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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end
Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes again
Can you picture what will be?
So limitless and free
Desperately in need
Of some stranger's hand
In a desperate land
(...)
The killer awoke before dawn
He put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived, and then he
Paid a visit to his brother, and then he
He walked on down the hall, and
And he came to a door
And he looked inside
"Father?" "Yes, son?" "I want to kill you"
"Mother? I want to..."
(...)
This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end
It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die
This is the end
(Jim Morrison Ray Manzarek Robby Krieger John Densmore)
Fica só a tristeza. A certeza de que a maior reside na injustiça, na intolerância, na purga, na mentira. Contra isso não há remédio. E a certeza de que a longa noite começou. Para uns maior do que para outros.
This is the end/Beautiful friend/This is the end/My only friend, the end.
No jornal, o texto começava assim:
O problema é quando uma pessoa já leu o "artigo de opinião", opinião respeitável, obviamente, noutro lado. E na língua original:
"Since the beginning of human civilization, humanity has been looking for the best form of government. For thousands of years, our political systems constantly evolved with the changing political values and the progress of human civilizations until the late 1980s – when it was claimed that this evolution had met an end. The collapse of the communist regimes in Eastern Europe and the Soviet Union seemed to mark the death knell of communism and seemed to suggest the superiority of Western liberal democracy. Since then, Western liberal democracy has been claimed as “the end point of mankind's ideological evolution” and “the final form of human government” (Fukuyama, 1989). It seemed that, sooner or later, Western liberal democracy – the so-called “best” political system and the “ultimate” achievement of humanity – would defeat all other forms of political system of inferior quality and become the only form of government in the world.
Yet, authoritarianism has not been eliminated as many expected. On the contrary, the resilience of authoritarianism has been posing unprecedented challenges to the overwhelming dominance of Western democracy. Now, three decades after the fall of communism in Eastern Europe and the Soviet Union, the communist party in China has posed a strong challenge to Western liberal democracy. Instead of collapsing as many have expected for decades, the Chinese Communist Party (CCP) has delivered a remarkable economic miracle and led China to become the second largest economy in the world."
Este último trecho (está logo na Introdução, Chapter One) pertence à tese The Chinese Communist Party’s Capacity to Rule: Legitimacy, Ideology, and Party Cohesion, apresentada por Jinghan Zeng na Universidade de Warwick, em 2014, a qual até está disponível na Internet.
Tirando o desgraçado do Francis Fukuyama, que se viu despojado da paternidade da citação no texto original da tese, e do "martelanço" da Covid-19 para o "artigo de opinião" ficar mais actual, o texto transcrito foi todo "sacado" ao trabalho de Jinghan Zeng. Assim é fácil encher duas páginas de jornal de cada vez que se "escreve" (copia).
Depois reparei que a citação inicial, esta sim entre aspas, de Ma Chunshan [In accordance with the principle of Marxism, the economy is the foundation of all kinds of development. Therefore, as long as economic development is achieved, society will be relatively stable and the legitimacy of CCP governance will be strengthened.], foi retirada de The Diplomat, em China’s Communist Party: 3 Successes and 3 Challenges, 28/10/2017, sem citação da fonte.
A partir daqui, obviamente, eu não iria perder tempo a ler o mais que tivesse sido copiado.
Há muitos anos que leio muita coisa da minha área de interesse e investigação. Dá trabalho, mas um tipo sempre aprende alguma coisa, inclusive a distinguir um bom original de uma cópia merdosa.
Um lapso de transcrição, a falta de umas aspas numa curta citação ou numa pequena frase ainda podem passar. Mas o que me faz espécie é que haja quem copie parágrafos inteiros e depois os publique como se fossem textos seus.
Antigamente dizia-se, em relação a uns figurões que gostavam de se fazer passar por "académicos", que era preciso saber citar. Agora talvez seja mais apropriado dizer que o segredo e a respeitabilidade estão no copianço.
Para esta gente, vergonha é coisa que não existe.
O mundo é dos espertos? Sim, claro.
E ultimamente também dos que, como escreveu o Marco Carvalho (aqui cito de memória, pelo que espere que ele me perdoe a falta de aspas), têm o infortúnio de dobrar a cerviz com felicidade genuína. Neste caso talvez seja mais apropriado dizer que copiam e publicam com felicidade genuína.
