Nona Sinfonia em Ré menor, Op. 125 "Coral", pela Orquestra de Macau, com a participação do Coro da Filarmónica de Hong Kong e de Noriko Tanetani (mezzo-soprano), Shoko Toya (alto), Tatsuya Takahashi (tenor) e Daisuke Oyama (barítono).
O mínimo que se pode dizer é que se tratou de um excelente espectáculo, tanto pela solenidade, como pela execução esmerada e o estilo refinado da interpretação emprestada por todos os músicos, com alguns momentos sublimes, aliás reflectidos no cuidado e atenção com que o público seguiu a performance.
Público que começa a estar finalmente educado e é capaz de respeitar os momentos de silêncio e as pausas, aplaudindo quando é o caso, sublinhando o seu agrado pela escolha das obras e elevadíssimo nível dos executantes.
Três notas finais. A primeira para chamar atenção para o muito público jovem presente, alguns com menos de uma dezena de anos, acompanhando os adultos, seguindo com interesse, apesar do cansaço, todo o programa até ao fim, sinal de que vale a pena continuar a apostar na apresentação de bons programas e na formação de audiências jovens desde muito cedo.
A segunda para a necessidade dos textos dos programas distribuídos terem de ser mais cuidados (ex: página 27, "Anne-Sophie Murmurar", "Pablo Ferrandéz fará? uma digressão com a Academia de São Martinho dos Campos"!!!), o que já numa outra ocasião referi, devendo ser igualmente mencionada a autoria ou proveniência dos textos, o que, felizmente, e em todo o caso, não chegou para manchar uma noite de antologia no CCM.
Finalmente, importa sublinhar a renovação que começa a ser visível, para melhor, na Orquestra de Macau. Qualquer orquestra precisa de se ir renovando, seja quanto ao maestro principal, aos músicos ou ao repertório, sem prejuízo da estabilidade profissional e segurança que as pessoas precisam de ter, de adoptar o seu próprio estilo e ser reconhecida por este. O intercâmbio, a chegada de sangue novo, de gente com outras ideias, de executantes de outras partes do mundo, com histórias diversas, não acomodados, que não fossilizem e queiram continuar a singrar, contribui para o seu enriquecimento e a satisfação de quem escuta.
Venha então a próxima temporada da Orquestra de Macau, e mais noites como a de 29 de Julho.
Nos dias de hoje o patriotismo é "à la carte".
E vai ser possível, para descanso de muitos comendadores, graças à revisão das leis eleitorais, apontar o dedo a um "não patriota" com o mesmo vigor e conforto com que antes houve quem o fizesse na Alemanha aos judeus, nos EUA aos comunistas para os afastar da vida política e social, ou faça actualmente no Uganda em relação aos homossexuais.
O curioso é que muitos destes novos patriotas de Macau antes eram, e ainda são, certificados patriotas portugueses, norte-americanos e de outras nacionalidades. São assim como uma espécie de arrivistas do patriotismo chinês.
Muitos foram condecorados por estados estrangeiros pelos bons serviços que lhes prestaram. Não consta que tenham devolvido as condecorações.
Outros foram apoiantes confessos das instituições coloniais, prosperaram à sombra delas e à custa da sua falta de cerviz, fazendo da subserviência e da bajulice aos sobas coloniais o seu cartão de visita, jogando em vários tabuleiros, não raras vezes fechando os olhos ao tráfico de influências e à corrupção, porque também beneficiavam com isso, tirando partido das falhas do sistema e da sua degradação nos tempos de Melancia e Rocha Vieira, ignorando conflitos de interesses para serem nomeados, subsidiados, singrarem e enriquecerem graças às especificidades locais e à autonomia de Macau.
Aplaudiam a Constituição portuguesa de 1933 e o Estado colonial, antes do 25 de Abril, como depois aplaudiram a de 1976, a Lei Básica e a Declaração Conjunta, jurando hoje fidelidade à Constituição da RPC ao mesmo tempo que escondiam as suas outras nacionalidades e as contas no estrangeiro.
Antes questionavam a necessidade de se rever as leis de segurança interna, da mesma forma que aplaudem, logo pela manhã, a revisão das leis eleitorais, e até houve um destes novos patriotas que alertou em tempos para o perigo de se criar "uma polícia política inadvertidamente". Como se fosse possível criar polícias políticas "inadvertidamente".
O que estes novos tempos revelam é que o patriotismo é um fato que se veste e se despe em função das oportunidades de negócio e de promoção profissional, social ou política. Por vezes, esse patriotismo assume o formato de um subsídio, de um patrocínio, de um contrato ou de um convite. Noutras situações, as mais comuns, tem o formato de um cheque, onde colocam no verso, pelo seu punho, a certificação do seu patriotismo antes de o depositarem na conta bancária.
