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pândegos

por Sérgio de Almeida Correia, em 30.12.22

(créditos: Macau Daily Times)

Até há algumas semanas, os estrangeiros estavam impedidos de entrar na China, qualquer que fosse a porta e a razão para quererem entrar, mesmo não estando infectados com Covid e com todas as doses e reforços de vacinas que a Medicina colocou aos dispor das nações. Pais ficaram anos sem poder ver os filhos, casais foram separados, filhos impossibilitados de acompanharem os pais à sua última morada. Mesmo aos nacionais e residentes permanentes que se ausentassem para o estrangeiro foram impostas quarentenas de 28, 21, 14, 10 e 5 dias, códigos vermelhos e amarelos, e inúmeras despesas supérfluas para se garantir a política de tolerância zero ou "zero dinâmico".

Agora, perante uma vaga de infectados sem precedentes na China, com milhões doentes, sem qualquer controlo, e com vacinas de eficácia muito questionável, há dois aviões procedentes deste país que à chegada a Itália apresentam cerca de 50% de infectados. E que faz o país de destino? Impõe restrições à entrada de viajantes, sem discriminação de nacionalidade, exigindo que sejam feitos testes de despistagem. Os EUA fazem o mesmo, anunciando que a partir de 5 de Janeiro de 2023, quem quiser entrar nesse país, procedente da China,  de Hong Kong ou Macau, terá de apresentar um teste PCR negativo. E tal como estes, outros mais (Espanha, Malásia, Coreia do Sul, Japão) farão o mesmo.

Não me parece que seja algo de excessivo ou incompreensível perante a situação que actualmente se vive e que os próprios órgãos de comunicação chineses têm difundido. A TDM tem passado no seu Telejornal algumas reportagens bastante esclarecedoras, algumas da CCTV, como sucedeu, por exemplo, nos passados dias 26 (minuto 12:40), 28 (minuta 13:40) e 29 de Dezembro (minuto 07:50). Repare-se que apresentar testes com resultado negativo para se entrar num país não é o mesmo que fechar fronteiras aos estrangeiros e não-residentes permanentes, ou criar obstáculos à saída de nacionais e obrigar os residentes a fazerem quarentenas pagas em hotéis e baterias de testes PCR à sua custa e com pagamentos antecipados para se poder viajar.

Curiosamente, depois de tudo aquilo que as autoridades chinesas fizeram, e das limitações que impuseram às suas próprias populações, aos residentes estrangeiros e a todos os nacionais de outros países que queriam entrar no país, até por razões humanitárias, veio o porta-voz do MNE chinês, Wang Wenbin, naquele estilo e com o adorável tom a que já nos habituou, com a maior desfaçatez deste mundo, dizer que, "para todos os países, as medidas de resposta à COVID têm de ser baseadas na ciência e proporcionais, e aplicar-se igualmente às pessoas de todos os países sem afectar as viagens normais e o intercâmbio e cooperação entre as pessoas", esperando que "todas as partes sigam uma abordagem de resposta baseada na ciência e trabalhem em conjunto para assegurar viagens transfronteiriças seguras, manter estáveis as cadeias industriais e de fornecimento globais, e contribuir para a solidariedade global contra a COVID e a recuperação económica mundial".

Para quem fez exactamente o contrário daquilo que afirma, inclusive contra as recomendações da Organização Mundial de Saúde, e que ainda em Outubro, no XX Congresso do PCC, reafirmava a linha da tolerância zero, não deixa de ser curioso que perante uma situação de quase catástrofe interna haja quem queira, agora, que os outros países deixem entrar livremente os seus infectados, com todas as variantes e mais algumas, e que façam aquilo que a China não fez durante quase três anos: acreditar na ciência, respeitar a proporcionalidade das medidas de contenção do vírus e não discriminar.

É só olhar para os exemplos recentes de Macau e de Hong Kong e para os custos sociais e económicos que foram impostos a estas regiões e às suas populações.

Há coisas que, de facto, não lhes faltam. Mas hoje vou respeitar a quadra, e o Pelé, e poupar-vos a lê-las.

Bom Ano para todos. Sem Covid, com saúde.

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pelé

por Sérgio de Almeida Correia, em 30.12.22

Os dedos de uma mão deverão ser suficientes para se contar os verdadeiros génios que o mundo conheceu no último século. Houve gente magnífica, excepcional, extraordinária nalguns dos seus feitos. Génios, poucos. E não será fácil reconhecer e atribuir esse estatuto a alguém. Seja em que campo for. Da ciência à literatura, da pintura à música, da cultura em geral ao desporto. Não me atrevo, até porque isso poderia ser injusto para outros, a elencá-los, mas sou capaz de reconhecê-los. Sei quem são quando me surgem ao caminho.