Nasci, cresci, vivo, e um dia hei-de morrer com ele. Com o Sport Lisboa e Benfica.
O clube faz parte do meu património genético, familiar, afectivo e desportivo. Muitas vezes, quando miúdo, me refugiei no choro. E se hoje já não choro nem por isso deixo de me emocionar nos grandes momentos. Ou quando parte um dos ídolos que fez as delícias da minha infância e que eu pretendia sempre copiar e imitar quando jogava futebol, basquetebol ou nadava.
Saber que depois de um veio outro de calibre idêntico causou-me arrepios. Ainda agora.
Sei que nem todos sentirão assim, como é natural num clube plural, num clube que é a paixão de milhões e por onde passam muitos milhões. Por causa de uns e de outros.
Não troco os êxitos desportivos pela ética, pela honra, a tradição ou a história do clube. Tudo tem o seu lugar.
Por tudo isso me custa muito ver o que se está a passar e contra o qual sempre lutei. Não sei quem poderá ir para lá, mas sei, sempre soube, que aquele não era, não podia ser, não pode ser, o caminho. O nosso caminho.
É tempo de colocar um ponto final no mercenarismo, na chico-espertice, na bandalheira.
Investiguem tudo, esmiúcem, prendam quem tiverem de prender, mas devolvam-nos um clube limpo, sem badalhocos, com limitação de mandatos, como acontece em qualquer instituição séria.
Ser presidente do clube, seu dirigente, era uma referência de seriedade e carácter. Tem de voltar a sê-lo. Não pode ser uma carta de alforria para a impunidade, para as negociatas e para as trambiquices dos trampolineiros do chuto-na-bola. Haja decência.
Benfica sempre.
O Rui de Matos, irmão de um bom amigo, esteve internado com a COVID-19, mas entretanto já recebeu alta.
Fico feliz por sabê-lo, e desejo-lhe uma óptima recuperação, mas não gostaria de deixar de aqui compartilhar, com a devida vénia e agradecendo a autorização, o seu testemunho, o espírito com que enfrentou esses momentos difíceis e a sua reflexão.
Pode ser que aqui em Macau também nos sirva para alguma coisa, embora já saibamos que a nossa autonomia é, nesta matéria, também pouco menos do que zero.
"A FALÁCIA DO RISCO ZERO
A minha estadia de 10 dias no “SPA” da Infeciologia C do Egas Moniz (Co\/id) apôs uma semana difícil em casa, não veio alterar uma vírgula àquilo que já pensava sobre “risco zero” e o efeito perverso deste "erro de pensamento".
Lembra-se do filme “o Caçador" em especial a forte cena da “roleta russa”? Imagine que é obrigado a jogar à “roleta russa”. Faz girar o tambor leva o revolver à testa e puxa o gatilho…Tenho duas perguntas para si:
1- Se houver 4 balas no tambor, quanto estará disposto a pagar para retirar 2 balas?
2- E se o revolver tiver apenas 1 bala no tambor, quanto estará disposto a pagar?
Curiosamente, a maioria das pessoas, tendencialmente está disposta a pagar mais no segundo caso porque o “risco” de morrer seria anulado. E o que é que isto tem de racional? Absolutamente nada! Se fizer as contas no 1º caso, a probabilidade de morrer é reduzida em dois sextos enquanto no 2º. caso é de apenas um sexto. Assim, racionalmente, a primeira hipótese vale pelo menos o dobro.
- Então, porquê que tendencialmente somos atraídos a sobrevalorizar a “ausência de risco” como a mosquitada (“especialistas” e decisores) atraídas pela "luz" do “risco zero”?