Veneram hoje a estrela de cinco pontas e os ensinamentos do Presidente Xi com o mesmo desvelo com que lá em casa passam a ferro as notas com a cara de Benjamin Franklin; ou se levantam da cadeira para falar ao telefone sempre que do outro lado da linha está um patriota militante a dar-lhes ordens e lições de bom patriotismo.
Pois são estes os novos patriotas, verdadeiros invertebrados que se vivessem no tempo do nazismo seriam os nacionalistas e burocratas ao serviço de Eichmann e companhia.
E depois, quando o regime mudasse, diriam que se limitaram a cumprir ordens superiores e que no seu íntimo nunca apoiaram o fim das liberdades e dos direitos cívicos e políticos, nem gostavam "desta democracia".
Se já não era fácil ter boa impressão política e governativa quer do anterior ministro da Defesa, actual ministro dos Negócios Estrangeiros, quer da ministra da Defesa Nacional, por muito estimáveis que sejam, e eu não duvido, o relato que a Visão dá esta semana à estampa pela mão do jornalista Carlos Rodrigues Lima acabaria com todas as dúvidas que restassem.
O rol de factos, no mínimo de difícil explicação, mas quase todos reveladores de uma tremenda mistura de falta de senso, ingenuidade e inaptidão para o exercício de funções governativas dos protagonistas, para além de outras coisas que serão, espero, devidamente apuradas em sede própria, leva-me a perguntar como é possível manter em funções, num Estado de direito e numa democracia madura, João Gomes Cravinho e Helena Carreiras.
Não sendo crível que o chefe de gabinete do então ministro da Defesa não o colocasse ao corrente do que sabia e do que estava a ser feito, em cada dia que passa aumenta o seu desprestígio e surgem novos factos que colocam em xeque o seu desempenho e o profissionalismo e a seriedade da actividade político-governativa.
Dando de barato os emojis do tal Alberto Coelho, e que não será nos anos mais próximos e com gente como ele que a democracia-cristã voltará a chegar ao poder, a circunstância de perante a gravidade dos factos e das comunicações reveladas pela Visão, aliado ao que que já se sabia da actuação de Cravinho e do ex-secretário de Estado da Defesa, e que motivou a sua queda em desgraça, torna chocante a resposta dada pelo gabinete da actual titular da pasta da Defesa Nacional quando questionada sobre a razão para não ter enviado todas as comunicações trocadas entre Marco Capitão Ferreira e a Direcção-Geral de Recursos e Defesa Nacional (DGRDN) quando isso lhe foi solicitado.
Conhecendo-se agora o conteúdo do que foi omitido, percebe-se a incomodidade, perguntando eu se àquela alminha a quem António Costa entregou a Defesa Nacional não lhe passou pela cabeça que as comunicações escondidas, e que não lhe diziam directamente respeito, viriam um dia a ser do domínio público.
Os imbróglios que estão a ser investigados, a gravidade dos factos em causa e a displicência da actuação dos titulares da pasta da Defesa é tudo menos consentânea com uma actuação inteligente e responsável.
Daí que se compreendam cada vez menos as razões para, perante tanto despautério – a pasta da Defesa Nacional tem sido particularmente fustigada nos últimos governos pela inépcia dos nomeados, o que até parece ter-se tornado numa sina –, o primeiro-ministro manter em funções, e continuar a proteger, mais estes ministri fantasma, que não contribuindo em nada para o prestígio e a dignidade das instituições, só servem para enfraquecer ainda mais um Executivo que se vai perdendo no atoleiro em que se transformou a maioria absoluta e a actuação de algumas pessoas em quem os portugueses um dia confiaram para gerir a coisa pública. Lamentável.
Os romanos diziam panem et circenses (pão e espectáculos de circo), querendo com essa expressão simbolizar a política do governo desse tempo que se limitava a distribuir comida em banquetes e em proporcionar actividades lúdicas aos cidadãos.
A frase foi cunhada pelo poeta Juvenal e censurava a decadência dos romanos e da civitas que graças a esses artifícios dos maus políticos que ao tempo governavam, conseguiam controlar um povo que perdera o sentido crítico e a lucidez, e com esses logros ignorava aquilo que efectivamente lhe interessava e era importante para a vida colectiva.