Se Edson Arantes do Nascimento foi um homem normal; Pelé foi um génio. Aquele partiu hoje, o segundo ficará para a eternidade.

E de todas as homenagens, deixo aqui as palavras que lhe foram dirigidas por Maurizio Crosetti, no La Repubblica, adiante parcialmente transcritas, e a recordação da sua passagem por Hong Kong, no South China Morning Post, quando com a camisola do seu Santos recusou, para poder ficar com os companheiros, a penthouse suite que lhe estava destinada no mítico e saudoso Hong Kong Hilton, onde há três décadas, antes da sua demolição, ainda tive o privilégio de algumas vezes jantar.

Como alguém escreveu, olhando para tudo o que os outros fizeram, Pelé fez primeiro. Que descanse em paz.

"Può esserci un mondo senza Pelè? Artista e comunicatore istintivo, senza però l'aura maledetta di un Maradona che per sempre gli contenderà il giudizio di mezzo genere umano: meglio Pelè o Diego? Risposta impossibile, è come dover scegliere tra Leonardo e Michelangelo. Pelè è arrivato prima, in un calcio diversissimo e non ancora mondializzato. Pelè era il nome di un sogno, il nome di dio. Aveva una voce profonda e cavernosa da contrabbasso, e quel suono usciva da un corpo per nulla impressionante, un metro e settanta di altezza, neppure 75 chili di peso. Ma si trattava di un'illusione ottica, perché la struttura fisica di Edson Arantes do Nascimento era invece l'assoluta perfezione: gambe ipertrofiche, potenza in ogni gesto e insieme agilità, equilibrio sublime. Qualcosa di esplosivo ed elastico. E poi la tecnica mostruosa, il dribbling unico al mondo, la precisione nel tiro e nel colpo di testa, la visione di gioco che gli permetteva ogni volta di celebrare due partite insieme, contemporaneamente, una al servizio dell'altra: la sua e quella della squadra, cioè il Santos in maglia bianca oppure il meraviglioso Brasile. Mai nessuno così, mai più. Ci ha lasciato dopo un'agonia lunghissima, eppure ne siamo stupefatti."

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natalices

por Sérgio de Almeida Correia, em 22.12.22

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O Inverno chegou com sol. Vinte graus centígrados e 29% de humidade são o que há de melhor para se abrir as janelas, deixar a luz entrar, sair de casa, andar a pé, de bicicleta, correr, o que for, enfim, apanhar ar, percorrer os trilhos e ver as mudanças nas plantas e nos animais.

Pena que em Macau se usufrua cada vez menos das condições que temos. Num dia como o de hoje, feriado, uma volta por Coloane mostrou estacionamentos vazios, um deserto de gente, espaços fechados, e o inevitável polícia de giro a verificar parquímetros. Nem uma esplanada aberta. O cenário repete-se noutros locais mais citadinos.

Percebe-se que durante quase três anos se andou a encanar a perna à rã em matéria de pandemia, fazendo-se do apelo nacionalista e patriótico o grande estandarte. Vejam o que se passa lá fora, vejam como nós protegemos a nossa população, sintam-se agradecidos. 

Volvido este tempo, com a pandemia instalada no interior da China, à medida que se levantam as restrições anteriormente impostas para se manter a política de tolerância zero e do "zero dinâmico", verifica-se a dimensão estrato-esférica da fraude e da mentira. Percorrem-se tarde os caminhos que outros enfrentaram bem mais cedo. Os mortos, oficialmente, quase não existem, embora os números suscitem muitas dúvidas face às imagens e notícias que nos chegam de crematórios a abarrotar, como há muito não se via, e com custos elevadíssimos para as famílias que a eles têm de recorrer. De cada vez que há uma vaga de infectados e de mortes alteram-se as regras de contagem para se manterem os números reduzidos. A história não é nova. Como se alguém, no seu perfeito juízo, admitisse que com dezenas ou centenas de milhares de casos espalhados por todo o país, e vacinas das mais ineficazes, apenas morressem duas ou três pessoas por dia.

Aqui, passada a fase da paranóia securitária e operada a transformação da região para uma espécie de colónia penal de luxo, percebeu-se finalmente que a desconexão da realidade não conduziria a lugar algum. Também aqui os números vão crescendo e praticamente não há lar ou empresa que não tenha alguém infectado. E tal como do outro lado, aquilo que ontem era verdade e importante saber, de um momento para o outro tornou-se irrelevante. Se antes era necessário dar a conhecer e reportar à estatística, enquanto esta apresentava números reduzidos, agora deixou de ser conveniente. Ou foi alterado. Não interessa. O argumento, numa repetição do passado, é para quem não pensa. Dizer que não se divulgam os números dos casos de pessoas com "sintomas leves ou assintomáticos de forma a não confundirem a população sobre a situação epidémica" é conversa para fazer dos outros ignorantes.

