Voltar ao topo | Alojamento: Blogs do SAPO
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Linhas em jeito de diário. Inspiração. Homenagem a espíritos livres. Lugar de evocação. Registo do quotidiano, espaço de encontros. Refúgio de olhares. Espécie de tributo à escrita límpida, serena e franca de Marcello Duarte Mathias.
Pirómanos não foram os que atempadamente chamaram a atenção para as asneiras, os que alertaram para o fiasco certo, os que se chegaram à frente e pegaram os touros e cabrestos que iam aparecendo pelos cornos. Pirómanos foram os que se calaram porque ao tempo tal lhes era conveniente, porque dava dividendos, prestígio e poder.
Agora, com a casa ardendo lentamente, quando as traves e vigas começam a ceder calcinadas e a cair com estrondo, de nada vale vir nesta altura falar nos senhores juízes e atirar-lhes as culpas. O que ficou gatado estava a montante, quando com a tropa se encadernou a transição em papel couché, quando eles foram escolhidos, preparados e educados para a função, quando alegremente se enganou a população e se alinhou nas fantochadas do regime.
Neste momento, com as chamas em força e metade do batalhão sob suspeita, o melhor é reunir forças para se combater o incêndio. Em vez de se atirarem mais achas para a fogueira. Ter alguma contenção, algum recato e, se possível, um pouco de vergonha. E cuidar-se prontamente de quem precisa de auxílio para se evitarem maiores males.