Quem tivesse ouvido a semana passada, no subserviente boletim oficioso do canal português da TDM, o Secretário para a Administração e Justiça, ladeado pelas excelências do Instituto Municipal de Macau (IAM), a pomposamente anunciar, como se fosse a coisa mais natural deste mundo e uma necessidade dos residentes, a construção de dois "projectos de lazer", um no local onde existia o velho canídromo, o outro nas imediações da praia de Hac Sa, envolvendo um custo estimado de MOP$ 1.600.000.000,00 (um milhão e seiscentos milhões de patacas), certamente que se beliscou e foi depois ouvir de novo para ter a certeza que ainda não tinha ensandecido por completo. A experiência recente em matéria de obras públicas mostra que não raro o valor da factura final pode facilmente duplicar ou triplicar.
A forma como a sociedade de Macau reagiu, com críticas intensas em diversos fóruns e nas redes sociais, gozando com a falta de senso da proposta, promovendo um abaixo-assinado para demonstrar a sua indignação, mostra que a população ainda não está suficientemente adormecida para embarcar em todos os dislates que o Governo lhe propõe do alto da sua presunção, jamais sufragada, de boa governação.
Não sei de quem partiu a ideia, mas temo que o IAM, que ainda recentemente, de forma totalmente inusitada, resolveu alcatroar, sim, leram bem, uma parte do trilho grande da ilha de Coloane, que é incapaz de preservar o património arquitectónico edificado, ignorando direitos de autor, que tem uma obra minúscula em curso nas escadas de acesso à praia de Choc Van que não há maneira de concluir, que não consegue erradicar as pragas de ratos, de baratas e de cães vadios, que deixa os contentores de lixo abertos e ao ar com temperaturas elevadíssimas, e que tudo enche de cimento e mau gosto, tenha aí uma parte relevante de responsabilidade.
Toda a população sabe o que fez o anterior Executivo e quantos milhões gastou em obras inúteis, enchendo os bolsos de algumas empresas e pessoas próximas do regime vigente, cujas ligações a alguns sectores empresariais são conhecidas de toda a população, mas há quem ainda não tenha aprendido a lição e pense que em Pequim e no Gabinete de Ligação todos dormem.
E a população também sabe que, actualmente, de cada vez que se quer fazer alguma coisa, se promove uma espécie de consultas populares, normalmente destinadas a conferirem a chancela ao que já foi antes superiormente decidido pelos génios que aconselham o Executivo e para fazer de conta que houve participação na decisão.
Mas não deixa de ser estranho, eu diria muito estranho, que numa matéria destas, que vai dar cabo dos equilíbrios da ilha de Coloane, destruindo uma vasta área arborizada para se construir mais uns monos de betão, sem qualquer valor artístico, e onde serão investidos centenas de milhões de patacas, desfigurando e destruindo de forma irreversível, ainda mais, o único e último espaço com vocação verde e ambiental, não tenha sido realizada uma consulta pública dando conta aos residentes do que se pretendia fazer e gastar em duas obras faraónicas.
Numa terra onde as estradas estão cheias de buracos, em que de cada vez que chove tudo se inunda, em que diariamente se assiste à diminuição da qualidade de vida e do ar que respiramos, em que continua a não haver um serviço de táxis decente e civilizado, e em que não se investe o que é necessário para melhorar essa mesma qualidade de vida, é inacreditável que os decisores políticos e o IAM estejam tão apostados em gastar centenas de milhões de patacas na destruição do maior pulmão da RAEM, e um dos poucos espaços onde ainda se pode passear sem se ser incomodado pelo fumo dos escapes, pelos motociclos e demais veículos poluentes, pela música aos altos berros e pelos "pseudo-turistas" que nos invadem e vão distribuindo encontrões pelas ruas.
Felizmente que há quem ainda não esteja totalmente adormecido pelo discurso para montanheses que tem vindo a ser veiculado, o que só prova que as pessoas não se deixam iludir apesar de todos os esforços que têm sido feitos nesse sentido. E têm sido muitos.
É notável que em tão curto espaço de tempo fossem recolhidas quase dez mil assinaturas através de uma associação chinesa ligada a um deputado que recebeu nas últimas eleições carta de alforria de patriota, o deputado Ron Lam, e que as pessoas se questionassem sobre a razão para que uma obra desta envergadura fosse dada por adjudicação directa (mais uma) à empresa "Cantão Shangguo", "quando ainda não foi concluída a concepção do Campo de Aventuras Juvenis".
Essas dúvidas estenderam-se aos deputados ligados à Federação das Associações dos Operários, Ella lei, Leong Sun Iok, Lam Lon Wai e Lei Chan U, que pediram a suspensão da construção da estátua da Kun Iam, o que é sinal de vitalidade social e bom senso. As reacções da Associação Geral das Mulheres e do deputado Nick lei, citado pelo jornal Ou Mun, dizem bem do incómodo que tal decisão provocou em entidades que estão sempre ao lado das políticas oficiais e que não podem ser acusadas de falta de patriotismo.