A verdade é que hoje já não se divulgam os números dos infectados como antes se fazia apenas porque são elevadíssimos e não interessam à propaganda oficial. Ainda porque se torna muito difícil explicar às pessoas as razões para se ter a economia de rastos, delapidado as reservas, aumentado o desemprego e deixado a inflação galopar para se estar a bater no fundo.

Ninguém fica confundido com informação clara e fiável. As pessoas não são estúpidas, embora muitos possam fazer por parecê-lo para não terem chatices e continuarem a facturar. As declarações do responsável dos SSM, um dos poucos que dá a cara, são uma confissão do desastre da gestão da pandemia durante quase três anos. Tantos sacrifícios para nada.

Chegou o momento em que a única coisa que os SSM têm para nos dizer é que cada um deve ficar em casa e desenvencilhar-se como melhor puder e souber porque estamos a seguir a política anti-epidémica do Governo Central. E, tal como este, estamos à deriva e só sabemos que temos de abrir ao exterior para sobreviver e impedir a revolta social e a implosão disto tudo.

Compreende-se, ademais, o silêncio de toda aqueles que na Assembleia Legislativa levaram os períodos antes da ordem do dia a pedirem para se manter as fronteiras fechadas, implorando para se correr com os trabalhadores não-residentes, para se impedir a entrada de estrangeiros e a tecerem loas ao Chefe do Executivo e ao Executivo. Bastou o director dos Serviços para os Assuntos Laborais passar por lá uma tarde para os deputados "caírem na real". Da ausência de políticas em relação às (falidas) pequenas e médias empresas, à milagrosa diversificação económica, ao concurso para atribuição das novas concessões do jogo – cujo relatório fundamentado ainda está por conhecer devido a razões absurdas –, à política laboral e de "recambiamento" de técnicos expatriados e trabalhadores não-residentes, foi um nunca mais acabar de asneiras. O resultado está aí. Das lojas de gelados aos restaurantes, das pequenas empresas aos concessionários, não há quem não se queixe do êxodo de quadros e da falta de trabalhadores, dos mais aos menos qualificados.  Ultimamente, também, da falta de limões e paracetamol.

E de conforto não serve que venham falar, a toda a hora, no reforço das relações com os países de língua portuguesa. Como se isso resolvesse alguma coisa a curto prazo, e fosse possível dar-lhes algum sentido e dinamismo, para lá dos salamaleques de calendário, ignorando ostensivamente Portugal.

Enfim, por agora, o melhor mesmo é fazermo-nos todos de cegos, surdos e mudos durante a quadra natalícia. Será para muitos, provavelmente, a única forma de conseguirem ultrapassar este período sem danos de maior à sua sanidade.

Numa sociedade tolhida por um nacionalismo totalitário assustador, uma visão paranóica da segurança e uma aproximação esquizofrénica à doença viral, é preciso que nos mantenhamos ao largo. Também ao largo da bufaria das capelinhas.

Um bom livro, um filme decente ou uma música reconfortante, nos intervalos dos passeios nos trilhos, são óptimas opções para estes dias de solidão e recolhimento.

Feliz Natal para todos os que o possam ter.

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incompreensível

por Sérgio de Almeida Correia, em 12.12.22

A notícia de que o Chefe do Executivo da RAEM não autorizou a prestação de depoimentos em juízo do seu antecessor, bem como do actual e anterior secretário para as Obras Públicas e Transportes, é mais uma machadada na credibilidade do sistema de justiça da RAEM e um prego no caixão da transparência e da luta anti-corrupção do Presidente Xi Jinping.

Dois antigos altos dirigentes das Obras Públicas estão a ser julgados depois de terem sido pronunciados pela prática de crimes de branqueamento de capitais, corrupção e associação criminosa. A natureza dos crimes e das imputações é de uma tal gravidade que teria evidentemente de ser investigada e clarificada até ao osso. Se múltiplas vezes, no decurso do julgamento, são imputadas responsabilidades ao anterior Chefe do Executivo e a outros nas decisões tomadas pelos arguidos no exercício de funções públicas, não se percebe de todo qual a razão para que fique tudo no limbo.

A decisão tomada por Ho Iat Seng de impedir os depoimentos dos visados não protege a RAEM, não dá àqueles a oportunidade de se defenderem de acusações eventualmente injustas que contra eles estejam a ser feitas pelos arguidos, além de que não protege o próprio Chefe do Executivo em funções e vai contra o interesse público na realização da justiça.

A luta contra a corrupção, contra o tráfico de influências e por uma maior transparência na realização dos negócios públicos não pode bastar-se com uma investigação superficial dos factos, limitando-se a apanhar alguns "ratos" que tiraram partido do sistema vigente para enriquecer ilegalmente, iludindo-se a opinião pública, deixando-se escapar o "polvo", e colocando a salvo outros envolvidos que tivessem responsabilidades públicas. Afinal, todos aqueles de quem os governados esperam que tenham mais probidade e seja maior o grau de exigência e responsabilização no exercício dos cargos para que são escolhidos e em quem todos confiam.

