Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



sortes

por Sérgio de Almeida Correia, em 22.04.16

original.jpeg

Dos melões costuma-se dizer que só se sabe se são bons depois de abertos. De um cidadão, de um funcionário, de um servidor do Estado conhecem-se as suas atitudes, os seus comportamentos públicos, o mérito ou demérito das suas acções. Da escrita de um poeta é, por vezes, possível conhecer a sua intimidade, o seu modo de pensar, nem sempre a sua circunstância. Mas de um ministro só será possível analisar a sua acção no fim, embora se possa sempre dizer que não raro na política há males que vêm por bem. Em todo o caso, não posso deixar de pensar que a chamada de Luís Filipe Castro Mendes ao Ministério da Cultura me parece uma decisão sensata e acertada. A entrevista que deu à RTP revela antes de mais a ponderação e a serenidade do escolhido, uma abertura de espírito e uma predisposição para o exercício do cargo pouco habituais na nossa vida pública. E ideias.

Um discurso directo, claro, frontal, eminentemente livre e bem articulado, revelador de uma capacidade de análise e de abertura para a aprendizagem indispensáveis a um bom exercício do cargo. Longe dos excessos verbais, do umbiguismo, da má educação e indisfarçável pesporrência de que padeciam alguns dos seus antecessores, capaz de olhar o seu interlocutor nos olhos sem fugir às questões, Castro Mendes apresenta-se à partida como o homem certo para o lugar no momento adequado.

Sem pressas, genuíno, consciente da sua missão, caloroso q.b., a sua primeira entrevista serviu, para já, para nos apresentar o homem. E elevar a fasquia. Muito. Oxalá tenha sorte, e que não nos desiluda, porque quanto ao resto não me parece que lhe falte alguma coisa para o exercício do cargo.

Ninguém lhe pede que transforme um país de versejadores natos e humoristas de vão de escada numa terra onde os Camões, os Pessoa, os Cardoso Pires ou os Lobo Antunes se reproduzam aos pontapés. Ou que dê novos fados ao nosso Fado. Nem mesmo que ensine regras básicas de civilidade e princípios de cidadania aos muitos que ainda os não têm. Mas apesar de tudo, e sem que eu saiba qual a atitude que adoptará em relação ao novo Acordo Ortográfico de 1990, é reconfortante pensar – e este é um bom princípio –, que na Cultura está um homem de cultura. Um homem civilizado. Um poeta com os pés na terra.

Autoria e outros dados (tags, etc)




Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

  Pesquisar no Blog



Calendário

Abril 2016

D S T Q Q S S
12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930



Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D



Posts mais comentados