Dir-se-ia que a pressa e o modo como tudo isto foi feito pretende esconder alguma coisa e que há quem teime em permanecer agarrado aos desmandos do passado, esquecendo tudo o que nos últimos anos foi levado aos tribunais, analisado pelo CCAC e pelo Comissariado de Auditoria, e, nalguns casos, à falta de melhor, encaminhado para o "Coloane Hilton".
Em todo o caso, ainda se está a tempo de atalhar a mais um desastre político, urbano e ambiental ditado pela total falta de estratégia e de visão de quem decide estas matérias, pensando que o povo dorme e que basta pão e circo para o manter entretido e desatento ao que se vai passando na sua cidade.
Um excelente serão jazzístico promovido na Casa Garden, que para o efeito abriu as suas portas, fez-me recordar os velhos tempos do Jazz Club de Macau e as noites vividas há mais de duas décadas numa Macau que desapareceu.
Mas se esta cidade já não é o que era, o jazz continua aí e de quando em vez faz prova de vida graças ao empenho de meia-dúzia de músicos e amantes dessa forma de expressão musical que dá asas à improvisação, à criatividade e à livre expressão artística.
E foi bom ouvir Zé Eduardo e a nova geração de talentosos jovens locais, estes sim – não as outras avantesmas que por aí andam inchadas e emproadas –, numa sala cheia, envolvidos na sua aprendizagem e evolução, mostrando o seu saber e a sua arte, e a que nem mesmo os anos de pandemia fizeram esmorecer.
Seria, aliás, bom que se aproveitasse este recente envolvimento das concessionárias dos jogos de casino numa maior responsabilidade social e apoio ao turismo para ajudar a reconstruir um verdadeiro e genuíno festival de jazz de Macau, incentivando-se o aparecimento de novos clubes e artistas, organizando um evento anual com alguma dimensão, trazendo músicos de fora que ajudem a dinamizar e a fazer crescer o jazz local.
Se é possível doar 120 milhões de patacas para a próxima edição do Grande Prémio, o que eu aplaudo, também poderão, seguramente, com um décimo desse valor dar um apoio significativo ao Clube de Jazz de Macau e aos músicos locais, contribuindo para que se volte a ter um espaço permanente, com condições acústicas e acessível a todos, que não seja exclusivo de um qualquer hotel de luxo.
Os hotéis poderão sempre ter os seus espaços e abri-los à actuação dos seus músicos e convidados, mas não se compreende como numa cidade com as características de Macau não seja possível ter um verdadeiro clube ou espaço exclusivamente dedicado ao jazz e a formas musicais alternativas, como acontece em tantas cidades asiáticas, e em que qualquer residente ou turista possa ir tomar um copo e ouvir boa música ao vivo, num ambiente simpático, descontraído e relaxado.
Aos organizadores do evento, em especial à nova delegada da Fundação Oriente, Catarina Cottinelli, a quem endereço votos de bom trabalho para o mandato que agora iniciou, ao músico Zé Eduardo e a todos os que o acompanharam nessa noite, o meu obrigado pelo bom momento que proporcionaram a quem lá foi.
Notícia publicada na edição de hoje do matutino Ponto Final dá conta do embate de um autocarro de turismo na conhecida Casa do Mandarim, pérola do património que faz parte do Centro Histórico de Macau, constitui Património Mundial da China e desde 2005 está integrada na Lista do Património Mundial.
Muitos pensarão, e perguntarão, como é possível que um autocarro de turismo, dois anos depois do mesmo ter acontecido com uma betoneira naquele local, embata e danifique as paredes da Casa do Mandarim, sem que nada tenha sido entretanto feito para evitá-lo.
Numa cidade que tem ruas, avenidas, jardins pejados de pilaretes, barreiras metálicas e correntes ao longo dos seus passeios (também barreiras plásticas eternas na Avenida da Amizade), obstáculos que crescem e se multiplicam nos lugares mais incríveis e sem qualquer explicação razoável – dando dinheiro a ganhar a uns quantos sem concursos adequados, como acontece em muito do que IAM faz com o alto patrocínio de quem o tutela –, e pejada de câmaras de televisão, dir-se-ia impossível que em circunstâncias normais, isto é, não estando o motorista sob o efeito de drogas, isso acontecesse.
Porém, como se lê na notícia, a PSP diz que o motorista teve um primeiro um acidente na Calçada da Paz, ao virar para a Rua do Padre António, onde colidiu com dois edifícios residenciais, para logo a seguir bater num dos muros da Casa do Mandarim, "provocando-lhe danos".