Este “erro de pensamento” apesar de comum - “zero-risk bias”- é ignorado pelos especialistas e decisores políticos. Senão vejamos, o número de “casos positivos” está a ser sustentado, com os testes antigénios (testes rápidos) pouco rigorosos e sem confirmação do PCR… No meu caso, fiz um teste rápido de farmácia dia 11 julho que deu negativo. No entanto, dois dias depois já dava positivo. Obviamente que já estava contagiado dois dias antes…
Se for adepto do “risco zero” então terá que passar a deixar o seu carro fechado na garagem pois na circulação automóvel, o risco zero só é atingido se não circular. Não existe “risco zero” e disso fui testemunha, pois o oxigénio e o soro estiveram presentes para não me deixar esquecer isso. Felizmente, esta não é a realidade da esmagadora maioria das pessoas testadas positivas, onde uma grande parte nem chega a ter sintomas e as que têm, resolvem-no em casa com 3 dias de paracetamol. Os decisores políticos estão presos a uma "matriz de risco" obsoleta, infantil mesmo, simplesmente porque o aumento de número de “casos positivos” já não “espelha” desde Março a mesma relação de aumento de mortalidade nem a ocupação hospitalar. Como se sabe continuamos com 3/4 mortes médias diárias. Porque razão, mantemos então a crença nos benefícios do risco zero, quando estamos a entrar na fase endémica da pandemia onde haverá sempre “positivos” se se testar em “massa arroz e legumes”? A explicação está na RESIGNAÇÃO da esmagadora maioria da população que prefere a falência, o desemprego e a fome, desde que mantenha a "crença no risco zero". Não percebe que com este erro de pensamento, vão também perder a saúde que resta, quando não tiverem como pagar os IMIs, a água, a luz, a prestação da casa, etc. Dificilmente sairemos deste ciclo vicioso porque os decisores políticos governam para a "maioria" convencida dos benefícios das restrições à circulação, do recolher obrigatório, que não é diferente do Estado de Emergência. Tenho sérias dúvidas que estes “especialistas de TV” que berram como cassandras, evocando sempre o aumento de restrições, venham a alterar uma vírgula do seu discurso apocalíptico enquanto o cheque deles continuar a cair na suas contas. Enquanto você empobrece a passos largos!
O recolher obrigatório decretado pelo Governo a partir das 23h é "inconstitucional". A liberdade de circulação é um direito fundamental, consagrado na Constituição da República e, segundo o seu artigo 19.º os órgãos de soberania não podem, conjunta ou separadamente, suspender o exercício dos direitos, liberdades e garantias, salvo em caso de estado de sítio ou de estado de emergência". Ora não estamos em estado de emergência mas com subterfúgios conseguiram o mesmo efeito só que com outro nome. São vários os constitucionalistas que já alertaram para a "inconstitucionalidade" da medida, porque é uma medida "autoritária" e um "atentado aos direitos liberdades e garantias". Como sair deste impasse? Eu que nunca fui de manifestações, neste momento só vejo realmente uma saída. Chama-se desobediência civil, ordeira e sem vandalismo. Tem que ponderar rapidamente se tem mais medo das coimas ou do que do desemprego e da falência. Coragem, não pague e siga para tribunal. Quando encherem os tribunais cujos juízes dificilmente os condenarão pela inconstitucionalidade das medidas, os decisores políticos mudarão de opinião, tal como aconteceu na UK. Foi o facto dos ingleses massivamente virem para a rua e reclamar que já chegava de medidas restritivas sem efeito prático, que fez com que Boris Johnson anunciasse o fim das restrições a 19 de julho. Por cá, o efeito seria o mesmo mas seria necessário que os portugueses deixassem de ser RESIGNADOS e tivessem a coragem de reclamar pelos direitos fundamentais que nos estão a ser negados e sugados ao ganha-pão. Conseguiríamos o mesmo efeito prático tal como em Inglaterra. Quer melhor exemplo do que o "caso" da medida absurda com o Costa? Como se trata do PM vacinado com as 2 doses e com teste negativo, claro que não gostou da quarentena de 10 dias imposta, então a DGS, já pondera alterar algumas regras de quarentena absurdas e sem racionalidade, pois é! Deixe de ser RESIGNADO na crendice do "risco zero" e tome a mudança nas suas mãos antes que o mudem definitivamente! Se você não tomar nenhuma atitude agora, em Outubro estaremos a discutir novas medidas e restrições, com os mesmos tiques tirânicos desta gente para "salvar o Natal e nos salvar a todos!"
