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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Uma análise mais profunda ficará para outra altura. Agora trata-se tão só de saudar a vitória de Joe Biden e Kamala Harris nas eleições presidenciais estado-unidenses.
Depois de quatro anos fantasmagóricos, em que a rotação de pessoal na Casa Branca parecia a entrada e saída de pessoas na montanha russa de uma qualquer feira do Midwest profundo, enquanto um zombie com o cabelo pintado de amarelo se passeava pelo local, o resultado das presidenciais de 2020 é bem mais do que um simples regresso à decência.
É verdade que também o é, após quatro anos de indecência, em que a mentira, o ódio, a desinformação permanente, o desrespeito pelos valores mais essenciais da dignidade humana e a ignorância foram sendo espalhados como um vírus por todo o país e o mundo.
Mas onde não se vislumbrava uma saída foi possível traçar um caminho, e pacientemente percorrê-lo até surgir essa saída.
O fantasma do trumpismo, a besta, poderá continuar a pairar por aí como uma alma penada que já não fará qualquer diferença. Uma vez mais foi possível assistir ao triunfo da razão dentro das limitadas barreiras do sistema.
Importa então voltar a fazer a água correr, deixar a vida regressar à normalidade, retomar o equilíbrio, a ponderação da decisão e a serenidade nas escolhas, deixando de lado o radicalismo montanhês de Bannon e companhia, e esperar que os Estados Unidos da América, essa grande nação que tanto impressionou Tocqueville, possa libertar-se do demagogo ávido de poder e apenas preocupado com os seus interesses pessoais, de que falava George Washington, e regressar ao convívio da comunidade internacional, ao seio das nações civilizadas. De onde, apesar de todos os seus defeitos e limitações, nunca deveria ter saído.
Porque será sempre preferível uma democracia incompleta ao autoritarismo autocrático, policial e cerceador das liberdades dos novos candidatos a senhores do mundo.