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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Dele se pode dizer que é um homem em movimento. Em movimento perpétuo, uma espécie de corpo celeste emitindo luz própria e sempre a correr daqui para lá e acolá tantos são os projectos. Hoje um, amanhã outro. E como se não lhe bastassem todos os prémios e menções que já recebeu e que em muito têm prestigiado a fotografia universal que fala em português, lembrou-se de criar, já que de um criador se trata, o Ochre Space. Ou melhor, digo eu, a Galeria Ochre.
Devido à pandemia ainda não franqueou as suas portas ao público, mas em breve fá-lo-á porque há locais onde não há mal que sempre dure.
A luz de Lisboa ficará certamente enriquecida com mais este acolhedor espaço dedicado à fotografia, onde será possível encontrar a dita em dimensões generosas, as do anfitrião e dos amigos que ele convidar, muitos livros, e todas as Zine que o João Miguel já produziu.
Eu espero lá poder passar um dia, e também visitar a família e os amigos, assim que me seja possível sair desta suave colónia onde resido e ultimamente cumpro pena com uma dose tripla de vacinas, sem ter necessidade de no regresso cumprir uns fantásticos vinte e um dias de quarentena no hotel para onde me enviarem – se houver disponibilidade de quartos, claro, pois que de outro modo ficarei "pendurado" no exterior, à falta de melhores ideias –, usufruindo de uma comida maravilhosa, os quais serão depois acrescidos de mais oito dias de castigo em casa por me ter lembrado de saltar a cerca.
Tal como muitos outros, já havia chamado a atenção para a nefasta acção de alguns desqualificados que os partidos políticos escolhem para tratarem de assuntos públicos de importância extrema.
Como não podia deixar de ser, o Tribunal Constitucional veio esclarecer, para quem ainda precisasse de ser esclarecido, que "qualquer «deliberação» − ou, melhor dizendo, acordo informal − que tenha sido tomada pelos partidos políticos no sentido de se dispensar a junção da fotocópia do documento de identificação ao boletim de voto é grosseiramente ilegal – ultra vires –, não produzindo os efeitos jurídicos conformes ao respetivo conteúdo".
A consequência foi a declaração de nulidade dos votos, com a consequente obrigação de repetição das eleições no Círculo da Europa, e todos os incómodos, custos e desprestígio para as instituições que resulta de ilegalidade tão grosseira.
Quem provocou toda esta inqualificável asneirada vai continuar a andar por aí, em campanha, a frequentar as sedes dos respectivos partidos e a sentar-se em S. Bento ou num outro lugar qualquer pago por todos nós, onde possa ser agraciado pelos contínuos maus serviços que presta à democracia, aos partidos e ao país, sem que ninguém seja efectivamente responsabilizado e punido.
Depois, ainda há quem, sendo também responsável por muito do pessoal político sem qualificações que se senta nas instituições do Estado, venha apelar ao esforço e sacrifício dos emigrantes.
É este, e será sempre, o nosso drama enquanto não virarmos o país do avesso e os partidos políticos não se livrarem dos emplastros que os encharcam e poluem. Gente que nem para contar votos serve.
Defenestrá-los de todas concelhias e secções seria uma das soluções. Só que estou convencido que ainda assim seria pouco, pois bastariam uns minutos para sacudirem o pó da roupa, comporem-se e voltarem a apresentar-se para todo o serviço. Como se não fosse nada com eles. Vergonha é coisa que nunca possuíram.