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benfica

por Sérgio de Almeida Correia, em 26.04.16

"El Benfica personifica la nostalgia y el alma de un pueblo, incluso de aquellos que no son aficionados del club. Esto se siente especialmente cuando uno sale de Portugal. No hay en todo el mundo un club así. Además el Benfica tuvo y tiene a Eusébio. También el Real Madrid tuvo a Alfredo di Stéfano o Manchester United a Sir Bobby Charton. Pero Eusébio era otra cosa. Eusébio no era argentino ni inglés. Eusébio era africano, de Mozambique, lo que representaba la vocación universal del Benfica. Eusébio era un chico pobre y humilde con un talento incomparable. Eusébio cargó sobre sus hombros a todo un pueblo en el Mundial de 1966. Y lloró. Las lágrimas de Eusébio dieron la vuelta al mundo y lavaron el alma de todos los portugueses que sufrieron con él." - Revista Líbero, Marzo 2016

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sortes

por Sérgio de Almeida Correia, em 22.04.16

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Dos melões costuma-se dizer que só se sabe se são bons depois de abertos. De um cidadão, de um funcionário, de um servidor do Estado conhecem-se as suas atitudes, os seus comportamentos públicos, o mérito ou demérito das suas acções. Da escrita de um poeta é, por vezes, possível conhecer a sua intimidade, o seu modo de pensar, nem sempre a sua circunstância. Mas de um ministro só será possível analisar a sua acção no fim, embora se possa sempre dizer que não raro na política há males que vêm por bem. Em todo o caso, não posso deixar de pensar que a chamada de Luís Filipe Castro Mendes ao Ministério da Cultura me parece uma decisão sensata e acertada. A entrevista que deu à RTP revela antes de mais a ponderação e a serenidade do escolhido, uma abertura de espírito e uma predisposição para o exercício do cargo pouco habituais na nossa vida pública. E ideias.

Um discurso directo, claro, frontal, eminentemente livre e bem articulado, revelador de uma capacidade de análise e de abertura para a aprendizagem indispensáveis a um bom exercício do cargo. Longe dos excessos verbais, do umbiguismo, da má educação e indisfarçável pesporrência de que padeciam alguns dos seus antecessores, capaz de olhar o seu interlocutor nos olhos sem fugir às questões, Castro Mendes apresenta-se à partida como o homem certo para o lugar no momento adequado.

Sem pressas, genuíno, consciente da sua missão, caloroso q.b., a sua primeira entrevista serviu, para já, para nos apresentar o homem. E elevar a fasquia. Muito. Oxalá tenha sorte, e que não nos desiluda, porque quanto ao resto não me parece que lhe falte alguma coisa para o exercício do cargo.

Ninguém lhe pede que transforme um país de versejadores natos e humoristas de vão de escada numa terra onde os Camões, os Pessoa, os Cardoso Pires ou os Lobo Antunes se reproduzam aos pontapés. Ou que dê novos fados ao nosso Fado. Nem mesmo que ensine regras básicas de civilidade e princípios de cidadania aos muitos que ainda os não têm. Mas apesar de tudo, e sem que eu saiba qual a atitude que adoptará em relação ao novo Acordo Ortográfico de 1990, é reconfortante pensar – e este é um bom princípio –, que na Cultura está um homem de cultura. Um homem civilizado. Um poeta com os pés na terra.

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feitios

por Sérgio de Almeida Correia, em 21.04.16

Um nunca seria primeiro-ministro sem ganhar eleições. O outro nunca viveria faustosamente, sustentando-se a si e a terceiros, à custa de pedir dinheiro aos amigos. Feitios.

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entrevistas

por Sérgio de Almeida Correia, em 20.04.16

Algumas nunca deviam ser feitas. A gente fica sem perceber se o entrevistado não está preparado para dar entrevistas, se o entrevistador se preparou para fazer a entrevista ou se nenhum dos dois está preparado para o momento. Há perguntas óbvias que ficam por fazer, outras que não deviam ser feitas e respostas que são de tal forma polidas que seria uma mais-valia que não fossem dadas. No final, são mais as dúvidas do que os esclarecimentos e as conclusões. Para além da ocupação do tempo de antena, a TDM lá deverá ter os seus critérios. Eu é que não os conheço. 

