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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Foi ontem anunciado pelo Governo da RAEM um novo programa de estímulo à economia destinado a aumentar o consumo e a dinamizar o mercado local.
À partida seria apenas mais uma boa medida, mas aquilo que se conheceu do programa é no mínimo genial. E merece incansável aplauso.
Numa sociedade em que o desemprego aumentou, muitos perderam os seus empregos e quase todos viram os seus rendimentos diminuídos, querer estimular o consumo com o dinheiro dos outros, e que estes não têm, parece-me uma medida muito inteligente. Ou, como agora se diz, muito patriota.
Se, como bem sublinhou João Santos Filipe, para se obterem 4.800 patacas em cupões de consumo é preciso primeiro gastar 14.400, é evidente que quem perdeu rendimentos não está nada preocupado em recuperá-los e se predisporá a gastar o que não tem, nem lhe foi adiantado pelo Governo, para obter uns magníficos cupões de consumo que para terem algum proveito o obrigarão mais tarde a gastar ainda mais.
A deputada Agnes Lam, que está sempre no contra, aproveitou para vir dizer que o programa favorece os mais ricos e exclui os mais desfavorecidos e desempregados, bem como todos aqueles que sejam crianças, e que não terão direito aos cupões, nem os que não queiram instalar nos seus telemóveis a aplicação necessária. Duvido que seja bem assim e a crítica ao Governo parece-me injusta.
O programa, para além de poder candidatar algum talento local ao Nobel da Economia, terá a virtualidade de levar todos aqueles trabalhadores desesperados da construção civil, que foram espontaneamente manifestar-se há dias junto da Direcção dos Assuntos Laborais, obrigando a uma amena confraternização com a polícia, a convocarem nova manifestação "espontânea" para exprimirem a sua satisfação e apoio incondicional às políticas económicas do Chefe do Executivo e do seu governo.