Temos há vários anos um responsável pelas estradas, transportes e obras públicas, que não é nenhum novato no ofício. Foi responsável antes e depois. Conhece os problemas da cidade, mas, aparentemente, digo eu, não consegue resolvê-los, seja por falta de colaboradores à altura (alguns já julgados como corruptos), por cumprir ordens superiores, ou por simples cansaço ou desinteresse.
Porém, qualquer residente se apercebe do caos que reina nas estradas de Macau, da Taipa e de Coloane. São autocarros a circular em quantidades industriais. De "turismo", se quiserem, outros ao serviço dos casinos ou das velhas concessionárias de transportes públicos, na sua maioria velhos, poluentes e circulando pela direita (também já carros oficiais e da própria PSP, às vezes também sem luzes porque se devem esquecer que têm faróis), como se fosse esta a regra em Macau onde os passeios para peões e as paragens de autocarros se situam em geral do lado esquerdo das vias de circulação. Não respeitam nada nem ninguém, circulam pelo exterior nas rotundas dando voltas completas, passando vários acessos, onde vão parando a seu belo-prazer e sem qualquer sinalização, violando regras estradais básicas para facilitarem a entrada de veículos pesados, com o que colocam em risco a segurança de quem circula nessas mesmas rotundas.
Mas há também betoneiras e camiões de caixa aberta que circulam a qualquer hora do dia pelas pontes e artérias principais da cidade, muitas vezes a velocidades excessivas, dando cabo dos pavimentos, mudando de direcção sem qualquer sinalização de aviso, a que se juntam os táxis e milhares de veículos que ao abrigo das novas regras de integração e vindos de outros lados do delta circulam como se fossem os donos da estrada, sem respeitarem ninguém e sem que haja alguém que, com excepção do controlo de velocidade e da autuação de ligeiros e motociclos em estacionamento indevido, mesmo que sem estorvar a circulação de outros veículos ou peões, se preocupe com alguma coisa.
Numa cidade em que se deviam retirar veículos de circulação, em especial pesados, até por razões ambientais atenta a cada vez mais crónica má qualidade do ar (a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental é como se não existisse tal a irrelevância da sua acção, é uma ficção, uma espécie de serviço-fantasma), vêem-se cada vez mais pesados a circular, largando nuvens de fumo negro, andando por locais que lhes deviam estar vedados, seja no Cotai ou na cidade, colocando em risco a segurança dos residentes, impedindo a fluidez do tráfego, danificando vias de circulação e património classificado, que é da China e também Mundial, em suma, agravando a qualidade de vida dos residentes que vão levando com o fumo dos escapes quando circulam pelas estradas e passeios.
Como se isto não bastasse, continuam a amontoar-se nos locais mais nobres da península, que deviam estar destinados a museus, passeios ribeirinhos, espaços verdes, diante de hotéis de 5 estrelas, como ali entre a Torre de Macau e o MGM Macau, parques improvisados de pesados, com os tais autocarros de "turismo" (lixo) e de transportes públicos a perder de vista. Locais que há muito deviam ter sido transformados em zonas de lazer e ao serviço dos residentes, que lhes permitisse o gozo do rio e das vistas. Qualquer hóspede, vindo de fora, que se abeire de uma janela de um daqueles hotéis ou que passe na Ponte Nobre de Carvalho deverá ficar sem perceber como é possível ter tantos autocarros (parados) na zoa ribeirinha, do mesmo modo que se vêem betoneiras e atrelados alegremente estacionados em múltiplos pontos da cidade e das ilhas sem que nada lhes aconteça, nem se seja capaz de arranjar uma solução que tire aqueles monos (particulares) das vias de circulação.
Agora, para além dos milhares de tampas desniveladas, sejam de electricidade, de água, de esgotos ou de empresas de telecomunicações, até placas de metal, com uma altura suficiente para darem cabo dos pneus de qualquer veículo ligeiro que por ali passe a 50 km/hora (a alternativa é travar de repente e levar com quem vem atrás), estão colocadas no piso da Ponte de Sai Van, como se toda esta loucura em matéria de estradas, obras, insegurança rodoviária e circulação descontrolada de veículos fosse normal numa cidade com o PIB per capita de Macau, com a sua riqueza e uma dimensão minúscula.
Quem está habituado a andar de motorista, que não gasta dinheiro com o combustível nem com as revisões, desconhecendo o seu custo, não tem nada com que se preocupar. Para lá, naturalmente, dos solavancos quando é transportado e do tempo que perde a deslocar-se.
Essas pessoas também não sabem quantas acções estão a inundar os tribunais, com custos elevados e ocupando tempo precioso aos intervenientes processuais, em razão de acidentes que poderiam ser evitados sem o caos reinante.
