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Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
(foto daqui)
Esteve antes em Lisboa, e já aí está há alguns dias, mas como não sou muito dado a inaugurações e vernissages só no fim-de-semana, sem holofotes nem confusão, lá fui.
E confesso que fiquei francamente agradado com o que vi, não tendo por isso qualquer relutância em aconselhar uma visita. Refiro-me à exposição de fotografia comissariada por Rogério Beltrão Coelho que tem por título "Macau: 100 anos de fotografia". Está patente na Casa Garden e vale bem o tempo exigido.
Arrumada em dois pisos, com pormenores deliciosos nalgumas imagens que por lá se vêem, e para quem, dos mais novos, não conheceu a belíssima Praia Grande – antes de darem cabo dela da mesma forma que destruíram o património histórico edificado, e continuam a dar, para aprovarem e erguerem os monos que hoje temos, feios e degradados, os quais não serviram para outra coisa que não fosse o enriquecimento de alguns dos nossos tribunos e de mais meia dúzia de cavalheiros –, é uma oportunidade de revisitar o passado.
Da recordação dos muros que circundavam a baía ao Largo do Senado, ao Clube Militar, à muralha do Quartel de S. Francisco, à Penha, ao velho Palácio, ainda sem estar enclausurado, à construção da sede do BNU ou à frágil beleza das meninas da Rua da Felicidade, tudo completado com mapas antigos e filmes da época, está lá uma significativa parte da história do último século de Macau.
O catálogo que me foi dado apreciar reflecte o cuidado colocado na mostra e constitui motivo mais do que suficiente para serem dados os parabéns a quem patrocinou, organizou e comissariou.