Não se percebe qual o receio da verdade material. Nem o que se teme quando se decide proibir a prestação dos depoimentos de quem é acusado publicamente de estar no topo da cadeia de comando das decisões ilegais que foram tomadas.

A verdade acabará por ser conhecida de todos. E nessa altura ninguém será poupado.

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derrota

por Sérgio de Almeida Correia, em 09.12.22

O anúncio feito pelas autoridades chinesas de abandono da política de tolerância zero, com o afastamento radical de medidas que ainda há dias eram consideradas essenciais, só foi possível devido à conjugação de duas ordens de razões.

Por um lado, a verificação de que essa política se revelava em cada dia que passava mais desajustada da realidade à medida que os casos aumentavam por todo o país, na ordem das dezenas de milhares, e a situação económica se agravava.

Depois, porque o povo se começou a manifestar nas ruas em múltiplas cidades contestando a política oficial, o regime de clausura que lhes foi imposto há quase três anos e o seu empobrecimento generalizado.

Ao contrário do que aconteceu em Junho de 1989, em que tudo se resumiu a um foco de revolta e contestação de jovens localizado e centrado na Praça da Paz Celestial, o que facilitou o envio de tropas e a "limpeza" que se seguiu, desta vez todos viram que a revolta popular contra a política de tolerância zero e os seus defensores se estendeu a dezenas de cidades, com milhares de pessoas nas ruas. A contestação foi generalizada e começou a assumir contornos violentos, como se viu pelas imagens que nos chegaram do que se passou em Guangzhou e noutros locais, com violência contra as próprias autoridades policiais.

Não fosse isso e não teria havido qualquer inflexão nas medidas. A contestação social generalizada continua a ser o pesadelo de qualquer autocracia.

Recorde-se que ainda há menos de dois meses, no XX Congresso do Partido Comunista Chinês, havia sido reafirmado que a política de tolerância zero seria para manter

Também em Macau, na Assembleia Legislativa, o Chefe do Executivo manifestava há três semanas a continuação da política de tolerância zero dinâmica e que, ao contrário de Hong Kong, prosseguiriam em Macau as políticas determinadas pelos autoridades centrais.

Tão pouco tempo depois e a RAEM é obrigada a abrir. Era inevitável que o erro teria de ser corrigido. O que ainda há dias era verdade, científico e patriótico, para ser seguido de olhos fechados, afinal hoje já não convém. Num ápice tudo mudou

A lição a retirar é a mesma de sempre: quando a inteligência, o bom senso e a justiça desaparecem das políticas governativas, para darem lugar ao seguidismo acrítico e à arbitrariedade, e aquelas apenas representam a medida da teimosia, constituindo um espelho da insensatez, do atavismo e do provincianismo, torna-se muito mais difícil dar resposta às necessidades da comunidade. E isto é válido para qualquer governante e qualquer regime independentemente da respectiva latitude.

A RAEM perdeu mais uma boa oportunidade de reconquistar a sua autonomia e mostrar o caminho a tempo e horas.

A derrota da política de tolerância zero é uma vitória da razão e da cidadania, uma derrota da arbitrariedade a coberto da lei.

Tivessem as medidas agora anunciadas, embora insuficientes, visto que as quarentenas para quem chega do estrangeiro continuam, sido tomadas há um ano, quando em todo o mundo se percebeu que o vírus tinha vindo para ficar e era preciso mudar de políticas para salvar a economia e o ganha-pão da maioria, e ter-se-ia encetado o caminho da mudança muito mais cedo, com muito menos prejuízos e poupando a todos os elevadíssimos custos sociais, económicos e financeiros que nos foram impostos. 

É preciso voltar à vida rapidamente. Sem medo, não chorando sobre o tempo perdido. Quem não se vacinou que se vacine, que se proteja, e que acorde para a realidade. O mundo não pára, não espera por nós.

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lamento

por Sérgio de Almeida Correia, em 07.12.22

thumbs.web.sapo.io-2.webp(créditos: SAPO/Fabricce Cofrini/AFP)

A cena não é nova. De vez em quando, o tipo amua, torna-se ordinário, e comporta-se como um vulgar badameco desmerecedor do seu talento, sucesso, honras e encómios.

Confesso que não percebo porquê.

Todos temos os nosos egos. De um modo ou de outro vivemos os nossos momentos, os bons e os menos bons. Mas há alturas em que se exige a todos e a cada um de nós a superação. Não tanto enquanto desportistas ou heróis; antes como simples e discretas peças de um todo muito maior, que em cada dia nos obriga a elevarmo-nos, a procurar fazer sempre mais, a dignificarmos a nossa herança e a preparar o futuro das gerações vindouras na base do trabalho, da preserverança e do exemplo.