Mas os outros, os que não podem escapar à falta de transportes públicos – é vê-los apinhados, e os utentes em hordas à espera nas paragens, inclusive ao Domingo, no Cotai e em Coloane quando os trabalhadores saem das fábricas ou das obras), e são obrigados a utilizar motociclos e ligeiros utilitários, para se poderem deslocar e às respectivas famílias, em tempo razoável e com um mínimo de conforto, sabem quanto é penosa a circulação e elevados são os custos. Dos abastecimentos às oficinas, sem esquecer os seguros.
E sabem, igualmente, como se têm agravado ao longo dos anos os custos do caos, das obras públicas, da especulação, da falta de controlo dos preços e da governação verborreica.
Ainda que quem veja os noticiários do canal público de televisão, e os despachos de algumas agências de notícias, possa ficar convencido de que tudo não passa de uma alucinação, tantas e tão constantes são nos últimos tempos as boas notícias e os motivos de satisfação.
Nada, sejamos justos, que nos impeça de observar e aplaudir outros sucessos. Os que não se vêem e não chegam às notícias. Como o facto da Casa do Mandarim ainda não ser um condomínio ou não ter havido nenhum camião a entrar por ali adentro.
Os danos na Casa do Mandarim, sendo esta património classificado, são apenas mais um dano colateral provocado pelo excesso trabalho de quem nos pastoreia. Que tenha acontecido duas vezes em dois anos, com um autocarro e uma betoneira, foi um azar. Como o tufão Hato.
(14/12/1946 - 16/07/2023)
Merci, Jane. Et pour toujours.
Vi e ouvi a entrevista dada por Rui Rio a Clara de Sousa no Jornal da Noite da SIC.
Devo dizer que nunca tive particular simpatia pelo estilo do personagem, em especial, porque o seu discurso e a sua postura casaram sempre muito mal com algumas das escolhas que patrocinou e promoveu enquanto presidente do PSD, revelando uma tremenda falta de coerência que rapidamente o desacreditou e contribuiu para degradar ainda mais o lodaçal da política nacional.
Mas importa agora também dizer que Rui Rio tem razão quando se queixa do modo de actuação da PJ e do MP, quando se queixa deste modelo de investigação-espectáculo em que os nossos órgãos de política e investigação criminal se especializaram de há uns anos a esta parte com o patrocínio de uma certa comunicação social que adora, e só está bem, exactamente a chafurdar nesse mesmo lodaçal e num jornalismo feito de casos, de intrigalhada e de meias-verdades que se alimenta da ignorância, da boçalidade e da mediocridade instaladas.
E também tem razão quando refere que foi cometido um crime de violação do segredo de justiça, mais um, digo eu, dos muitos que têm sido cometidos sem que se acabe de vez com um segredo de justiça que só serve esse mesmo jornalismo e um justicialismo de labregos promovidos que tanto tem contribuído para ajudar a acelerar a degradação da democracia, contribuindo para o achincalhamento da actividade política e das instituições políticas e judiciais.
Assistindo-lhe igualmente razão quando pergunta porquê que esta operação só afecta o PSD e porquê que só abrange o período em que ele foi dirigente entre 2018 e 2021.
E Rio volta, ainda, a ter razão quando diz que "isto não é um país que se apresente", embora todos os portugueses saibam que já não é país que se apresente em relação ao que estamos a falar, e também em relação às práticas dos partidos, à selecção das elites políticas, à ética política e de governo há muitas décadas.
Dito isto, vamos então olhar para a indignação de Rui Rio quanto aos argumentos que apresenta quanto ao que está em causa no processo que conduziu às buscas. E em relação a esta, Rui Rio espalhou-se ao comprido.
Não é aceitável para ninguém de bom senso e com um mínimo de preocupação com o abandalhamento da vida política a que temos assistido, com a chegada de tanto (sim, são muitos, demasiados) corrupto aos partidos, às bancadas do parlamento, às autarquias, aos governos, ouvir Rui Rio dizer sobre o que está verdadeiramente em causa – desvio de dinheiros públicos para financiar à revelia do estipulado na lei os partidos políticos – que tudo isto é "ridículo" porque "isto de que estamos a falar é uma prática transversal aos partidos desde sempre" e que "nos anos 80 já era assim".
E aqui Rio esteve muito mal, revelando bem a essência dos políticos que têm dirigido Portugal nos últimos, pelo menos, 40 anos. Porque não só não serve de argumento o facto de ser uma prática transversal, como é deveras grave, a serem verdadeiras as suspeitas que se use dinheiro do Estado, como refere o Expresso, para pagar a pelo menos 11 funcionários do partido, "sendo que um deles até já se tinha reformado"!
Porque se era assim, não devia ser.