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colaborações & cia.

por Sérgio de Almeida Correia, em 13.04.16

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"O aborrecimento é o sintoma da deterioração da nossa relação com o mundo e, também, connosco próprios. O aborrecimento apenas desaparece voltando ao mundo, ou seja, aceitando o desafio. Procurando, portanto, a nossa nova identidade" — Francesco Alberoni, A Amizade, 1984 

 

Não é a primeira vez que a nossa vida pública é confrontada com um caso em que alguém é chamado a colaborar com o Estado, neste caso através do gabinete do primeiro-ministro, sendo levantadas dúvidas sobre o tipo de colaboração, a forma de vinculação e a relação existente entre convidante e convidado.

Nos dias que correm, num país e num mundo assolado por sucessivos casos de corrupção, burlas, aproveitamento ilegítimo de cargos de poder em benefício próprio, do partido, de amigos, de confrarias e até de seitas que funcionam à margem de qualquer controlo político-democrático, longe de qualquer escrutínio, onde se movimentam múltiplos e milionários interesses, alguns de origem e objectivos obscuros, é natural que muita gente se questione sobre a colaboração que tem vindo a ser dada por Diogo Lacerda Machado ao primeiro-ministro António Costa.

É natural, mas também é desejável que numa democracia tudo o que interessa aos seus destinatários e possa bulir com o interesse público seja devida e rigorosamente escrutinado. O que, evidentemente, não dá qualquer autoridade moral a quem protegeu os amigalhaços e a camarilha para vir agora dizer que "se possa confundir uma relação pessoal com uma relação institucional e contratual”. 

Tal como aconteceu noutros casos, o problema que está em causa não é só de legalidade. Também é de ética, de transparência e de confiança nas instituições e nos seus agentes.

Que o primeiro-ministro, o actual ou qualquer outro, necessite de se rodear de pessoas da sua confiança para levar a cabo as tarefas que se propôs, as que são necessárias para salvaguarda dos interesses nacionais ou cumprir o programa de Governo que a Assembleia da República aprovou, não causa qualquer rebuço aceitá-lo. Como também é normal que numa democracia não baste à mulher de César ser séria e parecer séria. É também preciso que o que transpareça para a opinião pública, para além de uma mulher saudável e fisicamente atraente, seja uma relação sã, séria e salutar.

Não tenho dúvidas nenhumas, nunca as tive, quanto à honradez ou a seriedade do primeiro-ministro ou de Diogo Lacerda Machado. Conheço-os há anos suficientes para as poder atestar. Mas este facto, ou a amizade existente entre eles ou aquela que eu próprio lhes possa ter, não se confunde com a exigência de escrutínio e de transparência da nossa vida política.

Sabe-se que o Estado tem quadros cada vez menos qualificados em diversas áreas. Porque os seus técnicos são mal pagos, como o são os políticos. Só que não será por causa disso que as tarefas que se lhes impõem podem deixar de ser realizadas com seriedade e competência, sob pena de passarmos a vida, enquanto cidadãos e contribuintes, a sermos enganados por meia dúzia de burocratas ou de trapaceiros, consoante o pelouro, que vão aproveitando a sua incompetência e irresponsabilidade para se irem safando e criando as PPP’s que a todos nos enterram. As mesmas que hipotecaram o futuro de várias gerações de quadros qualificados, muitos obrigados a viverem e trabalharem no estrangeiro para poderem manter condições dignas de sobrevivência e valorização profissional e académica.

Mas é igualmente verdade que a democracia e a república não se esgotam nas leis. E é na forma como o poder é encarado, assumido e exercido, no modo como se faz a política, como as regras são ou não são cumpridas, que é possível julgar os actos de governo e as acções dos agentes políticos.

A transparência, tal como já antes o afirmei em relação a outros governos, não é uma palavra vã. E tão importante como ela é o que está acima dela e das leis: o compromisso ético. Numa democracia adulta o respeito por uma ética pessoal, política e de governo implica que seja esse o primeiro juízo a ser efectuado por quem escrutina. E é sobremaneira importante que o que tem de ser feito o seja em termos tais que seja tão transparente que até aos mais cépticos e aos mais mal intencionados não seja possível levantar-se a mais pequena dúvida sobre o que foi feito, como foi feito e com base em que pressupostos se fez. Foi isto que falhou no caso da contratação de Diogo Lacerda Machado.

