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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
(créditos: daqui)
Um comunicado dos Serviços de Saúde de Macau chamou a minha atenção. Depois percebi, por uma notícia da TDM, ser já o segundo caso este ano.
Não é normal que numa cidade como Macau, que ainda há pouco tempo apresentava um dos mais elevados do PIB/per capita do mundo, o que foi exaltado pelo Presidente Xi por ocasião do 20.º aniversário da criação da RAEM e da transferência para a RPC, apareça tifo epidémico. É, leram bem: tifo epidémico.
O tifo é uma doença infecto-contagiosa, que foi uma das grandes desgraças da humanidade, própria de gente imunda, sem acesso a higiene básica e limpeza, típica de lugares pobres, com más condições de vida, com maus ou inexistentes sistemas de esgotos e de tratamento de águas residuais, onde há ruas com dejectos e infestadas de ratos, piolhos e similares em barda.
Durante os séculos XVII, XVIII e XIX, e durante a I e II Guerras Mundiais houve muita gente a morrer de tifo. E ainda hoje há quem padeça desse mal terrível no submundo de África e da América Latina. Mas em Macau, no século XXI?
Muitas vezes me tenho insurgido contra a falta de higiene urbana da cidade onde vivo, chamando inclusivamente a atenção para a quantidade de roedores à solta pela RAEM, da cidade velha ao NAPE, da zona dos lagos Nam Van ao Lilau e a Coloane.
Para o IAM, que se limita a distribuir ratoeiras pela cidade, de onde os ratos entram e saem alegremente, e que deixa os contentores de recolha de lixo abertos, de onde muitas vezes sai um cheiro nauseabundo e escorrem líquidos pestilentos para os passeios, como aqui ao meu lado no NAPE, parece que tudo isto é normal.
Com tantos alertas, e com o tifo entre nós, alguém deverá começar a tomar medidas a sério e avisar o impante líder (pode ser que ele se chegue à janela) de que está na hora dos seus serviços fazerem alguma coisa em matéria de higiene urbana.
Se assim não for, temo que em breve o tifo e doenças similares tomem conta da cidade. E aí, ainda que as fronteiras permaneçam semi-encerradas e não haja estrangeiros, teremos mesmo regredido até à Idade Média.