E é nisto, nestas pequenas-grandes coisas, que se revela a bandalheira em que se tornou a vida política nacional, transformada no lodaçal de que há pouco falava.
Porque sendo Rio um homem sério, e eu não duvido que o seja, como muitos mais que estiveram à frente dos partidos também o serão, não se compreende que tendo tido a possibilidade de corrigir práticas de discutível legalidade, para não dizer manifestamente ilegais e inaceitáveis em qualquer Estado de direito, numa república que se preze e numa democracia que funcione com decência, que não tomasse a iniciativa de colocar um travão nessa bandalheira, nessa promiscuidade de funções e de dinheiros em que se perdem os partidos. Então lá porque é prática os outros roubarem ou serem corruptos também temos de ser como eles? E temos de ficar calados, aproveitando uma situação ilegal para também enriquecermos ou pouparmos uns cobres?
Infelizmente, a condescendência e a tolerância com as más práticas consistentes (e não apenas na política), o silêncio, a falta de iniciativa sobre estas matérias, no sentido de aumentar verdadeiramente a transparência e evitar que esta se transforme num mero cumprimento de formalidades sem sentido para fazer de conta que é tudo sério, a falta de vontade para trazer mais seriedade à actividade política, de dignificá-la naquilo que verdadeiramente importa, tem constituído comportamento aceite e transversal a todos os partidos.
Não é por isso de estranhar que alguns peçam descaradamente dinheiro no exercício de funções políticas, que sendo membros dos governos da República arranjem todas as moscambilhas e mais algumas para ganharem dinheiro por debaixo da mesa, outros para despacharem ou atrasarem processos, trocarem favores, tornarem-se dirigentes desportivos, empreiteiros de sucesso, empresários ou ex-régulos de diferentes tabancas que são condecorados em Belém e apresentados como exemplos nacionais até que se perceba que andaram a vida toda a roubar o Estado, as empresas e os portugueses, ou que deixaram que se roubasse e nada fizeram porque isso era normal, porque sempre foi assim.
Se as leis estão mal, a começar pelas do segredo de justiça e do financiamento partidário, mudem-nas; se tudo o que existe é hipócrita e sem sentido tenham a coragem de dizê-lo. Tomem a iniciativa, façam quando têm possibilidade de fazer. Sejam coerentes, e deixem de se comportar como pantomineiros fala-baratos que depois se queixam como virgens ofendidas do que viram fazer e deixar que se fizesse quando o lodaçal lhes entra pela casa adentro.
P.S. Alguém sabe se João Gomes Cravinho ainda é ministro? Há coisas que não são do foro da justiça, são do foro da ética e da decência, caso o primeiro-ministro ande distraído com a nova época da bola.
Retirado o Capitão de cena, regressa o ministro Galamba ao palco. Desta vez tendo como pano de fundo a desclassificação de 101 dos 105 documentos classificados "preventivamente" a título confidencial.
A notícia do Público fala por si. E também pelo ministro.
Ao contrário dos documentos "confidenciais", que necessitaram de ser desclassificados, o ministro já não precisa de ser classificado ou desclassificado.
A actuação de Galamba enquanto ministro há muito que é transparente e está para além de desclassificada porque se tornou politicamente inqualificável.
Não faço a mínima ideia quando é que esta nave de loucos em que se tornou o XXIII Governo Constitucional irá parar. Nem como; apesar de estar certo de que com a velocidade que leva, com todas portas hermeticamente fechadas, o primeiro-ministro vai conseguir manter lá dentro aquele membro da tripulação enquanto a nave for percorrendo, sem rumo, o espaço sideral.
Espera-se que um dia pare por falta de combustível.
Mas até lá, e por agora, para desconsolo de muitos, daquela nave só se sai cuspido. Por uma ruptura no casco, o que é pouco provável numa nave tripulada por uma maioria absoluta, ou por colisão com a realidade quando reentrar na atmosfera terrestre. Inclino-me mais para esta última hipótese.
(foto via Jornal Económico)
Nos últimos dias tirei parte do meu tempo para ler a versão preliminar do Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito à tutela política da gestão da TAP. Foi um exercício penoso. Não fiquei mais esclarecido do que estava, embora tivesse confirmado todas as suspeitas que tinha.
Para além do título do documento ser enganador, já que não se tratou de um qualquer "inquérito à tutela política", mas antes de um conjunto desconchavado de perguntas e respostas a uma infinidade de criaturas, algumas saídas dos camarins de um filme de terror de segunda linha, o conteúdo é maçudo, confuso, numa linguagem pouco clara, mal escrito, em suma, "comprido e chato".