Vê-lo sair assim do campo, como se a festa não fosse também dele, como se não tivesse contribuído para o êxito, torna-o pequenino e distante. Como se afinal não fosse mais um de nós, um dos poucos que conseguiu elevar-se da medriocridade institucionalizada pela força do trabalho e carácter.

Os portugueses, a Nação, dispensavam estes amuos em final de carreira.

Tudo perdoamos, tudo esquecemos, e muitas vezes ignoramos o que não pode passar despercebido. Porque não somos ingratos e continuamos a acreditar. 

Certamente que não deixaremos de fazê-lo, de enaltecer os seus méritos e virtudes, porque os possui, dando-lhe toda a gratidão pelo que de bom fez e tem feito, talvez elevando-nos, algumas vezes, muito acima daquilo de que efectivamente somos merecedores. Mas depois de tudo o que dias antes aconteceu, que de tão feio deverá ser rapidamente esquecido, ao ver a atitude dos seus companheiros, sempre, que nunca lhe regatearam estatuto, apoio e aplausos, exigia-se outra grandeza na hora da celebração, dispensando-se desculpas estafadas, respostas para cretinos.

E quando se olha para a forma como um Hajime Moriyasu se dirigiu aos adeptos que acompanharam a sua equipa na hora da derrota, e o modo como os outros o viram, não deixa de ser penoso e triste, para mim, ver o princípe abandonar o campo da maneira que o fez.

É nos momentos difíceis que se reconhecem os que são capazes de se elevar acima do mundo, os que pela criação se fizeram e aprenderam a perdurar para além do tempo, os que à sua dimensão e no seu lugar, com a sua humildade e génio, foram absolutamente excepcionais. Em quase tudo; sempre no que é essencial, estruturante e nos define.

Eusébio foi um deles. Pelé também, uma espécie de segundo nós quando não havia mais Eusébio.

Gostava que Cristiano também o tivesse sido. E gostava, ainda mais, que fosse capaz de ainda o ser. Para bem dele, dos seus filhos, e satisfação de todos nós quando um dia falarmos dos seus feitos aos nossos, aos que um dia hão-de vir para nos ajudarem a recordá-lo. De sorriso largo e reconfortante. Como tantas vezes o vimos.

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descaramento

por Sérgio de Almeida Correia, em 06.12.22

AL_RAT-kits.jpg.webp(créditos: Macau Daily Times)

Como se não bastassem já todos os constrangimentos a que os residentes estão sujeitos, agora ainda têm de participar no pagamento de kits de auto-testes rápidos de antigénio.

Antes foram os encargos com as máscaras azuis que não servem para nada, e que logo ao primeiro surto a sério, como foi o de Junho passado, o Governo recomendou às pessoas que não as usassem, optando antes pelas KN95 ou modelos superiores. Como neste momento não há nenhum surto activo podemos voltar a usar máscaras inúteis para irmos ao bufete buscar o pão-de-ló e a salada de frutas.

Em relação àquilo que é o cumprimento de um dever cívico, que deveria ser um acto de patriotismo para protecção dos próprios e de toda a comunidade, que é a vacinação, o Governo sentiu-se na obrigação de oferecer vales pecuniários às pessoas com mais de 65 anos, aqueles cujas taxas de vacinação são mais baixas e que mais resistem à vacinação com argumentos espúrios, vales que podiam depois ser trocados em estabelecimentos como o Supermercado Luen Fong, a Pastelaria Maxim’s e os estabelecimentos da cadeia McDonald’s (porquê estes e não outros?). 

Aquilo que devia ser penalizado, que é a falta de vacinação, a falta de sentido cívico, a falta de patriotismo que a todos nos trama, para o Governo de Macau continua a ser irrelevante. 

Tanto faz ser vacinado como não-vacinado que os encargos e incómodos são os iguais para todos. Quem não se vacinou continua a poder circular livremente, a frequentar serviços públicos, a entrar e sair sem restrições, e até pode receber vales pecuniários por não ter feito o que deve. O absurdo é total. 

Por causa dos que não se vacinaram, e da estupidez que tomou conta de tudo, todos estão sujeitos a limitações à sua liberdade de circulação, à sua liberdade de deslocação, de reunião e até de convívio, obrigados a usar máscaras – mesmo que por vezes seja só para a fotografia oficial –, a fazerem testes por tudo e por nada para entrarem num serviço público, seja num tribunal para consultar um processo ou assistir a uma audiência de julgamento, seja para participarem em cerimónias públicas e eventos festivos privados; isto para além das desgastantes e dispendiosas quarentenas em hotel impostas a quem se atreve a sair para o estrangeiro.

