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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
A mais do que previsível aprovação em Pequim de uma lei já anunciada e destinada a colmatar a ausência de regulamentação do Artigo 23 da Lei Básica de Hong Kong, sendo uma interferência clara (mas expectável) do Governo Central na autonomia de Hong Kong (mais uma), é antes de tudo o mais um cartão vermelho à Chefe do Executivo de Hong Kong e a todos os seus antecessores.
Atenta a importância conferida pelo Governo Central e pelo Partido Comunista Chinês (PCC) à regulamentação do Artigo 23, a necessidade de se optar por esta via é um reconhecimento do fiasco do actual modelo para escolha do Chefe do Executivo de Hong Kong.
Porque de 1997 até hoje todos os Chefes do Executivo foram escolhidos de acordo com o modelo corporativo, autoritário e anti-democrático plasmado na mini-constituição. Todas as escolhas foram determinadas e mereceram o aval do PCC. E todos os escolhidos foram incapazes de cumprir a Lei Básica e a vontade de Pequim num ponto que para si era (e é) fulcral.
Quanto a Carrie Lam, como bem recordou Tony Cheung, que desde que assumiu o cargo afirmou repetidas vezes que o Artigo 23 seria regulamentado em tempo oportuno e quando o clima político fosse adequado, fica totalmente desautorizada e numa posição ainda mais frágil do que aquela em que se encontrava.
Numa democracia, Carrie Lam teria apresentado já a demissão. No permanente jogo de sombras da política chinesa, em que ninguém quer perder as faces que são perdidas todos os dias, tantos e tão incompreensíveis são os sucessivos hara-kiri, o contorcionismo e as más decisões, certamente que a senhora permanecerá no cargo até que a mandem sair.
Se a governação de Hong Kong não era fácil, com mais esta desautorização a cidade tornar-se-á ingovernável, dando mais gás a protestos violentos.
Quando em política a visão, a seriedade e o bom senso estão ausentes normalmente falta tudo. Com excepção dos aplausos viscosos dos idiotas úteis do regime, sempre ansiosos por garantirem um lugar junto ao saco de alpista.
No fim sobrará apenas a violência e a destruição. E todos sairão a perder.