Quem não quiser perder tempo pode começar pelas conclusões (p. 171 e seguintes) para perceber o que digo: "Até 2020, o Estado não injetou capital na TAP desde 1997, em resultado de um plano de reestruturação e saneamento económico e financeiro, autorizado pela Comissão Europeia, no valor de 900 milhões de euros, que vinha a ser aplicado desde 1994". É melhor ler de novo.
Mais exemplos (curtos para que as pessoas não deixem de ler esta nota até ao fim): "4. Entre 2012 e 2014 os capitais próprios da TAP degradaram-se decorrente, sobretudo, da situação de indefinição do processo de reprivatização"; "13. Entende-se que, o contexto político que se vivia no momento, a reprivatização não deveria ter sido concluída naquela data"; "14. A emissão das “Cartas de Conforto” foram uma condição essencial ao processo de reprivatização. As garantias asseguradas nessas “Cartas de Conforto” investiram o Estado numa posição materialmente similar à qualidade de acionista único, como refere o Tribunal de Contas.".
Não vale a pena continuar. O tempo é precioso e aquela coisa é tão medíocre que me espanta que tenha conhecido a luz do dia, ainda que sob forma preliminar. Como foi possível?
Porém, há duas ou três coisas com as quais todos os portugueses podem ficar com a certeza.
Uma é a de que não só a maioria de toda aquela gente é má, nalguns casos mesmo muito má, e que não serve para estar a cuidar dos assuntos do Estado ou dos interesses de uma empresa considerada como estratégica para os interesses nacionais.
Podemos não saber como lá chegaram, mas ficamos com a garantia de que a falta de preparação e a desresponsabilização são dados adquiridos para quase toda aquela malta. Gente paga a peso de ouro para o que demonstra saber, e para o modo como faz, que com pouco ou nenhum esforço produz inutilidades pagas por todos os contribuintes enquanto trata da sua vidinha. Dir-se-ia que muitos até evitam intervir, enquanto brincam com o telemóvel nas reuniões da CPI ou dos conselhos de administração das empresas públicas, para melhor escaparem entre os pingos da chuva.
Outra conclusão que se pode facilmente extrair é a de que a forma como foi recrutada a ex-presidente da TAP não constitui garantia de coisa alguma. Bem pelo contrário. Tratou-se de um processo caro, moroso, de onde se evidencia o desconhecimento e a impreparação da escolhida para lidar com os instrumentos societários e legais que regem a vida da empresa.
As más assessorias, o mau aconselhamento e o compadrio político-clientelar são também realidades bem visíveis.
Depois, ressalta à vista a informalidade, o desleixo, a falta de rigor daquele modo de gerir uma entidade com a dimensão e a importância da TAP. O caso relativo à ausência dos contratos de gestão é de bradar aos céus e demonstrativo da irracionalidade em que vive a empresa, mas também do mundo surreal em que vivem os sucessivos governos, os seus administradores e os partidos políticos com responsabilidades na gestão daquela, o que se completa com a falta de senso político, jurídico e empresarial subjacente a muitas das decisões tomadas em tudo aquilo.
Não se percebe o que faz tanta gente na empresa, nem para que serve o seu "departamento jurídico". Menos ainda a gente que gravita à sua volta, nalguns casos evidenciando-se situações de discutível legalidade e de eventuais conflitos de interesses, num quadro que se me afigura como recorrente no quotidiano da vida de muitas empresas públicas ou participadas pelo Estado.
A propósito disto, permito-me chamar a vossa atenção para mais uma história rocambolesca na área da Defesa. Não sei se será sina das empresas do Estado, mas naquela área, e ultimamente com o figurão "jurista Marco Capitão Ferreira", actual Secretário de Estado da Defesa, parece que não há nenhuma situação que não dê em imbróglio.
A avassaladora mediocridade das nossas elites políticas e empresariais é de tal forma destacada pelo versão preliminar do "relatório" da CPI, e por tantos outros “casos de polícia” que diariamente vêm a lume, que dir-se-ia não existir, sequer, há décadas, qualquer processo de recrutamento dessas elites.
O ex-ministro Marçal Grilo escreveu, se a memória não me atraiçoa, que difícil era sentá-los. Pois agora já estão sentados. E bem sentados. No Governo, na Assembleia da República, nos partidos, nas empresas. Pena é que até lá chegarem e se sentarem não tenham aprendido nada. Rigorosamente nada.
E que continuemos a ser nós a pagar, por essa falta de aprendizagem, diariamente, os erros da sua ignorância e impreparação para estarem nos partidos políticos, lidarem com os negócios do Estado, ou, até, para elaborarem um simples relatório. Que seja legível e em português decente para a maioria dos portugueses.
Isto só lá vai com uma revolução a sério.