A imposição da aquisição de kits pelo Governo da RAEM aos cidadãos é mais uma medida abusiva, insensata e que servirá apenas para dar dinheiro a ganhar aos fabricantes, vendedores e intermediários que fornecem os SSM, e que até hoje a maioria desconhece exactamente quem são e quais as suas margens de lucro.

Repare-se, por exemplo, que o Festival da Gastronomia, junto à Torre de Macau, durou dezassete dias. Havia lá gente infectada a passear, mas o Governo entendeu que não havia risco, ou o risco era "controlável", para a comunidade. Desde o dia 28 de Novembro são já 56 casos. Quantos se devem ao Festival de Gastronomia? Quantos tinham a vacinação completa com as doses de reforço? 

Em contrapartida, no Festival da Lusofonia, com meia-dúzia de falantes lusófonos, sedentos por uma bifana e uma caipirinha, num evento que só durava três dias e onde não havia qualquer infectado, considerou-se que havia risco, ou risco "incontrolável", concluo eu, e toca de fechar tudo a correr antes do último dia.

Tenho pena que a presidente da Casa de Portugal não tenha um nome parecido com o do presidente do Festival de Gastronomia. Muito provavelmente também não teria havido risco, pese embora o laxismo do controlo deste último.

Fica, pois, a sugestão de no próximo Festival da Lusofonia a organização arranjar uma comissão de honra que integre, pelo menos, um deputado do regime para presidir ao evento. Ao mesmo tempo podia-se pedir-lhe ajuda para encontrar alguém que também fornecesse umas máscaras KN95, coloridas e alusivas ao evento, e kits de auto-testes rápidos para venda no local durante três dias para assim se diminuírem eventuais riscos e se aumentarem os números do negócio (das máscaras e dos kits, que as bifanas não dão dinheiro).    

Se é do interesse do Governo que se façam esses testes por tudo e por nada, então deveria ser aquele a subsidiá-los na íntegra e a distribui-los por toda a população. Como faz com as câmaras de segurança pelas ruas. Ou, então, deveriam ser distribuídos kits gratuitamente a todos os que se tenham vacinado com as duas doses mais as duas de reforço. Os que sem razão recusam a vacinação ou rejeitam as doses de reforço que paguem os kits. Em Portugal, os comunistas diziam que os ricos é que deviam pagar as crises, não os pobres ou remediados. Aqui deveriam ser os egoístas e os insensatos.

Este seria sempre um custo muitíssimo inferior por comparação com os milhares de milhões que se têm desbaratado em rondas sucessivas de testes, em períodos de observação disparatados e à caça de "turistas" infectados, enquanto se corre com os trabalhadores não-residentes sem haver quem os substitua, delapidando-se sem racionalidade as reservas financeiras da RAEM e a qualidade de vida da população.

Sim, porque de cada vez que chega alguém para passear na RAEM, ou para participar em maratonas internacionais sem estrangeiros, ou em festivais gastronómicos que se prolongam por mais de duas semanas e por onde andam infectados, ou quando há residentes sem vacinas que vão ao lado de lá às compras ou em visitas de estudo e regressam contaminados, voltamos sempre ao mesmo.

Aqui, em Macau, todos pagam por igual a falta de descaramento, a pouco patriótica resistência à vacinação e as decisões desproporcionadas e destituídas de razão.

Decisões que no interior da China levaram ao cansaço e ao descontentamento generalizado das populações, originando manifestações de rua, e que obrigaram as autoridades à mudança de critérios e de medidas.

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saga

por Sérgio de Almeida Correia, em 05.12.22

l-1.jpeg(créditos: The Macau News e IDM)

E lá se realizou mais uma edição da Maratona Internacional de Macau, que de internacional só tinha o nome face à ausência de atletas estrangeiros, tal como aconteceu na edição anterior.

Os mais bem preparados atletas do interior da China dominaram a competição, deixando aos locais os lugares secundários. O desinvestimento no desporto e a ausência de políticas também se mede por aqui, pela falta de competitividade e de resultados dos atletas locais, sujeitos há um ror de anos às mesmas políticas e aos mesmos dirigentes que a ninguém prestam contas.  

Desportivamente, porém, a grande nota foi mesmo o facto de ser uma corrida caseira, limitação imposta pela política de tolerância zero dinâmica e as medidas de controlo da Covid-19.

Esta circunstância reflecte bem até onde vai o ridículo e falta de sentido das medidas. Os "patriotas" locais esforçaram-se por berrar a pedir o fecho das fronteiras à entrada de estrangeiros, com medo do vírus, mas agora o vírus chega sempre do interior do país. Desta vez foi uma atleta que correu infectada vinda da província de Guangdong

Isto significa que não serviu para nada que se impedisse a entrada de estrangeiros, mesmo sãos, durante quase três anos, porque o vírus viajou na mesma para Macau e não precisou de fazer quarentena. Um senhor viajante.