Rui de Matos"
Por estes dias de intensa e renovada canícula, enquanto se aguarda a chegada dos inevitáveis tufões sazonais, duas breves notícias chamaram a minha atenção.
Uma dizia respeito aos resultados das receitas do jogo durante o mês de Junho. De acordo com o que foi noticiado, o mês findo constituiu o pior mês do ano, assinalando uma quebra de 77,4% face ao primeiro semestre de 2019 e menos 37,4% de receita em relação ao mês de Maio. Junho foi também o pior mês desde Novembro de 2020. Os números não mentem e são absolutamente avassaladores para uma economia que depende quase exclusivamente do jogo para sobreviver.
A outra notícia rezava que assistimos à primeira queda anual do consumo de energia desde 1972 quando foi fundada a Companhia de Electricidade de Macau (CEM). Este é um dado assustador.
Estamos a viver tempos de pandemia, sabemos isso, e daí? A pandemia não pode servir de justificação para tudo.
Se o ano passado, quando a situação epidémica na China e internacionalmente era muito mais complicada, ainda não havia vacinas, como justificar neste ano de 2021 os números de Macau, quando aqui as vacinas estão a ser ministradas desde Fevereiro? Como pode o Chefe do Executivo defender-se perante tais números quando a situação este ano até é melhor à nossa volta do que era no ano passado? Se a situação não fosse melhor não teríamos tantas viagens para o interior da China, a Air Macau ainda estaria a voar muito menos do que está e nem sequer se pensaria em negociar com Hong Kong a vinda de turistas do outro lado do delta.
A conjugação desses dados, mais os cancelamentos de todas as actividades turísticas e promocionais que poderiam aumentar a receita – o Festival Internacional de Fogo de Artifício foi de novo cancelado – geram cada vez mais dúvidas e incertezas.
Está visto que não é pela distribuição de cartões de consumo que a economia vai ter qualquer melhoria. Até porque o dinheiro não dura sempre e não se pode continuar a oferecê-lo aos residentes como se caísse do céu sem nada se produzir.
Neste momento, há residentes que não arranjam trabalho e continuam a fazer muita falta trabalhadores não-residentes para inúmeras actividades. Muitas pessoas e empresas passam por dificuldades fora da Administração Pública.
Todavia, qualquer pessoa medianamente sensata quando verifica que errou procura corrigir o erro e melhorar.
O mesmo se diga quanto a um Governo ou a um partido político. O Partido Comunista da China várias vezes no passado fez exercícios de auto-crítica. E isso foi também estimulado por alguns Secretários-Gerais.
Por isso mesmo, hoje, em relação a momentos e episódios da sua história centenária de que não se orgulha, tratou de rectificá-los, corrigiu a sua análise histórica e postura e, inclusivamente, omitiu-os nas celebrações em curso. Isto é possível confirmar, por exemplo, pela exposição fotográfica que está patente no Fórum Macau. Quando foi preciso enveredar pelo capitalismo para o país crescer e arrancar milhões à pobreza, em Pequim não se hesitou em mudar a cartilha.
Isto leva-me a colocar a dúvida de saber quando é que na RAEM se começarão a dar passos em direcção a uma vida mais normal. Não faltam, pelo que tenho ouvido, os que começam a duvidar das capacidades de gestão política e económica locais. Que não se conseguia diversificar a economia já nos tínhamos apercebido. Mas não poderemos continuar eternamente fechados ao exterior enquanto a RAEM e os residentes empobrecem e à espera que a crise passe. Isso é muito pouco saudável e não contribui para a resolução da crise.
Se em Macau ninguém consegue ver isto, talvez seja altura de alguém dar orientações a quem precisa delas e não tem iniciativa própria. Além de não ser crime é do interesse de todos.
E também não é muito difícil de perceber que quem se comporta sempre como se tivesse o rei na barriga, pensando que sabe tudo e se mantém numa atitude passiva, de expectativa, dificilmente alguma vez obterá resultados.
Da maneira que estamos, isto é, pior do que no auge da pandemia, é que não poderemos continuar. Não se pode permitir que a recuperação seja ainda mais dolorosa do que foi o período crítico da doença.
Já nos bastou o tufão Hato para aprendermos alguma coisa.