Não vale a pena discutir se um tipo pode ou não trabalhar pro bono ou a receber uma quantia simbólica pelos valiosos e competentes — o Diogo merece que isto seja dito — que prestou ou pode vir a prestar. Todos sabemos que se pode trabalhar à borla, não só no voluntariado, e que nem todos são mercenários ou arrivistas ignorantes sedentos de poder e de dinheiro. A educação, o sentido de responsabilidade, a ética e a noção do dever não se compram, embora haja muitas “escolas” a vendê-las. Aquelas são coisas que se aprendem, que se cultivam e que se interiorizam porque nos são úteis ao longo de toda a vida.

Por isso mesmo, qualquer que seja a leitura que possa ser feita do passado próximo, mas também do mais distante, estiveram bem os que exigiram ver toda esta situação esclarecida. Espero que isso seja feito. Estou certo que o será rapidamente. E quero acreditar que situações de falta de transparência não se voltarão a verificar.

 

A amizade é um valor intemporal, uma projecção da alma de cada um, um pilar da vida e da confiança em nós próprios e nos que nos rodeiam. É também um valor que deve ser protegido e estimulado, mas que em matéria de assuntos de Estado deverá estar sempre abaixo deste e das sua leis e regulamentos. E todos estes devem subordinar-se a regras éticas e de transparência que são fundamentais para a confiança na democracia e nos homens que a fazem.

 

Em política há emoções, há sentimentos, há pessoas, há regras. Para alguns há, felizmente, ainda valores. Mas também deve haver inteligência e bom senso. A amizade, essa, coloca-se noutro patamar. Convém ter isso sempre presente porque qualquer amigo o compreende. Para que não se comprometa a amizade, para não nos comprometermos aos olhos dos que servimos comprometendo a imagem das instituições que servimos. Preservando, em especial, a confiança em quem em nós confiou. Tornando mais firme o compromisso ético a que estamos obrigados no serviço aos outros. Criando riqueza que não pode ser avaliada em acções, cotada em bolsa ou pendurada na lapela do casaco.

 

(Visto de Macau, em Cascais)

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óbvio

por Sérgio de Almeida Correia, em 09.04.16

Por declarações anteriores, pelo estilo fanfarrão, pela falta de contenção em muitas das suas afirmações, pelo perfil "amiguista" que lhe foi apontado por Augusto M. Seabra — com toda a razão, diga-se de passagem —, pela forma como geriu politicamente a saída de António Lamas do CCB e, ainda mais agora, depois das frequências "facebookianas" em que misturava as suas opiniões pessoais com as funções do cargo que ocupava, era mais do que óbvio que João Soares não tinha condições para continuar.

O que veio dizer, à laia de justificação mal amanhada para a sua demissão, só prova o quanto estava errado. O que estava em causa nas suas declarações não era um qualquer direito à liberdade de expressão. Oferecer um par de estalos a quem o critica, mesmo que na reinação, para além de tudo o mais que possa ser dito, revelou  falta de bom senso e de cultura democrática, o que para quem é filho de quem é deveria ter merecido outra atenção. 

O primeiro-ministro António Costa esteve bem na forma como se comportou, porque uma vez mais demonstrou que os bons exemplos têm de vir de cima. Aquilo que disse quanto à postura de um ministro na mesa de um café tem plena actualidade, aplica-se a qualquer titular de um cargo político e em todas as funções públicas sobre as quais deva ser exercido um escrutínio rigoroso, pelo que deverá ser tomado como um aviso a ser seguido à risca pelos destinatários. 

Em qualquer caso, terminado este triste episódio da nossa vida democrática, o que ficará sempre por explicar foi por que razão António Costa condescendeu quando convidou João Soares para fazer parte do seu governo. Que também a ele lhe sirva de exemplo na hora de escolher os seus colaboradores dentro do partido. Numa república, numa democracia, a linhagem não conta. O que vale é o conteúdo.

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