Depois, o que aconteceu também prova que não serve para nada estarem a pedir-se testes a quem vem do interior da China, se logo no dia seguinte acusam positivo, porque afinal os contaminados podem circular livremente pelo Cotai, fazendo compras e comendo por aí sem necessidade de respeitarem as quarentenas impostas a quem chega do estrangeiro.

Para além disso, também não se percebe, de novo, qual a razão para se permitir a vinda de estrangeiros ao Grande Prémio de Macau, embora sujeitos a quarentena, para duas semanas depois, em relação à maratona, se voltar a impedir a sua participação com a desculpa da Covid-19.

Era preferível que todos pudessem entrar e sair livremente, e que todos fossem sujeitos a uma política coerente, sem discriminação por modalidades, nacionalidades ou etnias, uma política alinhada com a OMS e com o que se passa no resto do mundo, em vez desta farsa irracional, saloia e pouco científica. 

Olhando para tudo isto, em especial para os custos impostos, designadamente os desportivos – ainda há tempos um deputado sublinhava na Assembleia Legislativa as falhas da participação de Macau em provas internacionais –, e para as exigências impostas em relação a residentes que não viajaram para o exterior, mas que para participarem em eventos locais têm de apresentar testes com resultado negativo, sob pena de exclusão, fica-se sem perceber qual a lógica destas medidas.

Andamos nisto há praticamente três anos. Vamos passar mais um Natal com limitações de viagem, com zonas vermelhas, amarelas, algumas de cor de burro quando foge, não se podendo sequer participar em provas em Hong Kong (ninguém vai a HK correr num sábado ou domingo para depois ficar mais de uma semana "internado" e com código vermelho como se fosse um leproso na Idade Média) e verifica-se que a política de tolerância zero só serviu para esconder o problema real, disfarçando as infecções internas, endurecer o controlo policial sobre gente pacífica e agravar as condições de vida da maioria da população.

Esta manhã, a Agência Xinhua informou que a Comissão Nacional de Saúde da RPC registou no domingo mais 4247 casos de "transmissão local confirmada", o que não deixa de ser uma vergonha com custos pesadíssimos para a maioria da população e para quem tinha anunciado a derrota do vírus. 

Estamos a pagar os custos da tolerância zero. Resta saber durante quanto tempo mais.

Amanhã, a conta-gotas, por força do descontentamento popular, tal como está a acontecer no interior da China, poder-se-ão ir alterando as medidas, para se salvar a face e se evitarem as pouco prováveis manifestações nas ruas, que nunca seriam autorizadas pela PSP com o aval do secretário para a Segurança, ou as folhas de papel em branco, mas os verdadeiros responsáveis pela tragédia política, económica e social que todos estamos a viver na RAEM continuarão por aí, e por ali, escondidos, sem que nada lhes aconteça, sem prestarem contas à população. Insensíveis ao sofrimento alheio e aos custos da sua teimosia insensata e irresponsável.

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ler

por Sérgio de Almeida Correia, em 02.12.22

Breve História da Democracia - John Keane - Compra Livros na Fnac.pt

"(...) a democracia posiciona-se contra todas as formas de húbris. Considera o poder concentrado cego e, consequentemente, perigoso; pressupõe que aos humanos não deve ser confiado um domínio incontido sobre os seus semelhantes, nem sobre os biomas que estes habitam" (p. 175)

 

O australiano John Keane resolveu escrever um livro que sendo simples, claro e acessível não deixa de ser rigoroso. Fê-lo com elegância e os seus vastos conhecimentos sobre a matéria que aborda, dando-nos uma visão global da evolução daquilo a que se convencionou chamar democracia desde as primeiras assembleias de que há notícia, na Síria-Mesopotâmia, cerca de 2500 a.C., até aos dias hoje.

Basicamente, dividiu a sua história em três grandes períodos que correspondem na sua óptica a diferentes modelos de democracia: democracia de assembleia, democracia representativa e aquilo a que chama de democracia monitorizada.

É esta última que pode suscitar mais controvérsia.

O autor interroga-se sobre o próprio da democracia liberal e não deixa de referir, enaltecendo, apesar de todos os seus defeitos, o exemplo indiano, quando afirma que a Índia constituirá o exemplo acabado de como milhões de pessoas pobres e analfabetas, "sobrecarregadas por uma miséria de proporções confrangedoras", "rejeitaram o preconceito de que um país tem de ser rico antes de ser democrático" (p. 143).

Apoiando-se no teólogo estado-unidense Reinhold Niebuhr, remete-nos para uma frase famosa deste ("A aptidão do homem para a justiça torna a democracia possível, mas a tendência do homem para a injustiça torna a democracia necessária") que em seu entender terá estado na base de uma nova compreensão da democracia "como um contínuo escrutínio público, moderando e controlando o poder segundo padrões 'mais profundos' e mais universais do que os antigos princípios de eleições periódicas, governo pela maioria e soberania popular".

