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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Na conferência de imprensa que deu no Consulado Geral de Portugal em Macau, antes do seu regresso a Pequim, o Embaixador de Portugal na China, entre as muitas pérolas que por aqui foi deixando, entendeu desvalorizar as declarações proferidas pelo Presidente do Tribunal de Última Instância na sessão solene de abertura do ano judiciário.
E da sua boca saíram frases como “é a declaração de uma pessoa" e que "não há, para já, a ideia de uma reforma legal”, limitando-se a enfaticamente concluir que “acompanharemos o assunto, defenderemos aquilo que nos compete defender, mas enquadrando as coisas naquilo que é a sua devida dimensão.”
Pois bem, a "declaração de uma pessoa", que até é o Presidente do Tribunal de Última Instância, passou no mesmo dia em que o Senhor Embaixador era entrevistado pelo jornalista Gilberto Lopes a ser subscrita pelo Secretário para a Administração e Justiça, que é só, curiosamente, o número dois do Governo de Macau e o homem que tem nas mãos todas as reformas que importa fazer no sistema jurídico, nos tribunais e na administração pública.
Bem sei que, usando o mesmo estilo, são declarações de "apenas" duas pessoas, mas em matéria de resposta ao que foi dito não deixa de ser lapidar.
Que Pequim está longe de Macau também sei. Que há, certamente, outras preocupações e assuntos que importa acompanhar não duvido. E três anos num posto como a China dão imensa experiência e conhecimento sobre o país e os assuntos de Macau.
Mas aflige-me que não haja uma pessoa, entre essas sumidades que costumam ser escutadas e sabem sempre tudo, com um mínimo de lucidez e experiência, que possa ajudar o Senhor Embaixador a ter o enquadramento das "coisas naquilo que é a sua devida dimensão".