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leung

por Sérgio de Almeida Correia, em 09.12.16

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Parece-me absolutamente natural que C. Y. Leung, o Chefe do Executivo de Hong Kong, esteja a pensar não se recandidatar ao cargo. A decisão afigura-se-me sensata e é compreensível que as razões familiares invocadas se sobreponham a quaisquer outras. O desastre que tem sido o seu mandato, para o que tem contribuído a activa colaboração da R.P. da China, como ainda recentemente se viu com a criação de mais um imbróglio a propósito da interpretação feita pelo Governo Central, em antecipação aos tribunais, sobre os votos dos novos membros do Legislative Council que acabaram por não tomar posse, aconselha a uma decisão desse tipo.

Qualquer família normal ficaria preocupada, stressada, e sentir-se-ia tentada a protegê-lo, se um dos seus membros que tivesse tido um desempenho como o que C. Y. Leung teve à frente do governo da SAR de Hong Kong pensasse em recandidatar-se. Vê-se que se trata de uma família consciente.

Pena tenho eu que que em Macau a família do Chefe do Executivo fosse alheia a esse tipo de preocupações quando ele decidiu recandidatar-se, e não o tivesse impedido de avançar. Se calhar hoje não estaríamos como estamos. E a sauna "Família Feliz" não necessitasse de meter tantos clientes em lista de espera.

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livros (1)

por Sérgio de Almeida Correia, em 09.12.16

Wartime Macau.jpg

Com a chancela da Hong Kong University Press, foi lançado na semana passada e posso dele dizer que se trata de mais um trabalho incontornável dirigido por Geoffrey C. Gunn, o emérito professor da Universidade de Nagasaki, senhor de uma vasta obra publicada sobre a Ásia e que vai da Ciência Política à Antropologia.

É certo que não se trata do seu primeiro trabalho dedicado a Macau ou a antigos territórios portugueses, mas desta vez tem a particularidade de, para além do seu contributo, incluir textos de João Botas, Roy Eric Xavier e Stuart Braga. Como se escreve na Introdução, os dados e a informação existentes sobre o período da II Grande Guerra em Macau estão fragmentados e aparecem normalmente dissociados de uma visão global, lacuna que o livro se propõe preencher desvendando por que razão, ao contrário de Hong Kong, Macau conseguiu evitar a ocupação japonesa.

Laborando sobre materiais em inglês, português e japonês, a investigação agora conhecida reúne o trabalho de um conjunto de autores que tiveram acesso a diferentes arquivos e constitui a primeira tentativa para situar Macau, a Casablanca do Oriente, no tempo de guerra, no contexto da situação internacional ao tempo vivida e da sua importância no funcionamento dos eixos Tóquio/Berlim/Lisboa e Washington/Londres/Lisboa. Explica o editor que a obra pretende fazer luz sobre aspectos menos conhecidos e ao mesmo tempo abrir novos caminhos de investigação, os quais serão de certo modo tributários da sua experiência como conselheiro das Nações Unidas no apoio à Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação de Timor-Leste, em meados de 2003, onde foram obtidos dados, documentos e testemunhos sobre aspectos ignorados relacionados com o período de invasão e ocupação indonésia, mas que deixaram de fora o que se relacionava com a ocupação japonesa. 

Gunn escreveu os capítulos 1 (Wartime Macau in the Wider Diplomatic Sphere), 3 (Hunger amidst Plenty: Rice Supply and Livelihood in Wartime Macau), 6 (The British Army Aid Group (BAAG) and the Anti-Japanese Resistance Movement in Macau), bem como o epílogo e a conclusão. O capítulo 2 é da autoria de João Botas e tem por título Macau 1937-45: Living on the Edge: Economic Management over Military Defences, ficando os capítulos 4 (The Macanese at War: Survival and Identity among Portuguese Eurasians during World War II) e 5 (Nossa Gente (Our People): The Portuguese Refugge Community in Wartime Macau) para Xavier e Braga, respectivamente.

O tamanho escolhido para a letra podia ser maior, mas tal pecadilho, bem como as gralhas na ortografia de alguns termos portugueses, não retira nem o interesse à obra, nem o imenso prazer que da sua leitura se pode extrair. 

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