Segundo Keane, a democracia monitorizada "está associada às sociedades saturadas pelos meios multimédia – cujas estruturas de poder são acompanhadas e combatidas de forma permanente pelos cidadãos e seus representantes no âmbito dos ecossitemas dos meios digitais", numa espécie de "mundo de abundância comunicativa" que é estruturado por "dispositivos mediáticos que combinam o texto, o som e a imagem", permitindo uma "comunicação por vias de múltiplas plataformas de utilizadores, no âmbito de redes globais moduladas, acessíveis a muitas centenas de milhões de pessoas espalhadas pelo mundo"; afirmando-nos que "a democracia monitorizada e as redes mediáticas informatizadas são gémeas siamesas".  "Se a nova galáxia de abundância comunicativa implodisse subitamente, é provável que a democracia monitorizada não sobrevivesse" (p. 156).

A pandemia e as suas implicações, cada vez mais presentes pelo que se está a passar na China, a tal "democracia que funciona" e que os seus arautos propagandeavam, teve, e tem, implicações na distribuição de riqueza, no bem-estar e no emprego, sendo por isso mesmo questões políticas incontornáveis.

Com evidente oportunidade, cita James Mill e remete-nos para a lembrança de que "se o fim do Governo é produzir a maior felicidade do maior número, esse fim não pode ser alcançado fazendo o maior número de escravos" (p. 187).

Trata-se, afinal, como ele escreve, de "pensar a democracia como guardiã da diversidade do pensamento livre e defensora do poder publicamente responsabilizado", o que tornará a sua ética mais capaz, "mais universalmente tolerante das diferentes e conflituosas definições de democracia", capaz, por isso mesmo, de "respeitar a frágil complexidade dos nossos mundos humanos e não humanos" (p. 174).

Ideias interessantes, conceitos discutíveis, num livro que abre novas pistas de discussão e acaba por ser, nessa medida, intelectualmente estimulante.

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primeiro

por Sérgio de Almeida Correia, em 01.12.22

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Portugal, sempre. Mesmo longe pertenço aos meus.

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preocupante

por Sérgio de Almeida Correia, em 01.12.22

image-4.jpg(créditos: Carmo Correia/Lusa)

Mais um mês e estaremos a completar três anos sobre o início da pandemia. A esperança de um rápido regresso à normalidade desapareceu com a sucessão dos anos. E com a partida da esperança foram também muitos sonhos, promessas, encontros e reencontros que nunca mais terão lugar. Vidas que nos fugiram, sorrisos que se evanesceram para nunca mais voltarem, beijos e abraços que jamais serão dados.

A tudo isso se somou, aqui onde estamos, o aproveitamento da situação para tratar de inventariar e catalogar cidadãos pacíficos como potenciais criminosos, portadores e disseminadores de um vírus terrível, uma nova peste que se queria à força que fosse estrangeira e que, afinal, surgiu, percorreu mundo e sempre esteve entre nós. No meio de nós, não distinguindo etnia, nacionalidades ou preferências de género.

Andou disfarçado e escondido, sob a ilusão da tolerância zero, para agora reaparecer em força, invadindo o interior do país, provocando agitação, desconforto, mobilizando os censores, passeando-se por aí, colocando à prova a nossa paciência ao mesmo tempo que expunha a falência das políticas, o fracasso do processo de vacinação, enfim, a ausência de humanidade e racionalidade nas escolhas e no modo como durante estes anos se lidou com a situação.

Três anos de empobrecimento contínuo a todos os níveis: económico, financeiro, social, psicológico, educativo, desportivo, gastronómico, cultural, laboral, empresarial. Custos que serão pagos por mais do que uma geração, embora haja quem não se importe, persista na ignorância, resista à ciência, despreze a integridade e prefira resignar-se à prisão, à solidão e à pobreza enquanto busca razões para a sua própria insensatez.

E quando o silêncio de tudo toma conta, lá surge a notícia envergonhada no jornal, na televisão, nas redes. Um dia é um, no outro dia é outro. É a mulher que "cai" do nono andar, é o desgraçado que é atingido pelo corpo desamparado que se estatela; é o septuagenário que o filho encontra "pendurado" ao chegar a casa.

A escuridão da vida pública é o caminho mais célere para a injustiça. Para a estupidez. E o filme está para continuar até que um campónio convoque um concílio para se debruçar sobre o futuro da humanidade. Enquanto isso, do lado de fora do palácio, escarafunchar-se-á a narina e testar-se-á o cachorro. Até jorrar o sangue.

A contemplação da regressão não é opção; é antes sinal de grave maleita.

Não há nada que perdoe tanto talento junto.

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